China acelera compras de soja nesta semana, precisando garantir cobertura para os próximos meses

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou a venda de 132 mil toneladas de soja para a China nesta sexta-feira (25). O volume é todo da safra 2021/22. Este é o terceiro anúncio de venda desta semana, sendo os dois primeiros para destinos não revelados, de acordo com os informes do USDA. 

Todas as vendas feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volume igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento americano. 

"Nessa semana, a China acelerou as comkpras. Os estoques internos de farelo e óleo estão em níveis muito baixos, puxando o farelo em Dalian para um novo recorde na manhã da quinta-feira (24)", informa a equipe da Agrinvest Commodities. "No Brasil, a China teria comprado 25 barcos para embarques mais curtos. As processadoras chinesas estão bem descobertas para maio e junho", completa. 

A demanda chinesa continua dando sinais importantes nesta temporada, principalmente ao passar por um dos piores momentos da pandemia desde o pico em 2020. 

"Há vários picos de Covid na China em cidades importabtes, paralisação de fábricas processadoras, falta de caminhões e demora nos portos", epxlica Eduarod Vanin, analista de mercado da consultoria. Por outro lado, o especialista explica também que os estoques na nação asiática de soja em grão, farelo e óleo estão bastante apertados e a indústrias estão bem descobertas para maio e junho. 

"O farelo de soja em Dalian bateu novo recorde histórico, mas acabou cedendo ainda ontem, acompanhando a queda da soja na CBOT", diz. 

Os compradores chineses tem pulverizado mais sua demanda e aproveitado as oportunidades que o mercado lhes oferece frente a tanta volatilidade. Afinal, eles precisam voltar mais ativamente ao mercado e garantir que os volumes adequados sejam adquiridos para sua cobertura nos próximos meses, isso considerando dificuldades logísticas que ainda se apresentam e fretes que estão em patamares bastante elevados. 

"Fretes no Brasil subindo forte, efeito do diesel. Quem pagará essa conta? Produtores ou importadores? No caso da soja, até agora tem sido o chinês. Em um ano, a soma do frete rodoviário e frete marítimo Brasil-China subiu mais de $50 por tonelada, precisamente a margem negativa das indústrias na China", reforça Vanin. E apesar das baixas pontuais entre os preços do petróleo, o mercado ainda carrega muita incerteza e reflexos nítidos da guerra entre Rússia e Ucrânia. 

Somente nos dois primeiros meses de 2022, as importações chinesas de soja brasileira foram de 3,51 milhões de toneladas, 241% mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas da China. E além das compras, a chegada de volumes brasileiros de soja ao país asiático também é maior em 2022 na comparação anual. 

Da mesma forma, é possível observar que as vendas de soja dos Estados Unidos para China e os chamados "destinos não revelados" superam os anos anteriores, como mostra o gráfico abaixo, da especialista em commodities Karen Braun. 

O movimento foi, inclusive, destaque na agência internacional de notícias Bloomberg nos últimos dias em uma reportagem sobre o aumento dos custos logísticos para os grãos. 

"A China e outros importadores têm comprado mais soja do que o normal nesta época do ano dos EUA depois da quebra na safra da América do Sul ocasionada pela seca, além da invasão russa à Ucrâniatendo danificou e fechado portos ao longo do Mar Negro, interrompendo os embarques de milho a partir do mês passado. As interrupções causaram efeitos em cascata no rio Mississippi, a principal rota de escoamento dos grãos em barcaças para os terminais de exportação ao longo dos EUA, em especial na Costa do Golfo. As tarifas para barcaças a granel no Mississippi em St. Louis saltaram para US$ 34,75 por tonelada curta, a maior desde 2014, segundo dados do USDA", informou a Bloomberg.