Cafeicultura sustentável: Boas práticas reduzem percentual de impacto em áreas de vegetação nativa no Cerrado Mineiro
Uma série de ações tomadas pelo produtor tem levantado resultados interessantes de uma cafeicultura sustentável praticada no Cerrado Mineiro. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (22) pelo Consórcio Cerrado das Águas, o relatório mostra que o impacto nas áreas de vegetação nativa diminuiu expressivamente no último ano.
Os números mostram que são 477 hectares de vegetação nativa e de água produtiva, lavoura/pecuária, que antes das estratégias, com foco em uma agricultura climaticamente inteligente, representavam 25,65% e após as novas práticas, está em 9,44%. Fabiane Sebaio, secretária executiva do Consórcio das Águas, explica que na prática isso significa que o produtor local tem aderido ao programa proposto que além de preservação ambiental tem como foco garantir um solo com capacidade hídrica que atenda às necessidades do produtor.
"Para que os produtores se tornem mais resilientes às mudanças climáticas, nós propomos estratégias baseadas em riscos. Então a equipe vai a campo e percebe, por exemplo, esse produtor está com solo muito compactado e nós temos algumas estratégias para melhorar e perguntamos se ele aceita essas estratégias e se sim, inicia acordo com o produtor", afirma Fabiane.
Segundo Fabiane, os resultados serão observados pelo produtor no longo prazo, com estimativa de pelo menos cinco anos. "Toda vez que a gente entra para trabalhar em uma bacia hidrográfica, nós fazemos um diagnóstico daquela bacia. Nós definimos qual a área prioritária, qual a vegetação nativa, qual a qualidade. E esses dados representam a qualidade. Só para ter uma ideia é uma bacia de 10 mil hectares e três mil hectares são de vegetação nativa, mas ela tem muitos problemas, então o que está acontecendo se uma grande parte está preservada, mais do que o código florestal pede, então nós avaliamos a qualidade desse bacia. Então nós sabemos que pelo menos 1/3 dessa bacia estava impactada seja pelo fogo, pela braquiária e que tinha impacto nessa vegetação nativa e esse dado representa essa melhoria", explica.
A participação do produtor de café foi determinante para que o projeto fosse bem executado. O Consórcio das Águas conta com aporte de recursos de empresas privadas, como por exemplo Lavazza, Nespresso, Nescafé, Cooxupe, Expocaccer, Volcafé, Cofco Internacional e NKG Stockler. "Por exemplo, na fazenda de um determinado produtor ele tinha algumas estratégias para serem implementadas e o custo era da ordem de R$ 10 mil reais. Nós investimentos uma parte e o produtor investe outra, nunca em recurso financeiro, sempre com o que ele tiver dentro da propriedade com insumos, máquinas, mão de obra", explica.
A área de vegetação nativa conservada pelas estratégias adotadas conta com 143 hectares, apresentando avanço frente aos 96 hectares em 2020. Outro número de impacto em 2021 foram as 48 mil mudas de espécies nativa e frutíferas e os 43 hectares de área de vegetação nativa plantada em APPs, Reserva Legal e outras áreas de vegetação nativa, e Compõem ainda esses números os 335 hectares de área de produção manejada com estratégias de agricultura climaticamente inteligente.
Os resultados só são possíveis devido ao esforço colaborativo realizado entre várias instituições e o trabalho próximo realizado com o produtor por meio do PIPC – Programa de Investimento no Produtor Consciente e na geração do PIP – Plano Individual de Propriedade, em que é feita uma análise da propriedade rural e traçadas estratégias exclusivas de acordo com a realidade e possibilidade de cada uma das áreas. Além disso, a participação do poder público tem sido fundamental. Em Serra do Salitre foram três meses de muito trabalho realizado pela equipe de campo disponbilizada pela prefeitura. Além disso, empresas como a Daterra Coffee que doou ao CCA 30mil mudas para plantio.
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