EUA proíbem importação de petróleo da Rússia por guerra com Ucrânia e mercado dispara
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou há pouco nesta tarde de terça-feira (08) a proibição de importação do petróleo russo e derivados, além do gás e carvão, como forma de sanção pela guerra com a Ucrânia.
"Isso significa que o petróleo russo não será mais aceitável nos portos dos EUA e o povo norte-americano dará outro golpe poderoso na máquina de guerra de Putin", disse o presidente norte-americano em coletiva.
A Rússia é o maior exportador de óleo e gás natural do mundo.
"O mundo está unido contra a guerra de Putin", complementou o presidente norte-americano. A Europa não deve aderir às sanções em um primeiro momento pela dependência do produto russo no bloco.
Às 13h35 (horário de Brasília), o petróleo WTI subia 7,66%, ou US$ 9,15 o barril, a US$ 128,55 o barril. Enquanto que o Brent era cotado a US$ 132,72 o barril com valorização de 7,72%.
"O petróleo já vinha se preparando para isso, pelo menos desde domingo a noite", disse ao Notícias Agrícolas Heitor Paiva, analista da hEDGEpoint Global Markets. Ele pontua, porém, que uma possível cessão da Ucrânia em adentrar à Otan minimizou o ímpeto de alta do petróleo.
"O posicionamento dos Estados Unidos incentiva outros países a fazerem o mesmo e esse é o problema em um momento em que o mundo já está com falta de petróleo. O cenário é bastante positivo e parece fato que o petróleo quer atingir os US$ 150 o barril", afirma o analista da hEDGEpoint.
Os EUA são o maior consumidor de petróleo do mundo. Biden disse ainda nesta tarde que a gasolina no país deve subir ainda mais com essa proibição ao produto russo e que liberaria reservas para conter a alta, mas pediu que as empresas segurassem os preços.
"Haverá custos aqui. Desde o início eu disse que defender a liberdade teria custos. Repulicanos e democratas entendem isso, entendem que está claro que devemos fazer isso", disse Biden.
"É mais importante olhar para o lado dos refinados, que correspondem a 20% de todos os refinados que os Estados Unidos importam. Isso é importante porque eles exportam muito diesel da Rússia e os estoques nos EUA já estavam muito baixos", complementa Paiva.
De acordo com analistas da consultoria Rystad Energy, para a agência Reuters, os preços do petróleo poderiam subir para US$ 200 o barril em caso de proibição dos EUA e da Europa ao petróleo russo.
O vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse que os preços poderiam subir para mais de US$ 300 o barril.
Os Estados Unidos importaram mais de 20,4 milhões de barris de produtos brutos e refinados de petróleo por mês, em média, da Rússia em 2021, cerca de 8% das importações de combustíveis líquidos dos EUA, de acordo com a Administração de Informação de Energia (AIE). Os EUA também importam carvão da Rússia.
A agência de notícias Reuters disse que o Reino Unido também proibirá as importações de petróleo russo, mas de forma gradual, até final de 2022.
Leia mais:
+ Reino Unido eliminará petróleo e derivados russos até final de 2022
+ Putin pode aumentar ataques apesar de dificuldades, diz chefe de espionagem dos EUA
REFLEXOS AOS COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
A disparada do petróleo com as tensões entre Rússia e Ucrânia deve refletir nos preços dos combustíveis também no Brasil, apesar de a Petrobras estar segurando os repasses desde o mês de janeiro em território nacional.
A previsão da hEDGEpoint, com um petróleo entre US$ 125 a US$ 130 o barril, é de valor médio da gasolina no Brasil de R$ 6,90 o litro e para o etanol de R$ 4,76/l.
"Se o petróleo for a US$ 140 o barril ou acima, a gente tá falando de gasolina em R$ 7,25/l e etanol em R$ 5/l", projeta Paiva.
O governo brasileiro pode, ainda hoje, anunciar uma alteração na política de preços da Petrobras, que segue a variação internacional.
0 comentário
Petróleo sobe 2% com avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia
Petrobras propõe investimentos de US$111 bi em plano 2025-29, com alta de 9%
Preços do petróleo sobem com paralisação do campo Sverdrup e escalada da guerra na Ucrânia
Etanol e gasolina sobem, enquanto diesel mostra queda, aponta levantamento Veloe
Opep corta novamente previsões de crescimento da demanda de petróleo para 2024 e 2025
Petróleo cai em meio à decepção com estímulo chinês