Pelo menos cinco navios cargueiros já foram bombardeados nas regiões do Mar Negro e de Azov
Embora estejam reunidas nesta segunda-feira (28), delegações da Rússia e da Ucrânia para negociações, o agravamento do conflito entre as duas nações no último final de semana agravou também as questões logísticas na região, que é determinante para o comércio global de uma série de cadeias de suprimentos.
O Mar de Azov está completamente parado, a região ficou travada por conta dos conflitos, e a região do Mar Negro - responsável por cerca de 30% do comércio de grãos de todo mundo - é considerada uma das áreas mais perigosas do conflito, segundo relatou ao Notícias Agrícolas Larry Carvalho, advogado com ênfase em transporte marítimo.
"Com toda certeza houve um agravamento nos últimos dias, a situação é muito séria, cinco navios já foram bombardeados, as empresas estão cancelando contratos com negócios para a região, os seguros subiram muito", detalha Carvalho. Dessa forma, uma importante e complicada escalada se deu para um problema que já vinha bastante sério.
Evitando as regiões de guerra - e com os 18 portos ucranianos fechados, além de armadores afirmando que não irão atracar em portos russos temendo os ataques - os compradores estão tendo de trazer produtos que importariam dessas regiões de locais mais distantes, o que torna as viagens mais caras e mais demoradas. "Um navio que fazia uma rota EUA-China fazia cerca de quatro vezes essa viagem por ano, hoje faz uma e meia, no máximo", diz.
São menos navios disponíveis, menos alternativas de rotas e fretes marítimos explodindo de preços diante do encarecimento do petróleo, também uma consequeência da guerra entre a Ucrânia e o maior produtor de petróleo do globo. Afinal, ainda como explica o especialista, o petróleo responde por algo entre 15% e 30% dos custos do transporte marítimo.
Tudo isso causa congestionamento nos portos e agrava ainda mais a crise de contêineres que vem sendo registrada desde meados de 2020. O porto de Odessa, que é o maior e mais importante no transporte de cargas conteinerizadas da Ucrânia foi bombardeado, o que compromete também a fluidez do comércio global, já que os contêineres vazios que lá estão não deixam o terminal para seguir permitindo o fluxo dos produtos, há um represemanto das cargas que lá estavam e tudo isso reduz significativamente a produtividade do transporte marítimo global.
"Muitos navios pararam de fornecer contêineres e receber reservas para portos russos devido à incerteza geopolítica. A MSC, líder no transporte global de contêineres dos portos do leste, também parou de reservar", disse o presidente da West Bengal Custom House Agents Society, Sujit Chakraborty, a um portal internacional.
Carvalho reforça ainda sua preocupação com o período que as sanções poderão durar diante da falta de entendimento entre as duas nações, mas também frente tendem a se estender por mais tempo do que o próprio conflito, e caso isso aconteça o fluxo do comércio global tende a diminuir". São menos alternativas de rotas, de portos, menos embarcações e contêineires, além das penalidades que limitam expressivamente as transações internacionais.
Embora muito se fale sobre todo a importação de fertilizantes que o Brasil faz da Rússia, Carvalho destaca ainda números importantes no mercado do trigo - embora o país não seja um grande importador direto do cereal do país, mas tem estado cada vez mais presente em seu mercado dado a competitividade enorme do país - e também do carvão.
Gigantes do agronegócio como a ADM, a Bunge e a Cargill fecharam seus escritórios na Rússia na semana passada, além de paralisarem plantas processadoras de oleaginosas e silos de grãos no país.
Na última quinta-feira, Larry Carvalho deu entrevista ao Noticias Agrícolas começando a analisar os impactos do conflito Rússia x Ucrânia para os mercados brasileiros. Reveja:
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