Soja: 90% dos embarques brasileiros de soja são de contratos firmados antecipadamente
Os dados reportados nesta segunda-feira (21) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério da Economia relataram as exportações brasileiras de soja em 3,39 milhões de toneladas nos 18 dias úteis do mês de fevereiro. O volume já é bem maior do que tudo o que o país exportou da oleaginosa no mesmo mês do ano passado, quando foram embarcadas 2,65 milhões de toneladas.
A média diária apresentou uma alta considerável, de pouco mais de 39%, uma vez que caiu, na comparação anual, de 147 mil para 242,1 mil toneladas embarcadas. O preço pela tonelada da soja brasileira também subiu e ficou, no período em questão, em US$ 494,60. Há um ano, esse valor era de US$ 391,60/t.
Em todo 2022, o Brasil já embarcou mais de 5,8 milhões de toneladas de soja, o que configura um recorde histórico e supera 2019, quando o volume era de pouco mais de 5,7 milhões, como explica Vlamir Brandalizze. Embora os números sejam bastante positivos, 90% deste volume é para atender a contratos já firmados anteriormente pelos produtores brasileiros.
Dessa forma, para o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, há a possibilidade de que os embarques brasileiros possam, aos poucos, ir perdendo ritmo, dado o baixo interesse dos sojicultores brasileiros em efetivar novos negócios. "O produtor está bem receoso em vender sem saber ao certo quanto vai colher, Chicago lá em cima, então o volume de novos negócios não tende a crescer muito tão cedo", explica.
O movimento ainda promoveu uma alta dos prêmios para a soja brasileira, os quais marcaram até 170 cents de dólar por bushel sobre os preços em Chicago, chegou a testar um recuo nos últimos dias, e pode ter testado suaas máximas, ainda segundo Brandalizze, acompanhando a dinâmica que tende a se desenhar entre compradores e vendedores.
Além do interesse de venda mais contido por parte do produtor, as dificuldades pelas quais ainda passa a safra brasileira de soja contribuem para este cenário, uma vez que mantêm a disponibilidade de produto ainda baixa e sendo disputada entre demanda interna e exportação.
Outro ponto de atenção para os vendedores também tem sido o dólar, que nesta segunda fechou com R$ 5,11, com baixa de 0,64%. A divisa dos EUA vem se desvalorizando frente ao real em um movimento expressivo e, segundo os especialistas, tem espaço para continuar, bem como ainda há também ambiente para muita volatilidade.
"Qualquer movimentação na moeda norte-americana afeta diretamente os preços da soja, não só porque afeta o preço em si para o produtor, mas porque o custo logístico também é muito afetado. Então, é muito preocupante", afirma o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
Ainda de acordo com o consultor, os meses de março e abril serão bastante tensos no mercado brasileiro de soja, uma vez que trata-se do período em que o maior volume da safra de soja estará no mercado, deverá ser um momento de bastante volatilidade, mas que também pode abrir janelas de oportunidade tanto para as origens, quanto para os demandadores.
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