Soja: China segue deslocando demanda para EUA diante dos altos preços no mercado brasileiro
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou mais uma venda de soja, dessa vez de 198 mil toneladas para destinos não revelados. O mercado continua especulando sobre a China ser a compradora. Do total, 66 mil toneladas são da safra 2021/22 e 132 mil da safra 2022/23.
Durante a semana, vários anúncios foram feitos de bons volumes de soja sendo vendidos pelos EUA para a China e destinos não revelados. Segundo especiaisltas, o mercado tem especulado bastante sobre como tem sido o comportamento da demanda diante dos altos prêmios e da quebra agressiva na América do Sul.
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"A China continua comprando soja nos EUA, porém, para a safra nova. Os EUA já venderam 4,5 milhões de toneladas de soja 2022/23, sendo que 60% é para a China. Nessa semana, a China comprou apenas cinco barcos de soja. Isso é muito pouco, normalmente compra entre 25 e 30 barcos", explica a Agrinvest Commodities.
Na mesma medida em que novas vendas vinham sendo informadas pelos Estados Unidos, os últimos no complexo soja também foram marcados por informações de revenda de soja brasileira pela China no destino, movimentos de washout, tudo frente às margens ruins de esmagamento na nação asiática neste momento.
Como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, afirma que em um momento como este, em que as baixas na América do Sul se deram de forma tão agressiva como a desta temporada, é 'normal' que ações como estas sejam feitas. Afinal, frente a uma redução como esta, a demanda também tende a ser "menor", se ajustando ao volume inferior de produto.
"Isso é normal, esperado e não muda a dinâmica dos preços. A quebra da oferta necessita de preços elevados e um racionamento da demanda", diz Pereira.
Em uma entrevista concedida ao Notícias Agrícolas nesta semana, o diretor da Pátria trouxe a nova estimativa da consultoria para a safra 2021/22 de soja do Brasil em 122 milhões de toneladas, além de revisar também para menos seus números para as colheitas argentina e paraguaia. A Pátria fala no maior corte produtivo da história da sojicultura mundial.
A agência internacional de notícias Bloomberg também destacou o tema nos últimos dias, afirmando que algumas processadoras chinesas estão buscando rever contratos de compra de soja do Brasil, informando inclusive que a China teria cancelado a compra de dez navios da oleaginosa brasileira desde a semana passada - os chamados movimentos de washout - tentando mitigar o atual momento de margens ruins.
Além das altas registradas pela commodity na Bolsa de Chicago - com os futuros, inclusive, testando os US$ 16,00 por bushel nesta sexta-feira (18) mais uma vez - os prêmios brasileiros também subiram forte nas últimas semanas, com o pouco produto disponível sendo disputado entre as indústrias locais e a exportação. Foram valores acima dos 130 centavos de dólar por bushel sobre os valores praticados na CBOT, levando o produto do Brasil a valer mais de US$ 17,00.
De acordo com um levantamento da Brandalizze Consulting, os portos brasileiros continuam dando chances de preços acima dos R$ 200,00 por saca nos vencimentos curtos, e chance de R$ 211,00 no spot no terminal de Rio Grande. Os compradores seguem bastante presentes no mercado, buscando originar a soja, mas ainda com bastante dificuldade, já que os vendedores permanecem bastante retraídos.
"Os compradores estavam em campo e alguns fechamentos foram comentados. Os produtores que tinham soja aproveitaram para negociar e fechar com alta e garantindo a margem positiva que estão dando as vendas neste momento. As negociações futuras seguem pontuais porque os produtores querem valores maiores", afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze.
Ainda nesta sexta-feira, a Agrinvest também alertou sobre a paralisação de algumas plantas processadoras de soja na China em função da matéria-prima muito cara e das margens ruins. "Falam sobre uma lista de processadoras que estariam se preparando para reduzir ou parar por, pelo menos, 30 dias", diz Eduardo Vanin, analista de mercado da consultoria.
Durante a semana, o executivo alertou o mercado também sobre a possibilidade de um leilão de soja na China de 1,5 milhão a 6 milhões de toneladas. "Se for 1,5 milhão de toneladas não dá nem mesmo para uma semana de esmagamento, mas 6 milhões poderia afastar as processadoras das compras de soja no Brasil por um mês. Seria um estrago", explica Vanin.
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