Dólar à vista fecha em queda de 0,64%, a R$5,2269

Publicado em 09/02/2022 17:19 e atualizado em 09/02/2022 18:31

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Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no menor patamar em quase cinco meses nesta quarta-feira, ameaçando perder um importante suporte técnico, com as vendas de moeda no Brasil ocorrendo em mais um dia de apetite por risco no exterior, que resultou em ganhos para a classe de ativos emergentes antes de aguardados dados de inflação nos EUA a serem divulgados na quinta-feira.

Como pano de fundo, o real teve suporte ainda de declarações do diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, que para o mercado endossou expectativas de mais altas de juros ao dizer que a batalha contra inflação está longe de ganha. Sem ser específico, o diretor afirmou que "por culpa nossa" a taxa de câmbio no Brasil depreciou mais do que outros países no ano passado.

O dólar à vista caiu 0,64%, a 5,2269 reais, menor valor para um encerramento de sessão desde 13 de setembro de 2021 (5,2236 reais).

A moeda operou em alta pela manhã, quando bateu a máxima do dia --de 5,2918 reais, valorização de 0,60%. Mas com a abertura dos mercados norte-americanos --que movimentam mais investidores estrangeiros--, a formação da Ptax no começo da tarde e, sobretudo, a divulgação de fortes números de fluxo cambial depois das 14h30 (de Brasília), a cotação voltou a perder força, até tocar uma mínima de 5,2134 reais, queda de 0,89%.

Números do Banco Central mostraram que o Brasil contabilizou em janeiro a maior entrada líquida de moeda estrangeira pelo câmbio contratado em cinco meses. E fevereiro já começou em ritmo forte, o que elevou os ingressos líquidos na virada do mês a 8,181 bilhões de dólares, com domínio da conta financeira --por onde passa o dinheiro que recentemente tem migrado para mercados emergentes no geral.

Essa dinâmica reflete em parte investidores deixando ativos de mercados desenvolvidos (sobretudo as ações dos EUA, avaliadas como caras por algumas métricas) em busca de rendimentos e oportunidades em praças consideradas descontadas --quesito em que o Brasil se destacou, dado o consenso de que o real operava muito desvalorizado ante os fundamentos e de que a bolsa brasileira estava barata.

O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, considera que o aumento maciço dos preços de commodities e dos termos de troca nunca foi precificado pelo real.

"O real se recuperou um pouco recentemente, mas a escala de desvalorização continua sendo a maior em todos os mercados emergentes. Nosso valor justo permanece em 4,50 reais por dólar", disse no Twitter.

No atual patamar de fechamento, o dólar está à beira de romper um importante suporte técnico um pouco acima de 5,22 reais, movimento que, se confirmado de forma vigorosa, pode levar a moeda a níveis ainda mais baixos.

A taxa perto de 5,22 reais corresponde a uma devolução de 61,8%, na chamada escala de Fibonacci (de análise técnica), da alta entre a mínima de junho e máxima de dezembro do ano passado, período em que a moeda teve sua última curva ascendente.

"Se a tendência persistir e levar o dólar abaixo de 5,22 reais, os próximos objetivos potenciais estariam em 5,11 reais, mínima de setembro passado, e a banda inferior do intervalo entre 4,95 reais e 4,89 reais", disseram em relatório Kenneth Broux e Tanmay G Purohit, da área de análise técnica do banco francês Société Générale.

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Fonte:
Reuters

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