Mercado de feijão precisa explorar benefícios para a saúde e produção de novas variedades

Publicado em 31/01/2022 18:44 e atualizado em 02/02/2022 11:44
Mercado de feijão precisa explorar benefícios para a saúde e produção de novas variedades
Consumo do grão vem registrando que nos últimos anos, contudo, Marcelo Lüders, presidente do Ibrafe, destacou diferentes potenciais do produto que não são aproveitados como deveriam

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O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

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Um dos produtos agrícolas que, tradicionalmente, sempre esteve à mesa do consumidor urbano é o feijão. Contudo, o consumo desse alimento tem reduzido nos últimos anos. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam uma queda de 72,8% para 60,0% no consumo diário, em um período de 10 anos. Para falar sobre esse tema, o Conexão Campo Cidade da segunda-feira, dia 31, recebeu o presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders.

O uso de grão em vez de semente dificulta o desenvolvimento de novas tecnologias

A primeira barreira existente no mercado de feijão, de acordo com o que apontou Marcelo Lüders, é o baixo uso de sementes para o plantio. O Brasil está muito lento no avanço de tecnologias nesse setor, o que, consequentemente, dificulta a produção de novas variedades para consumo interno e exportação.

Segundo o presidente do Ibrafe, o feijão é um dos itens que menos usa sementes na agricultura nacional, e isso impacta diretamente na pesquisa. Os grãos são muitas vezes usados de forma clandestina. Em Mato Grosso, como destacou Lüders, estão fiscalizando a produção de maneira mais rigorosa. Com isso, há um incremento no uso de sementes, o que leva a mais pesquisas e mais recursos para desenvolvimento de novas variedades.

Outro ponto que ele abordou a respeito das sementes foi a necessidade de dar valor às marcas. “É igual você for na concessionária comprar uma caminhonete e o nome do modelo for apenas ‘caminhonete’. Não, vai ter uma marca, modelo. É preciso ter marca e dar nome ao feijão, para dar crédito e royalties a quem é de direito e cobrar uma modernização”, declarou Lüders. Uma sugestão apresentada por ele é que a Conab, quando fazer compras de cestas básicas para distribuição, não adquira produtos que se origine do pirateamento de sementes.

O feijão e a importância de suas variedades

Mais um ponto destacado pelo presidente foi a necessidade de organizar a cadeia de produção para que haja um maior volume e mais diversidades de feijão. Ele frisou que é difícil esperar por medidas do poder público e a iniciativa privada “tem arregaçado as mangas”.

As diversidades são essenciais para expandir as exportações de feijão. Lüders destacou que o feijão carioca não tem mercado mundial. O consumo do grão de diferentes tipos é milenar em diversos países, por isso não é possível difundir o consumo do carioca nesses locais.

Ele ressalte que existe muito espaço para que se exporte as outras variedades, pois o consumo é muito grande. A Itália, por exemplo, é um país importador da variedade mungo, que é bastante consumida, atualmente, no mundio árabe, onde moem o feijão, também na China como sopa e em outros países asiáticos. “O negócio é atender a necessidade do cliente”, frisou.

Entretanto, no Brasil pouco se conhece sobre as diferentes variedades. O mungo hoje já possui semente no Brasil, mas os produtores pouco sabem do mercado de produção de diferentes tipos, da mesma forma que os consumidores não têm conhecimento das variedades e chegam para eles ainda com um preço alto. Assim, entra outra questão destacada pelo presidente: “as variedades vendem pouco porque são caras ou são caras porque vende pouco?”.

Ainda em relação às exportações, Lüders destacou que o hemisfério norte só consegue produzir uma safra, enquanto que no Brasil são até três. “O produtor consegue plantar no contrapé do hemisfério norte, sabemos desde outubro, setembro qual será a melhor variedade para exportar e poderia derrubar o preço da semente para o produtor”, declarou. Segundo ele, essas são medidas que deveriam ser aplicadas.

A exploração dos benefícios de feijão para a saúde como estratégia de marketing

Marcelo Prado afirmou que para expandir a base de consumo do feijão é necessário não tratar mais o grão apenas como uma commoditie. Pesquisas mostram o alimento como uma fonte de nutrição completa. “Será que não está faltando um pouco de marketing para levar essa consciência para a população, com questões de saúde?”, questionou. Ele ressaltou que o feijão é um alimento espetacular, e que consegue atingir diferentes classes sociais.

Para Prado, o alimento deveria estar em lojas de produtos naturais, vendido por seus benefícios para a saúde redução de colesterol, combate à diabetes, melhora intestinal, etc. Lüders ressaltou ainda que alguns tipos de feijão têm mais cálcio, outros têm mais zinco. Para parte da população, esses são argumentos que poderiam ser usados. “E esse argumento é forte”, frisou. Segundo ele, existe um horizonte para expansão do mercado de feijão, mas falta comunicação. Comunicar qual a melhor variedade para plantar, comunicar o Governo quais as melhores medidas a serem tomadas e comunicar a população os benefícios para a saúde.

José Luiz Tejon, por sua vez, afirmou que o feijão, assim como o bife, precisa voltar a estar no prato do consumidor diariamente. Para ele, era necessários que fizessem propagandas com personalidades do mundo pop, artistas, celebridades com propagandas dessas pessoas comendo feijão. “Falta propaganda. É a alma do negócio. A Coca-Cola vende um bilhão por dia. Tem que vir uma indústria líder do mercado e promover o consumo cotidiano, diário”, declarou.

Além disso tudo, o feijão é um alimento que pode até mesmo ajudar ao combate com a fome. São pontos que precisam ser explorados, como destacaram os especialistas. Lüders comentou que o grão possui uma quantidade grande de proteína e, transformado em pó, a concentração ainda mais pensando no transporte por contêiner. “Feijão é paz. É uma causa social, produtor de todos os tamanhos, consumidores de todos os tamanhos e níveis. Tem a ver com a paz, é uma causa social”, concluiu.

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Tags:
Por:
Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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