Gavilon pode tornar Glencore maior exportadora de soja do Brasil, com mais presença nos EUA

Publicado em 28/01/2022 17:38

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Por Karl Plume

(Reuters) - A comerciante global de commodities Glencore (LON:GLEN) deu um grande passo nesta semana para se tornar uma força maior na cadeia internacional de alimentos com um acordo para comprar os negócios de grãos da norte-americana Gavilon.

A aquisição, com fechamento previsto para o segundo semestre deste ano e sujeita a revisão regulatória, dá para a Viterra, unidade da Glencore, significativamente mais ativos físicos de manuseio de grãos nos Estados Unidos.

Também eleva a Viterra à posição de terceiro maior exportador de soja brasileira, à frente da Archer-Daniels-Midland, segundo dados da agência marítima Cargonave.

A crescente demanda por alimentos e biocombustíveis produzidos a partir de colheitas gerou lucros recordes para grandes empresas de grãos, incluindo ADM e Cargill.

O acordo, no entanto, fica aquém de elevar a Glencore, entre os maiores comerciantes globais de metais e energia, para o nível superior de comerciantes globais de grãos por causa de sua presença limitada nos Estados Unidos, disseram traders de exportação dos EUA.

O clube inclui ADM, Bunge (NYSE:BG), Cargill e Louis Dreyfus. As tentativas anteriores da Glencore de se juntar a esse grupo de elite de comerciantes conhecido como ABCDs de grãos incluíram abordagens de aquisição fracassadas da Bunge e Dreyfus nos últimos anos.

"Isso os coloca entre os players que podem originar fisicamente grãos (nos Estados Unidos), em vez de apenas um comerciante de papel. Isso eleva seu status, mas eles teriam que gastar muito mais dinheiro para estar no nível de ADM ou Cargill ou Bunge", disse um exportador americano que pediu para não ser identificado.

A Viterra possui ativos de movimentação de grãos, como elevadores e portos no Canadá, Europa e América do Sul, mas a empresa possui apenas escritórios comerciais e armazenamento e transporte de grãos muito limitados nos Estados Unidos. A empresa disse que a aquisição da Gavilon "proporcionará mais valor e flexibilidade" aos seus clientes.

Mas a empresa-mãe da Gavilon, Marubeni, disse que manterá oito elevadores de grãos Gavilon no norte dos Estados Unidos, bem como "parte da participação acionária" em um terminal de exportação de grãos no noroeste do Pacífico dos EUA, um ponto crucial para embarques dos EUA para Ásia.

O acordo pode beneficiar os agricultores dos EUA, pois as redes globais de comércio e transporte da Glencore permitem que a Viterra seja mais competitiva ao comprar grãos deles.

"Isso para eles é uma entrada muito boa no mercado dos EUA e aumentará a concorrência por 'bushels'", disse Sterling Smith, diretor de pesquisa agrícola da AgriSompo.

"Isso poderia potencialmente abrir mais atividades multinacionais e eu poderia ver isso sendo positivo para as exportações ao longo do tempo, abrindo novos mercados, particularmente mercados como a Europa, onde a Glencore é bastante forte."

(Por Karl Plume em Chicago; reportagem adicional de Marcelo Teixeira em Nova York)

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    No Brasil temos uma dezena das maiores cooperativas de produtores de grãos do mundo: COAMO, C-Vale, Coopavel, Coopagro, CooAgraria, Coopagril e ai vai (essas citadas são só do Paraná). Aí me pergunto: essas cooperativas exportam grãos diretamente? Ou revendem para as multinacionais e essa exportam?

    Parece que a resposta é não exportam diretamente e revende soja e milho para as multinacionais.

    Será que é tão difícil fazer exportação de grãos? Ou são acomodadas?

    Talvez por isso é que o preço das cooperativas sempre é menor que a venda direta para as multinacionais.

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Não sei as outras, mas a Coamo exporta direto muita soja e farelo. Os maiores compradores dela são Europa e Japão. Coamo tem um farelo diferenciado, com um maior teor de proteína. Deve vender soja no atacado também.

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    • Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR

      Mesmo assim os preços da Coamo fica entre 10 a 15 reais menos que os praticados no Porto ou mesmo da média Cepea.

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