Fed endurece tom e sinaliza risco de alta antecipada de juros para conter inflação

Publicado em 05/01/2022 17:56

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Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) disseram no mês passado que o mercado de trabalho estava "muito apertado" e que poderia ser preciso que o banco central dos EUA não apenas aumentasse as taxas de juros antes do esperado, mas também reduzisse sua carteira geral de ativos para conter a alta inflação, mostrou a ata da reunião de política monetária de 14 a 15 dezembro, divulgada nesta quarta-feira.

"Os participantes em geral observaram... que pode ser necessário aumentar a taxa 'federal funds' mais cedo ou em um ritmo mais rápido do que os participantes haviam previsto anteriormente. Alguns participantes também notaram que poderia ser apropriado começar a reduzir o tamanho do balanço do Federal Reserve relativamente logo depois do começo do aumento da taxa" de juros, afirmou a ata.

A linguagem mostrou a profundidade do consenso que emergiu no Fed nas últimas semanas sobre a necessidade de agir contra a alta inflação --não apenas aumentando os custos dos empréstimos, mas recorrendo a uma segunda alavanca e diminuindo a carteira de ativos do banco central em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas acumulados durante a pandemia do coronavírus para manter baixas as taxas de juros de longo prazo.

O Fed tem cerca de 8,8 trilhões de dólares em seu balanço.

A ata ofereceu mais detalhes sobre a mudança do Fed no mês passado em direção a uma política monetária mais agressiva contra a inflação, que está rodando a mais do que o dobro da meta do Fed, de 2%.

"Os participantes apontaram uma série de sinais de que o mercado de trabalho dos EUA estava muito apertado, incluindo taxas quase recordes de demissões voluntárias e vagas em aberto, assim como uma notável aceleração no crescimento dos salários", disse a ata. "Muitos participantes julgaram que, se o ritmo atual de melhoria continuasse, os mercados de trabalho se aproximariam rapidamente do pleno emprego."

Embora as opiniões sejam de meados de dezembro, antes que o atual surto de infecções por Covid-19 se consolidasse, as autoridades também deixaram claro que a disseminação da variante Ômicron não estava, pelo menos naquele ponto, "alterando fundamentalmente o caminho da recuperação econômica nos Estados Unidos."

Os formuladores de política monetária concordaram em acelerar o fim do programa de compras de títulos --implementado no início da pandemia-- e emitiram previsões que anteciparam aumentos somados de 0,75 ponto percentual nos juros durante o ano de 2022. A taxa de juros de um dia tida como referência para o Fed está atualmente próxima de zero.

As infecções por Covid-19 explodiram desde então, e ainda não houve comentários de autoridades do alto escalão do Fed que indicassem se a mudança na situação de saúde alterou seus pontos de vista sobre a política monetária apropriada.

O chair do Fed, Jerome Powell, comparecerá ao Comitê Bancário do Senado na próxima semana para uma audiência sobre sua nomeação para um segundo mandato de quatro anos como chefe do banco central, e é provável que atualize suas opiniões sobre a economia na ocasião.

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Fonte:
Reuters

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