Zoneamento Agrícola de Risco Climático define novas regiões para cultivo de canola no Brasil
O novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da canola ampliou a indicação do cultivo para além do sul do Brasil. As portarias foram publicadas no Diário Oficial da União desta quinta-feira (11), indicando os períodos de semeadura e os municípios aptos para o cultivo de canola, no sistema sequeiro para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, são Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Bahia, além do sistema irrigado para São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso.
Os híbridos de canola começaram a ser introduzidos no Brasil em 2004, dando início à coleta de informações pela Embrapa visando aos ajustes necessários para o desenvolvimento de sistemas de produção para essa oleaginosa no país. O primeiro Zarc para a canola foi publicado em 2008, com indicação para cultivo no Rio Grande do Sul, depois, exclusivamente para sequeiro, foi estendido para Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O Zarc atual inova pela ampliação das unidades da federação contempladas, reanálise do zoneamento antigo e inclusão dos sistema irrigado que pode ser um alternativa para os estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, caso do Oeste da Bahia.
Após 16 anos trabalhando com dados de fenologia da canola em 22 locais e 158 diferentes datas de semeadura, cruzados com a rede de 3.500 estações meteorológicas da base Zarc da Embrapa, o novo Zarc canola permitiu uma orientação mais precisa sobre gestão de riscos no cultivo dessa oleaginosa na safra 2021/2022. “Atualmente, a produção de canola ainda está concentrada no Sul do Brasil, mas cabe à pesquisa explorar o potencial de crescimento da cultura mostrando onde é possível produzir essa oleaginosa sob de riscos mensurados. E é isso que o novo Zarc traz”, avalia o pesquisador da Embrapa Trigo Gilberto Cunha.
Riscos à canola
A incidência de geada e o déficit hídrico são os principais riscos associados ao cultivo da canola no Brasil. Embora a canola seja uma espécie de clima frio, as plantas são sensíveis a geadas intensas, principalmente durante o estabelecimento das lavouras (primeiros 30 dias) e durante a floração. “Apesar da canola possuir grande capacidade de aclimatação, adaptando-se bem a temperaturas baixas, as quedas bruscas de temperatura podem matar as plantas”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Genei Dalmago.
No Zarc da canola de sequeiro, usou-se como primeiro fator de risco, o diagnóstico de risco de geada nos 30 dias após a semeadura da cultura e nos 20 dias após o início da floração, abarcando os três níveis de risco (20%, 30% e 40%) de ocorrência do evento, em função do período de semeadura e do grupo da cultivar utilizada.
“Apesar do risco de geada existir também nas outras regiões de cultivo, é na Região Sul que as perdas são mais frequentes. Isso porque são comuns variações de temperaturas desde o outono até a primavera, quando dias consecutivos de altas temperaturas são bruscamente interrompidos por ondas de frio intenso e formação de geadas. O regime de chuvas também intercala vários dias com precipitações e déficit hídrico, além da ocorrência de ventos fortes em momento críticos da cultura”, avalia Dalmago, destacando que, apesar dessas adversidades, a canola tem origem em ambiente de clima temperado e encontra na Região Sul a melhor adaptação no Brasil.
A deficiência hídrica pode prejudicar a canola. O risco para perdas é maior em dois momentos: no estabelecimento da cultura e na floração/enchimento de grãos. Os problemas afetam diretamente o rendimento final da lavoura. Na análise hídrica o Zarc levou em consideração a variabilidade das chuvas, a evapotranspiração potencial, o ciclo da cultura e as fases fenológicas críticas, coeficientes de cultura e capacidade de armazenamento de água disponível conforme o tipo de solo.
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