Rally da Pecuária volta a campo em cenário de queda acumulada de 7,2% na produção
Diante do cenário que acumula queda de 7,2% na produção brasileira de carne bovina, entre 2018 e 2021, comprometendo oportunidades para que o país acelere a consolidação em um mercado que demanda proteína, o Rally da Pecuária 2021 inicia suas atividades.
O momento soma ainda um desgaste pontual com a China que, até setembro, respondeu por 52% do faturamento com as exportações brasileiras de carne bovina. Esse desgaste é apontado como a principal causa da queda de quase 15% nas cotações médias atuais do boi gordo, quando comparado ao pico registrado nos últimos três meses.
O Rally da Pecuária vai a campo com objetivo de analisar as respostas do setor diante desse cenário. “O desafio de cumprir os objetivos do Rally da Pecuária é grande, visto que nas nove edições anteriores, a troca de informações com o campo foi presencial. Não podíamos adiar mais um ano. Acreditamos que o Rally da Pecuária possa contribuir com informações importantes sobre a produção no Brasil, a demanda total de carne e as questões ambientais”, diz Maurício Palma Nogueira, CEO da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária.
Informações equivocadas tem sido divulgadas com o objetivo de pressionar a produção no campo, provocando o aumento dos custos de produção ao longo da cadeia produtiva e dificultando a competitividade da produção formal.
“Muitos ainda não compreenderam a realidade entre sustentabilidade e consumo de carne. A humanidade está de joelhos depois de entrar em contato com um vírus exótico justamente pela incapacidade de atender a demanda por proteínas”, reforça Nogueira.
Segundo estimativas divulgadas por especialistas, mais de 10% da população mundial vai buscar na fauna a sua fonte de proteínas. “O problema do mundo não é a produção de carne; mas sim a dificuldade em produzir tudo que precisa”.
Em edições anteriores, o Rally da Pecuária identificou e divulgou o potencial técnico de garantir que toda a população do mundo tenha condições de consumir carne bovina na proporção do que se consome em países como Brasil, Argentina e Uruguai. Isso tudo é possível sem aumentar as áreas de produção.
Para essa edição, a intenção é ousar ainda mais. Pela primeira vez em 10 anos de realização, o Rally da Pecuária irá propor uma metodologia para diagnosticar as remoções de carbono pela pecuária. O objetivo é comparar as informações coletadas a campo, usando conhecimento acadêmico para qualificar o desempenho de cada nível tecnológico com a remoção de carbono. A iniciativa é inovadora e poderá ser implementada em escala, com possibilidade de auditoria e ajustes na metodologia.
“Temos uma série histórica da qualidade das pastagens amostradas a campo. Temos uma série histórica do manejo e da qualidade dos pastos nas fazendas visitas e/ou entrevistadas. Por que não comparar as situações e calcular o potencial de remoção de carbono das propriedades por nível de tecnologia?”, complementa André Debastiani, sócio da Agroconsult, que é correalizadora do Rally da Pecuária.
Os coordenadores reconhecem a dificuldade e as limitações do que estão propondo, mas sabem que algo precisa ser iniciado. Para André Pessôa, CEO da Agroconsult, “não se trata de chegar a conclusões heroicas, mas sim de estabelecer uma sugestão inicial de metodologias que poderão ser adotadas no futuro próximo.”
Maurício Nogueira lembra que os critérios de avaliação de pastagens e a comparação entre vistoria a campo e imagens de satélite foram muito criticadas no início da metodologia, dez anos atrás. Hoje é referência e muitas organizações e instituições apresentam metodologias mais complexas que foram inspiradas pela expedição. “Essa é uma das grandes contribuições do Rally da Pecuária”, comemora.
Embora mereça o destaque pelo momento atual, o conteúdo não está focado apenas na questão do carbono. Outra novidade proposta para esta edição é a continuidade dos assuntos que será discutido nos eventos. Ainda que cada um dos cinco eventos reserve o detalhamento para a respectiva região, o conteúdo completo será discorrido ao longo de todos os eventos, aumentando a atratividade para que o público assista todas as reuniões.
Os temas em destaques são “O sucesso da pecuária brasileira”, “Dificuldades e conquistas na trajetória da pecuária brasileira”, “Por que apostar na carne bovina brasileira?”, “Pecuária brasileira, vilã ou aliada da proteção ambiental? e, finalmente, “Futuro e conquistas que serão somadas pela pecuária brasileira”.
Eventos para produtores
A 10ª edição do Rally da Pecuária teve seu formato renovado para colaborar com as medidas de distanciamento social diante da Covid-19 e será digital neste ano. As pastagens serão analisadas com base em imagens de satélite, informações de centros de pesquisa e institutos de estatísticas, vistorias e dados históricos do Rally. A organização da expedição manterá as visitas aos pecuaristas, desta vez por meio de plataformas de videoconferência, e fará eventos pela internet.
Serão cinco eventos regionais on-line ao longo da expedição, entre 27 de outubro e 01 de dezembro. O primeiro evento acontecerá no próximo dia 27 com produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Como tema central do evento, o coordenador da expedição, Maurício Palma Nogueira, apresentará o posicionamento da pecuária brasileira no mercado internacional e os riscos de curto, médio e longo prazo. Nogueira também apresentará dados sobre a evolução da produção, rebanho e exportações nos estados do Sul, os resultados por nível de tecnologia e preços de mercado.
Os próximos eventos serão voltados aos pecuaristas de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, no dia 10 de novembro; Goiás e Tocantins, em 17 de novembro; Mato Grosso e Pará, no dia 24 de novembro; e produtores de Roraima e Acre em 01 de dezembro.
O evento final para apresentação de dados, com base nas análises de campo, será em 15 de dezembro, quando o Rally irá propor uma metodologia para análise da pegada de carbono na pecuária.
0 comentário
Scot Consultoria: Alta na categoria de fêmeas em SP
Brangus repudia veto do Carrefour à carne do Mercosul
Boi tem fôlego para novas altas até o final do ano com arroba testando os R$400, alerta pecuarista
Radar Investimentos: Margens das industriais frigoríficas permanecem razoáveis
Goiás busca reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação
Scot Consultoria: Alta no mercado do boi gordo nas praças paulistas