Sustentabilidade ambiental na agropecuária diante do enfrentamento das mudanças climáticas
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Na última segunda-feira (04) o Conexão Campo Cidade recebeu Mariane Crespolini, diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação na Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação (SDI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Crespolini tem participação em três importantes programas de desenvolvimento sustentável do agronegócio: o Plano ABC+, o PronaSolos e o Águas do Agro. Confira a seguir os principais assuntos que estiveram em discussão no programa.
Trabalhos de pesquisa com o Plano ABC+
O agronegócio tem ficado no centro das discussões relacionados às mudanças climáticas, porém pouco se sabe das iniciativas que tem sido praticadas pelos produtores brasileiros para o desenvolvimento sustentável. E essas práticas têm como pano de fundo uma série de pesquisas e estudos, o que é justamente o papel desempenhado por Mariene Crespoline.
É exatamente esse o propósito do Plano ABC+, cujo conteúdo reúne informações sobre produtores rurais de todo o Brasil. No estudo, é detalhada, por exemplo, qual a real quantidade de gases de efeito estufa resgatada pelas lavouras analisadas e quanto a atividade pecuária emite e resgata esses gases. Assim, é possível desenvolver práticas que alcancem resultados positivos e seja desfeita a imagem negativa do agronegócio em relação às mudanças climáticas.
“A gente conseguiu reunir o trabalho científico de quase 400 pesquisadores. Da Embrapa, pesquisadores internacionais, da Esalq. Considerando as duas coletâneas [pecuária e agricultura], tem 10 mil páginas de artigos científicos”, afirmou Mariana sobre dois trabalhos de coletânea entregues ao Mapa no último mês de abril.
Mesmo assim, como reforçou Roberto Rodrigues, por mais que seja possível com números factíveis, contabilizar a emissão de gases de efeito estufa é um trabalho muito demorado. Além disso, as métricas variam em cada região brasileira, devido às diferenças de clima. Por isso, Mariane Crespolini frisou que toda a pesquisa está sendo traduzida para aproveitamento de outros países com clima semelhante ao Brasil, para que sirva de referência.
Consciência de conservação do solo
O PronaSolos é outro programa que conta com a participação de Mariane, detalhando informações sobre o solo. “O Brasil não conhece seu solo como deveria, no nível de detalhamento que precisaria. Temos informações agora que os Estados Unidos já tinham na década de 80”, revelou Mariane. “A gente conseguiu entregar no final do ano a plataforma PronaSolos, é a primeira vez que o Brasil tem um sistema único de informações”. O objetivo é mapear os solos de 1,3 milhão de km² do País nos primeiros dez anos, e mais 6,9 milhões de km² até 2048, em escalas que vão de 1:25.000 a 1:100.000.
Dessa maneira, os produtores têm um detalhamento da região onde está. Porém, o objetivo é ir ainda mais além e ter esses detalhes a nível de cada propriedade rural. “Eu acredito que tem um componente interessante, como você reforçou que solo é a base de tudo, a mãe de onde tudo começa, e a gente percebe que aparte dos produtores não têm consciência de conservação para manter a qualidade plena do solo”, reforçou Marcelo Prado. “Cuidar do solo com carinho é cuidar da vida”, completou.
Indissociação entre solo e água
O solo faz parte do ciclo hidrológico da água, por isso cuidar do solo é essencial para a preservação da água. Nesse sentido foi criado o programa Água do Agro, cujo objetivo é ajudar o produtor a cuidar do solo de uma maneira que ele consiga preservar os recursos hídricos.
“Quando o solo não é manejado direito, você tem processos como erosão, compactação, perda e declínio de fertilidade, quando isso acontece é batata: você vai ter problemas com recursos hídricos”, explicou Mariane. O Águas do Agro vem justamente para solucionar esse problema, ajudando o produtor a adequar seu manejo do solo. “Muito produtores não sabem fazer curva de nível e muitos técnicos do não fazem adequadamente. Então o coração do Águas do Agro é fazer essa capacitação”.
José Luiz Tejon destacou que, mesmo com um trabalho tão grande efetuado no Brasil para adequação sustentável da agropecuária, o público urbano desconhece tais procedimentos. “Alunos quando veem a apresentação da Mariane mandam um feedback assim: ‘Meu Deus, o Brasil não merece a imagem que ele tem”. Estudantes de outros países, segundo Tejon, se impressionam com as ações desempenhadas no Brasil.
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