Impactos da alta do petróleo e produção energética para a economia
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Conexão Campo Cidade (27-09)
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Na última segunda-feira (27) esteve em pauta a interferência do preço do petróleo, em alta no mercado internacional, para a economia mundial. Sendo essencial para toda a cadeia produtiva, o combustível fóssil causa aumento de preços em quase todos os produtos que chegam ao consumidor final. Esses impactos foram discutidos pelos especialistas do Conexão Campo Cidade.
Interferência na produção agropecuária
Ao início do programa, Marcelo Prado chamou a atenção para o preço do petróleo, atualmente se aproximando de US$ 80,00 o Petróleo Brent na Bolsa de Nova York, podendo chegar a US$ 90,00, como esperado por analistas, no final do ano.
Alexandre de Barros reforçou que o petróleo afeta a precificação de todos os setores que envolvem o agronegócio. Na China, por exemplo, está ocorrendo uma paralisação de indústria que fazem o esmagamento de soja, devido à falta de energia no país, onde a principal fonte é o carvão.
Com isso, há um aumento no preço do farelo de soja, que por sua vez torna a ração mais cara para a criação de animais. Dessa forma, os suinocultores, que já vinham com prejuízos pelo baixo valor da carne e alto custo da ração, podem ter ainda mais problemas pela frente.
Além disso, enfrentando problemas na produção de energia, a China pode recorrer ao petróleo, o que irá elevar ainda mais os preços, conforme destacou Alexandre. Isso, no Brasil, influencia em cadeia o aumento da gasolina, do álcool e do açúcar, de forma mais imediata. “Estamos diante de um fato novo e muito importante. Petróleo afeta a precificação de todos os setores que estamos envolvidos. Há uma transição que a gente ainda não sabe o que vai acontecer, eu só sei que acho que a energia vai ter alto valor nos próximos anos”, disse.
Busca por outras alternativas de produção energética
José Luiz Tejon citou ter visto recentemente um movimento pelo desenvolvimento e aumento da utilização do biometano. Cada vez mais tem sido exploradas novas alternativas de produção energética. Empresas, como é o caso Nestlé, é obrigado reduzir a emissão de carno, por isso não pode abastecer os caminhões com combustível fóssil. “Acho que o biometano vai ser uma revolução muito grande nesse campo”.
Alexandre de Barros falou sobre os gases de efeito estufa na produção pecuária, que tem sido um debate, pois existe emissão de metano no arroto do gado bovino, com 28 vezes mais poder de aquecer que o carbono, e de óxido nitroso mas fezes, que aquece 310 vezes mais que o carbono.
“Se eu conseguir dar algum tipo de dieta que mude a produção de metano, tenho ganho ambiental muito grande. Hoje nas pastagens brasileiras que passam por reforma, é capturado o carbono e neutralizada a emissão. Se não deixar as fezes decomporem e usar no biodigestor, o gás não vai para atmosfera. Isso geraria um ganho ambiental muito grande. Vai ser um desenho que nós vamos assistir”, afirmou Barros.
Por sua vez, Roberto Rodrigues comentou que a palavra que merece destaque nessa discussão é “transição”. A questão da descarbonização leva a mudanças muito grande. Ele citou que na matriz energética brasileira há 48 opções renováveis diferentes, enquanto que no mundo todo há em média 14. Mas mesmo assim, a transição é muito ampla e abrangente. Há uma mudança em andamento que não tem apenas um capítulo, que causa pressão no futuro de curto prazo. Para ele, o agronegócio será diretamente afetado e precisa estar muito atento, porque vai sofrer pelo bem ou pelo mal.
Agregação de valor aos produtos agrícolas brasileiros
Outro tema em destaque foi a ausência de agregação de valor aos produtos brasileiros. Josè Luiz Tejon afirmou que no Brasil se fala bastante de agronegócio e se esquece da agroindústria, que é o principal cliente brasileiro no exterior. “Agroindústria merecia um olha estratégico muito importante e geraria mais empregos”.
Alexandre de Barros reforçou que diversos países estão carecendo de ativos para processamento. No caso da China, que está passando dificuldade para fazer o esgamento, seria uma grande oportunidade para o Brasil realizar esse procedimento e exportar o processo já terminado. “Pergunto, não era hoje de pular para cima e falar, bom, te dou o farelo e o óleo pronto?”. Para ele, a oportunidade está aberta.
Hoje o Brasil ganha até mesmo prêmios em níveis mundiais com a produção de queijo, deixando para trás países de tradição enorme. Essa é outra oportunidade para o agronegócio brasileiro, gerando produtos que superam a qualidade de outros lugares.
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