Tendência de alta forte nos fertilizantes deve continuar até o final do ano. Restrição de oferta preocupa, explica analista da Agrinvest Commodities

Publicado em 12/07/2021 09:56 e atualizado em 12/07/2021 12:14
Jeferson Souza - Analista de Fertilizantes da Agrinvest
Cloreto de Potássio subiu mais de US$ 200 por tonelada no último mês, ureia é outro destaque entre as altas, bem como os fosfatados, diante de uma demanda ainda muito aquecida e da restrição de oferta que preocupa. Novas janelas de oportunidade de compra são pequenas e não aparecem no curto prazo. Relações de troca se deterioram.

Podcast

Entrevista com Jeferson Souza - Analista de Fertilizantes da Agrinvest sobre os Fertilizantes

Download

Logotipo Notícias Agrícolas

O movimento de fortes altas entre os fertilizantes continua e a tendência é de que esse avanço dos preços continue pelo menos até o final do ano. "Hoje estamos vendo um aumento muito forte do lado da demanda, não só do Brasil, mas do mundo, e a oferta não consegue acompanhar", explica Jeferson Souza. 

O analista de mercado da Agrinvest Commodities exemplifica o atual momento com o Cloreto de Potássio (KCl), que já subiu cerca de US$ 205,00 no último mês, chegando aos US$ 645,00 por tonelada, fazendo com que as relações de troca para o produtor brasileiro passassem de 15 para mais de 25 sacas de soja.

"Vínhamos vendo uma demanda fomentada e uma oferta restrita nas principais origens - Canadá, Rússia e Bielorússia. Não bastando essas restrições, a União Europeia ainda impôs restrições à Bielorússia, terceiro maior produtor de potássio do mundo, isso gerou uma crise em todo mercado e todo mundo se questionou sobre como ficaria a oferta de potássio para todo o globo", explicou Sousa.   

Além do KCl, outro destaque entre as altas está a ureia, que com suas novas altas também promove uma baixa no no poder de compra do produtor para fazer milho safrinha 2022. Do fim de maio a meados de junho, a relação de troca estava entre 40 e 50 sacas do cereal, e na última semana chegou a 67. 

"A China, maior produtor mundial de ureia, colocou um pouco de pressão no mercado ao dizer que queria tarifar as exportações de ureia. A Índia vem fazendo leilões mensais, comprando pouco volume, e pressionando o preço também", afima. 

Dessa forma, com a demanda crescendo intensamente e a oferta sem conseguir responder no mesmo ritmo, aliado a preços elevados de soja, milho e trigo que estimularam um aumento de área em todo o globo, resultam, portanto, nestes preços mais altos e na continuidade destes avanços até o final de 2021. 

ALTA DOS FRETES MARÍTIMOS

A recente e expressiva alta dos fretes marítimos também ajudou a puxar os preços dos fertilizantes de todos os grupos. Segundo o analista, observando o índice de frete de cargas secas é possível observar que ele alcançou suas máximas em 11 anos. 

COMPORTAMENTO DO PRODUTOR

O produtor brasileiro tem já boa parte dos seus fertilizantes comprada, tendo adiantado bastante suas aquisições e avançado com sua comercialização de soja da safra 2021/22 e com o milho safrinha 2022. Para o produtor que ainda precisa comprar, por outro lado, é preocupante. 

"Ele vai encontrar um cenário de alta expressiva para preço, a soja nas últimas semanas perdeu um pouco o valor, e há uma restrição na oferta. Ele vai ter que, infelizmente, se sujeitar a pagar preços elevados para as empresas que disponham da matéria-prima. Ele já não tem espaço para esperar uma queda e não vejo esse espaço no curto prazo", orienta Souza. 

E a perspectiva de continuidade de alta nos preços se dá ainda pelas perspectivas também de um aumento nas áreas de milho verão e milho safrinha, o que também demanda mais fertilizantes. 

"A relação de troca rompe as marcas históricas e o poder de compra do produtor, que lá atrás era bom, diminui agora e está prejudicado", conclui Sousa. "Mesmo que possamos ver uma queda no dólar, o preço do fertilizante dolarizado deve continuar seu  movimento de alta, ainda mais no curto prazo. Para o produtor que precisa pro safrinha 2022, eu aconselharia acompanhar a relação de troca, porque é difícil acompanharmos um movimento de queda acentuado nos preços dos fertilizantes". 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário