Campo Futuro avalia custos da pecuária de leite e de corte no RS
Técnicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) realizaram, nesta semana, painéis do Projeto Campo Futuro para levantar os custos de produção da pecuária de leite e de corte, no Rio Grande do Sul.
O objetivo do Projeto Campo Futuro é aliar a capacitação do produtor à geração de informações para administração de custos, riscos de preços e gerenciamento da produção, além de colher subsídios para pautar a atuação da CNA no pleito de políticas públicas para o setor agropecuário. Participaram dos encontros virtuais produtores rurais e representantes de sindicatos rurais e cooperativas.
Leite – A primeira coleta de dados da pecuária de leite ocorreu na segunda (28), no município gaúcho de Três de Maio. Resultados preliminares do painel apontaram uma propriedade modal de 20 hectares, com produção diária de 600 litros e 25 vacas em lactação.
Segundo o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, os produtores relataram que tem havido evasão da atividade na região em função dos altos custos de produção. Mesmo assim, a pecuária de leite apresentou bons índices técnicos. O investimento em pastagem tem proporcionado taxa de lotação de até 6,3 unidades animais por hectare.
“É um empreendimento financeiramente saudável, pois a receita do leite foi capaz de cobrir tanto os desembolsos quanto a depreciação e o pró labore dos produtores”, disse.
Os técnicos do projeto Campo Futuro também realizaram um painel de leite no município de Palmeiras das Missões, na quinta (1º). A propriedade modal tem uma média de 30 hectares, com produção de 500 litros de leite por dia. Em 2020, a receita do leite cobriu o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Total (CT) dos produtores.
Segundo Guilherme, o levantamento identificou que a alimentação com concentrado tem sido responsável por 37% dos desembolsos. “Se considerarmos toda a alimentação do rebanho esse dado sobe para 57%, ligeiramente superior ao verificado nos painéis anteriores, nas demais regiões do país”.
Corte – O levantamento dos custos de produção da pecuária de corte foi realizado na sexta (2), no município de Alegrete. Em um mesmo painel foram coletadas informações dos sistemas de cria e de recria e engorda.
No sistema de cria, a propriedade modal possui cerca de 400 hectares, com 200 vacas em pastagens nativas e cultivadas. O assessor técnico da CNA informou que a mão de obra foi responsável por 27,3% dos desembolsos, enquanto cultivo de pastagens e taxas administrativas da propriedade responderam por 13% e 15,3%, respectivamente.
O rebanho predominante é composto por vacas meio sangue zebu e linhagem europeia, cobertas com touros de genética Braford.
Já o sistema de recria e engorda é realizado em propriedade de 600 hectares e a maior parcela do desembolso é referente à aquisição de reposição (73% do COE). “O cultivo de pastagens de inverno ocupa 120 hectares e as forragens anuais de verão (milheto) são de 45 hectares. Nesse sistema, a atividade cobriu tanto os desembolsos, quanto depreciação e remuneração do produtor rural”, explicou Guilherme Dias.
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