Corn Belt: Produtores registram extremos entre seca severa e excesso de umidade
Embora não o único fator de influência intensa sobre o andamento dos futuros dos grãos negociados no mercado internacional, as atuais condições de clima no Corn Belt e as previsões para os próximos dias, em especial julho - que é mês determinante para as lavouras de milho nos Estados Unidos - continuam chamando a atenção e trazendo volatilidade aos preços.
No entanto, neste momento os produtores têm sofrido com extremos, o que também não é pouco usual nos EUA. De um lado, o excesso de umidade preocupa e já provoca a necessidade de replantios, enquanto em outro a seca continua a assustar. Os próximos meses serão fundamentais para que a definição da oferta norte-americana e até lá a volatilidade deverá seguir dando o tom do mercado.
O mapa abaixo, do iWeather, disponibilizado pelo portal norte-americano AgWeb, mostra as chuvas das últimas 72 horas e como elas têm se mostrado ainda mal distribuídas. Todavia, onde chegam ou são previstas são suficientes para provocar mais pressão sobre o mercado na CBOT.
"O mercado está exatamente observando o clima. Há chuvas hoje nos estados do leste, principalmente Indiana, Illinois, Iowa e Missouri. Há previsões de alguns volumes para as Dakotas, não tanto, mas o clima está se normalizando", explica Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro. E agora, as informações de clima, como explica o analista de mercado, serão cruzadas com os números de área que serão reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia 30 de junho e com as perspectivas de produtividade para esta nova temporada. "Agora é clima, área, produtividade e demanda os aspectos que temos que considerar. E neste momento o clima é favorável", complementa.
Ainda como coloca Sousa, o mercado segue fortalecendo as especulações de um aumento considerável de área tanto para a soja, quanto para o milho e índices de produtividade também elevados, apesar dos pontuais problemas climáticos que são registrados agora. "O clima está ajudando a pressionar, demanda não está indo lá essas coisas, alta produtividade, além dos estoques trimestrais que, como o esmagamento tem sido mais fraco, o USDA pode aumentar exportação, mas ainda assim sobrar estoques maiores. Então, não vejo mercado pra cima se não houver uma mudança no clima", acredita o analista.
CALOR E SECA
De um lado, uma boa notícia chega aos produtores norte-americanos: o avanço da seca nos EUA pode ter alcançado um pico, segundo meteorologistas norte-americanos. As chuvas dos últimos dias ainda se mostram limitadas, como mostram os mapas, mas começam a chegar a regiões que vinham sofrendo com o tempo mais seco.
De acordo com informações do portal norte-americano AgWeb, a última imagem do Drought Monitor, o monitor de seca, mostra que as condições melhoraram em estados como Indiana e Illinois, enquanto a seca ganhou mais espaço em Iowa e Minnesota. Apesar disso, mostram que as tempestades dos últimos dias, de fato, chegaram a regiões que vinham sofrendo com secas moderadas, severas e extremas.
"Olhando o último Monitor de Secas dos EUA datado de 24 de junho, vimos que pouco mais de um terço, cerca de 36%, do Meio-Oeste está coberto pela seca. É provável que seja o pico do verão, eu acredito, porque daqui para frente, vamos cortar algumas das áreas secas de Iowa e Wisconsin, e essa é realmente uma área chave onde estamos veremos a seca terminando muito abruptamente aqui no final de junho e início de julho. Áreas mais ao norte e oeste, a seca provavelmente persistirá ou até mesmo se intensificará, mas conforme você se mover para o sul e leste, é onde veremos umidade condições de configuração que podem durar um bom tempo", explica Brad Rippey, meteorologista do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) à AgWeb.
Estados localizados mais a oeste dos Estados Unidos têm registrado um dos junhos mais quentes da história, com temperaturas já próximas dos 40ºC.
E ainda segundo Rippey, as previsões para os próximos dias seguem mostrando que as chuvas esperadas podem não chegar em todo território das Dakotas, Minnesota e Iowa, o que poderia agravar a situação de estiagem. E culturas como trigo e cevada poderiam sentir de forma mais. O trigo de primavera é quem mais sofre agora, de acordo com o meteorologista do USDA. Na soja e no milho, atenção ao noroeste do cinturão.
"As chuvas desta semana cairão predominantemente no sul e no leste das áreas de seca mais duramente atingidas. No resto de junho e no restante do verão, não estou vendo muito alívio vindo do extremo oeste do meio-oeste e das planícies do norte", afirma o especialista.
EXCESSO DE UMIDADE
Se alguns rezam pelas chuvas, outros rezam para que elas sejam mais comedidos e já começam a sentir os prejuízos causados pelo excesso de umidade. Afinal, ainda de acordo com Rippey, o principal exio das chuvas se dará entre as Planícies Centrais e o Leste dos EUA. "Estamos diante de uma mudança bastante dramática de clima no Meio-Oeste".
O mapa abaixo, do NOAA, mostra as chuvas previstas para os próximos três dias, período de 25 a 28 de junho, e mostra essa faixa de chuvas fortes entre o Michigan e Kansas, trazendo bons volumes para Illinois, Indiana e Missouri, entre os principais estados produtores.
Como explica o meteorologista do USDA, tais volumes tão intensos de chuvas podem encharcar os solos, causar cheias e até mesmo prejudicar os campos. As imagens abaixo mostram as condições em Sugartree, no estado do Missouri, após mais de 200 mm de precipitações. As fotos são de Andrew Cowherd.
"Posso garantir que algumas áreas passando pelo coração do meio-oeste estarão um pouco úmidas demais quando chegarmos ao 4 de julho, o que significa que estaremos enfrentando inundações de terras baixas, alguma perda de nitrogênio apenas por lixiviação, e então teremos um cinturão muito estreito que será favorável e pode atravessar, digamos, o centro de Iowa, mas você chega ao sul e ao leste, onde ficará bem úmido", diz Rippey.
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Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR
Climas adversos vão de mal a pior, tanto no Brasil/Argentina, como nos EUA. Escassez total de milho, estoques de soja quase zero (3 a 4 anos de safra cheia pra suprir), e mesmo assim os preços despencam. Alguem explica esse fenômeno no mercado internacional?
Sim, sr Adilson, o movimento nas agrícolas está sendo puxado pelo mercado financeiro (juros/ações, que estão mais rentáveis que as commodities). O sr pode não aceitar, mas esse é o fato. Isso prova que os produtores de soja (principalmente) não plantam grãos de soja. Plantam, junto, o petróleo (ureia). E colhem dólar (em forma de grãos de soja).