Ibovespa fecha com variação discreta antes de pregão com Fed, Copom e vencimentos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma variação discreta nesta terça-feira, enfraquecido particularmente pela Vale e com agentes financeiros na expectativa dos desfechos das reuniões do Federal Reserve nos Estados Unidos e do Banco Central no Brasil.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,09%, a 130.091,08 pontos. O volume financeiro no pregão somou 26,6 bilhões de reais, com a sessão também influenciada por movimentos ligados aos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro na quarta-feira.
"Não há muito o que falar sobre o mercado hoje. A expectativa é muito grande tanto para o Copom quanto para o Fomc", afirmou o diretor de investimentos da Kilima Asset, Eduardo Levy, referindo-se ao Comitê de Política Monetária do BC brasileiro e ao Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed.
Ambos os BCs divulgam suas decisões de política monetária e percepções sobre o quadro econômico na quarta-feira - o Fed no meio da tarde e o Bacen após o fechamento do mercado brasileiro.
Em relação à autoridade monetária norte-americana, Levy citou que a expectativa de que o Fed não faça nada, o que para ele pode ser negativo porque os preços continuam subindo e a expectativa de inflação do ano que vem também.
"Seria muito interessante que o Fomc viesse com uma mudança pequena mas significativa do 'forward guidance' tirando o ano de 2023 da expectativa de juro ainda no nível atual", avaliou, acrescentando que isso poderia fazer o mercado começar a precificar um aumento de juro mais.
No caso do Copom, Levy observou que a expectativa é uma alta entre 0,75 ponto e 1 ponto percentual na taxa Selic, atualmente em 3,75% ao ano, e avaliou que um novo aumento esperado não é necessariamente negativo para os ativos financeiros.
A decisão do BC brasileiro virá após dados acima das previsões para os preços recentemente, bem como aumento das expectativas para a inflação no país. Além da decisão em si, investidores também deverão atentar para possíveis sinalizações do Copom sobre os seus próximos passos.
Em comentários a clientes nesta semana, a Genial Investimentos disse esperar que o BC antecipe um novo aumento da Selic em 0,75 ponto para a reunião de agosto e retire a mensagem de que a normalização da política monetária deverá manter algum grau de estímulo à atividade.
DESTAQUES
- VALE ON recuou 1,95%, principal peso negativo no Ibovespa, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no vermelho nesta sessão. Desde as máximas históricas no começo maio, os papéis da Vale acumulam declínio de mais de 7%. Em 2021, porém, ainda contabilizam valorização de 33,25%.
- BANCO INTER UNIT fechou em queda de 2,73%. O conselho de administração do banco digital aprovou oferta primária de units com esforços restritos da ordem de 5,5 bilhões de reais, com o preço por unit fixado em 57,84 reais. A divulgação do volume final da oferta está previsto para 24 de junho.
- AZUL PN recuou 2,66%, em sessão de ajustes para vários papéis que se beneficiam da reabertura econômica e vinham apresentando performance mais positiva com notícias favoráveis sobre a atividade no Brasil. O desempenho recente do papel - que até a véspera acumulavam alta de 10,9% no mês - ainda tem de pano de fundo melhora no tráfego e captação no exterior, bem como anúncio de que está estudando ativamente oportunidades de consolidação da indústria e que se enxerga em uma posição forte para liderar esse processo.
- PETRORIO ON avançou 3,61%. O Morgan Stanley publicou relatório de início de cobertura para o setor, com recomendação "equalweight" e preço-alvo de 22,5 reais. O documento citou o foco da companhia em ativos offshore maduros, mas avaliou que os eventos positivos já estão no preço. 3R ON e PETRORECONCAVO ON, que não estão no Ibovespa e tiveram recomendação "overweight" no mesmo relatório, subiram 6,91% e 4,1%, respectivamente.
- BTG PACTUAL UNIT ganhou 3,01%. Analistas do Itaú BBA reiteraram nesta terça-feira recomendação "outperform" para as units do banco e elevaram o preço-alvo de 120 para 150 reais, avaliando que o banco está remodelando o setor brasileiro de investimentos no varejo. "Esperamos que o ímpeto da ação permaneça sólido em ganhos e fluxo de notícias positivas, e acreditamos que o re-rating é garantido", diz o relatório, no qual a equipe comandada por Pedro Leduc também revisou para cima projeções para o banco.
- B3 ON subiu 2,14%, no terceiro dia seguido de recuperação. O papel fechou na mínima em cerca de um ano na última quinta-feira, em meio a ruídos envolvendo um eventual novo competidor, bem como alguma acomodação nos volumes de negociação de ações. Vários analistas saíram em defesa da ação nos últimos dias, reiterando recomendação "outperform" ou "compra", entre eles as equipes de BTG Pactual, Citi, Safra e Bradesco BBI.
- PETROBRAS PN fechou em alta de 0,97%, favorecida pelo avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent - usado como referência pela companhia - avançou 1,55%, a 73,99 dólares o barril.
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