Dólar ronda estabilidade ante real após dados de inflação, com política monetária no radar
O dólar era negociado entre estabilidade e leve queda frente ao real nesta quarta-feira, com os investidores digerindo dados domésticos sobre a inflação em meio a expectativas sobre a próxima reunião de política monetária do Banco Central.
Às 10:36, o dólar avançava 0,02%, a 5,0360 reais na venda, enquanto, na B3, o dólar futuro caía 0,17%, a 5,040 reais.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, após alta de 0,31% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Esse é o resultado mais forte para maio desde 1996 (1,22%) e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,71%. Com isso, o índice acumulado em 12 meses disparou a 8,06%, de 6,76% em abril. A expectativa era de alta de 7,93%.
"As expectativas de inflação tanto para 2021 quando para 2022 já vinham subindo, enquanto a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) também cresceu bastante, principalmente para 2021", disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.
Na segunda-feira, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que o mercado elevou com força a expectativa de crescimento econômico do Brasil em 2021 depois de dados melhores do que o esperado sobre a atividade divulgados na semana passada.
Em meio a esse cenário, "acredito que o BC, na semana que vem, vai retirar de sua comunicação a frase sobre um 'ajuste parcial'", disse Weigt. O termo "normalização parcial", adotado pela autarquia, indica a intenção de ainda se manter um estímulo à economia, com os juros mais altos mas abaixo do patamar considerado neutro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrará seu próximo encontro no dia 16 de junho, com expectativa de elevação da taxa Selic a 4,25% ao ano, ante patamar atual de 3,5%.
Além de atentos aos juros domésticos, analistas do Bradesco disseram em nota que os investidores estão "à espera de dados da inflação norte-americana", que serão divulgados na quinta-feira. Com a aproximação da reunião de política monetária do Federal Reserve, que também se encerra na quarta-feira que vem, os agentes dos mercados ficarão de olho em qualquer sinal de superaquecimento da maior economia do mundo.
Embora várias autoridades do banco central norte-americano tenham afirmado repetidas vezes que enxergam as pressões inflacionárias nos Estados Unidos como temporárias, o que justifica a manutenção de sua política monetária expansionista, outras já começaram a reconhecer que estão mais próximas de um debate sobre quando retirar parte de seu nível de apoio à economia.
Weigt, do Travelex, trabalha com um cenário de manutenção da política monetária nos EUA. "Acho que o Fed não vai fazer nenhum movimento nem adotar uma mudança do discurso. Não acho que teremos grandes surpresas lá fora."
Segundo especialistas, a manutenção da postura expansionista do Federal Reserve tende a beneficiar ativos de países emergentes, uma vez que os investidores estrangeiros vão buscar rendimentos mais altos fora dos Estados Unidos.
Na véspera, o dólar à vista registrou variação negativa de 0,06%, a 5,0352 reais na venda. Até agora no ano, a moeda norte-americana acumula queda de mais de 3% contra o real, e está cada vez mais próxima de romper a marca psicológica de 5 reais.
"Neste momento, ao nos tornarmos novamente atraentes a um movimento de carry trade e com as opções de mercados emergentes se tornando mais escassas, dadas as intensas valorizações no ano passado, o Brasil novamente observa a valorização cambial mais intensa", explicou em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
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