Porto de Paranaguá recebe milho para abastecer mercado brasileiro
No berço 206 do Porto de Paranaguá, o navio Aurora SB está atracado para descarregar 35.279 toneladas de milho. Importado da Argentina, o cereal, que costuma ser exportado pelos terminais paranaenses, vai abastecer o mercado interno, em especial a indústria de amidos, base para alguns produtos alimentícios humanos.
Este é o primeiro de quatro navios já programados com milho para desembarque no porto do Paraná. Com previsão de quebra na segunda safra do produto, outras importações devem acontecer até o final do ano. Além da redução de oferta para exportação.
“Em paralelo, a demanda interna aumenta e, por isso, as indústrias acabam tendo que importar. Esse lote não é para a indústria de ração, mas devemos ainda receber mais milho importado para esse fim, considerando a quebra esperado para essa safrinha”, diz o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
SAFRA – O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destaca que o Brasil é um grande produtor de milho. “Inclusive com duas safras do produto, o que poucos espaços do mundo têm condição de fazer”, lembra.
Mas ele pondera que a segunda safra (safrinha 2021) está estressada no Paraná, assim como em alguns dos principais estados produtores (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás). “Ela está em risco porque foi instalada tardiamente, em função do atraso da colheita da soja. É uma safra que tem perdas elevadas em decorrência da estiagem”, comenta.
Apesar dos relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já apontarem uma perda significativa, o secretário reforça que o país segue como grande exportador, mantendo a perspectiva de vender 35 milhões de toneladas de milho este ano.
“Mas, com a desvalorização do real e com o crescimento dos preços no mercado mundial, o milho ficou um insumo caro para a produção de frango, porco, peixe, leite, que trabalham no limite, com muita dificuldade”, comenta Ortigara. Muitas agroindústrias optaram pela importação de milho, algumas se servindo até de benefícios fiscais.
“É possível que tenhamos grandes importações para sustentar o nível de produção, em especial de frango e de porco, que estamos tendo”, diz o secretário. Segundo ele, mais que no Paraná, o problema se acentua nos estados vizinhos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que não têm condições climáticas para uma segunda safra de milho.
OPERAÇÃO - Segundo o diretor de Operações da Portos do Paraná, Luiz Teixeira da Silva Júnior, esta não é a primeira vez que o Porto de Paranaguá recebe milho de importação.
“Toda vez que o consumo interno necessitar, essa operação vai ocorrer e o Porto de Paranaguá estará apto a receber o milho e descarregar com a mesma eficiência que operamos o produto para exportação”, garante. Ele explica que o produto é descarregado da mesma forma que os demais granéis de importação como malte, trigo, cevada e até a soja, como realizado no ano passado.
Com o auxílio de guindaste, de bordo ou de cais (MHCs), equipado com uma espécie de concha (o grab), o produto é retirado do porão do navio e, por um funil, é despejado na caçamba dos caminhões. “Parte da carga segue direto para o interior, e o restante fica armazenado nos terminais de retaguarda do Porto de Paranaguá”, afirma Teixeira.
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