Atual momento de queda do dólar, que deve ser pontual, pode trazer oportunidade para fixação de custos pelo produtor brasileiro

Publicado em 18/05/2021 11:14 e atualizado em 18/05/2021 21:10
Roberto Padovani - Economista Chefe - Banco BV
Preço justo para a moeda americana, observando seus fundamentos, seria próximo de R$ 4,50. Todavia, movimento ainda não permite tal patamar e possibilidade é de que divisa chegue aos R$ 5,00, voltando aos R$ 5,40 para concluir 2021.

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Entrevista com Roberto Padovani - Economista Chefe - Banco BV sobre o Dólar

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A trajetória de baixa do dólar frente ao real tende a ser pontual, embora, fundamentalmente a moeda americana já deveria estar mais baixa, ao redor dos R$ 4,50, mas a divisa ainda se mostra muito descolada de seus fundamentos, o que faz com que ainda ao redor dos R$ 5,30/R$ 5,40. 

"Se olharmos os últimos 12 meses, vemos que o dólar no mundo ficou mais fraco, mas o real não reagiu; os preços de commodities têm consistentemente subido e, historicamente, quando isso acontece, tem que ter dólar para baixo aqui no Brasil e não temos visto isso, e os riscos fiscais e políticos diminuíram de maneira importante, mas também o dólar ainda não tem reagido a isso", explica Roberto Padovani, economista chefe do Banco BV. 

Com um cenário externo mais tranquilo e interno sem tantos ruídos faz com que a moeda americana possa continuar cedendo, se aproximando dos R$ 5,00. Todavia, pode voltar a subir diante das surpresas que a pandemia ainda pode trazer ao mercado, bem como uma nova intensificação dos riscos políticos e fiscais no quadro doméstico. 

"O Brasil tem uma dívida absolutamente elevada, esse foi o resultado da pandemia,  e isso assusta os investidores. Quanto maior a incerteza global, mais o Brasil tende a sofrer (...) Olhando para os próximos meses, mais para o final do ano, há dois grandes desafios: os juros mais altos nos EUA, que naturalmente tende a fortalecer a moeda americana globalmente e neste cenário a brasileira tende a sofrer, e o segundo são as incertezas políticas agudas. Temos uma eleição competititva em 2022 e isso pode aumentar o prêmio de risco", explica o economista. 

Da mesma forma, Padovani pontua ainda a influência da taxa básica de juros mais alta no Brasil, que vem subindo depois de registrar sua mínima histórica - também efeito da pandemia e uma forma de tentar mitigar seus desdobramentos na economia nacional - e que pode seguir sendo reajustada para cima. 

"Essa combinação de risco subindo no mundo e juros muito baixos no Brasil, certamente, agravou essa desvalorização do real e o descolamento de seus fundamentos. O que estamos vendo agora é o contrário, uma redução do risco local, uma recuperação da taxa básica de juros - que provavelmente o Banco Central vai trazê-la para mais perto de 6% - o que ajuda na ancoragem cambial", complementa. 

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Frente a este quadro, a principal orientação do economista é da necessidade de monitoramento constante do mercado cambial diante de sua incerteza e volatilidade. E por isso, talvez o atual momento de recuo do dólar possa ser favorável para garantir alguns custos de produção. 

"Para quem está olhando para os custos dos insumos, eu seria cauteloso e prudente e aproveitaria esses momentos de baixa do dólar no mercado local para comprar, acho que é um bom nível para importar.  Os custos de produção tendem a cair e eu não estou convencindo de que essa queda do dólar é uma queda persistente. Portanto, na medida em que o dólar cai aqui dentro temos que ter em mente que este talvez seja um movimento temporário", diz. 

De outro lado, "do ponto de vista do exportador a situação é um pouco mais tranquila. Mesmo que o dólar vá para R$ 5,00, volte para R$ 5,40, temos que lembrar que essa taxa, em termos reais, é uma das mais desvalorizadas em quase 20 anos. Qualquer que seja o nível é absolutamente favorável. Acho que o desafio é tentar ler esses movimentos do dólar e reduzir custos", completa Roberto Padovani. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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