Economia dos EUA acelera no 1º tri; pedidos de auxílio-desemprego recuam
O crescimento econômico dos Estados Unidos acelerou no primeiro trimestre, alimentado pela forte ajuda do governo a famílias e empresas, abrindo caminho para o que deve ser o desempenho mais forte este ano em quase quatro décadas.
O segundo mais rápido crescimento do Produto Interno Bruto desde o final de 2003, relatado pelo Departamento de Comércio dos EUA nesta quinta-feira, deixou a produção do país apenas 0,9% abaixo de seu nível do final de 2019. Economistas esperam uma recuperação total da recessão pandêmica, que começou em fevereiro de 2020, no final de 2023.
Os dados são um impulso para o presidente norte-americano, Joe Biden, que comemora 100 dias na Casa Branca.
"No início de 2021, a economia recebeu um forte coquetel de melhora das condições de saúde e vacinações rápidas, juntamente com uma dose efervescente de estímulo fiscal e um fluxo constante de apoio da política monetária", disse Lydia Boussour, economista-chefe da Oxford Economic. "Olhando para o futuro, prevemos que o florescimento da economia na primavera (no Hemisfério Norte) se transformará em um 'boom' de verão."
O Produto Interno Bruto cresceu a uma taxa anualizada de 6,4% no trimestre passado, informou o governo em sua estimativa antecipada do PIB dos três primeiros meses do ano, depois de uma taxa de 4,3% no quarto trimestre.
Esse foi o maior salto no crescimento para um primeiro trimestre desde 1984. Economistas consultados pela Reuters previam que o PIB cresceria a um ritmo de 6,1% no período de janeiro a março.
O crescimento foi impulsionado pelos gastos do consumidor, que aumentaram a uma taxa de 10,7%, com as famílias comprando veículos motorizados, móveis, produtos recreativos e eletrônicos. Os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, cresceram a um ritmo de 2,3% no quarto trimestre.
O governo do ex-presidente Donald Trump forneceu quase 3 trilhões de dólares em auxílio econômico emergencial no início da pandemia, levando a um crescimento recorde no PIB do terceiro trimestre no ano passado.
Esse valor foi seguido por quase 900 bilhões de dólares em estímulos adicionais no final de dezembro. O governo Biden ofereceu outro pacote de resgate de 1,9 trilhão de dólares em março, que enviou cheques únicos de 1.400 dólares para famílias qualificadas e estendeu um auxílio-desemprego de 300 dólares até o início de setembro.
A economia em rápida aceleração pode diminuir o entusiasmo entre alguns democratas moderados em relação à ambiciosa agenda econômica de Biden. O presidente revelou na quarta-feira um pacote abrangente de 1,8 trilhão de dólares para gastos com ajuda às famílias e educação em seu primeiro discurso conjunto no Congresso norte-americano. Os parlamentares republicanos se opõem a mais estímulos, agora preocupados com o aumento da dívida.
Existem preocupações entre alguns economistas de que o financiamento maciço do governo poderia inflamar a inflação. Muitos economistas, incluindo o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, esperam que uma inflação mais alta seja transitória, argumentando que o mercado de trabalho permanece com 8,4 milhões de empregos a menos do que em seu pico em fevereiro de 2020.
Relatório separado do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira mostrou que 553 mil pessoas entraram com pedidos de auxílio-desemprego durante a semana encerrada em 24 de abril, contra 566 mil no período anterior.
Os dados da semana anterior foram revisados para mostrar mais 19 mil solicitações recebidas do que o relatado anteriormente. Embora os pedidos iniciais tenham caído de um recorde de 6,149 milhões no início de abril de 2020, eles permanecem bem acima da faixa de 200 mil a 250 mil considerada consistente com um mercado de trabalho saudável.
"Ainda estamos provavelmente a alguns anos de distância dos níveis de emprego pré-pandemia, mas com base no poderoso impulso econômico acumulado no primeiro trimestre, devemos retornar para perto de uma economia em pleno funcionamento no segundo trimestre", disse Robert Frick , economista corporativo da Navy Federal Credit Union.
A economia continuou a avançar no início do segundo trimestre, com os gastos dos consumidores saltando para máxima de 14 meses em abril, graças ao estímulo fiscal e à expansão do programa de vacinação contra a Covid-19 para todos os norte-americanos adultos. Os norte-americanos acumularam pelo menos 2 trilhões de dólares em economias excedentes.
Economistas preveem que o crescimento nos Estados Unidos este ano pode superar 7%, o que seria o ritmo mais forte desde 1984. A economia contraiu 3,5% em 2020, pior desempenho em 74 anos.
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