Produção de etanol de milho no Brasil salta 58%; deve avançar ainda mais em 21/22
Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) - A produção de etanol de milho no Brasil avançou 58% na última temporada, à medida que dezenas de usinas construídas no coração dos grãos do país ampliaram a fabricação do biocombustível, e analistas já projetam um crescimento anual de cerca de 25% para o novo ciclo 2021/22.
Segundo relatório publicado nesta terça-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), as usinas que utilizam o milho como matéria-prima para o etanol produziram 2,57 bilhões de litros do combustível em 2020/21 (abril-março), o equivalente a quase 9% da produção total de etanol do país.
O Brasil historicamente fabrica etanol de cana-de-açúcar, mas uma enxurrada de investimentos nos últimos anos em Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, colocou o cereal na lista de matérias-primas para produção do combustível, muito utilizado localmente --seja misturado à gasolina ou puro.
Algumas empresas norte-americanas, como o Summit Agricultural Group, estiveram por trás dos maiores investimentos.
A consultoria Agroconsult espera que a produção de etanol de milho atinja 3,2 bilhões de litros na temporada 2021/22, apesar das ofertas relativamente apertadas do cereal no mundo.
"Praticamente todos os produtores de etanol já assinaram contratos de longo prazo pelo milho; eles garantiram as ofertas", disse Fabio Meneghin, analista de grãos e etanol da Agroconsult.
Os atuais preços do biocombustível são positivos, disse ele, apesar das medidas restritivas impostas em diversas cidades em meio à pandemia de coronavírus.
A produção total de etanol no Brasil recuou quase 9% na temporada passada, para 30,36 bilhões de litros, informou a Unica, já que a maior parte das usinas de cana priorizou a produção de açúcar em detrimento do biocombustível, devido aos preços melhores do adoçante.
Meneghin disse, no entanto, que a oferta global apertada de milho continuará sendo um risco para a nascente indústria brasileira de etanol de milho. Outro risco, segundo ele, são os movimentos do governo em relação aos preços dos combustíveis.
Possíveis políticas para redução dos preços da gasolina acabariam limitando as cotações do etanol, já que ambos competem nas bombas.
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