Bolsonaro e Putin conversam por telefone sobre vacina Sputnik V e Anvisa deve enviar missão à Rússia
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro conversou por telefone, nesta terça-feira, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre os planos do Brasil para a compra da vacina contra Covid-19 Sputnik V e acertou a visita de uma missão técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao país para inspecionar as fábricas onde o imunizante é produzido.
De acordo com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, a Agência já estava em tratativas com o fundo russo Gamaleya, fabricante da vacina, para fazer as inspeções sanitárias, e a data da visita será definida em uma reunião na quarta-feira.
"Estas tratativas avançaram positivamente e teremos amanhã uma reunião para definição de datas e a Anvisa está pronta imediatamente, se fosse ao caso, para ir à Rússia. Mas é claro que há esta interlocução com nossos anfitriões e amanhã esta data provavelmente estará melhor definida", disse Barra Torres. "Ela (a visita) trará informações muito importantes. Então estamos falando de um evento de curtíssimo prazo."
Em um vídeo publicado em suas redes sociais depois do telefonema, Bolsonaro destacou a intenção de que a vacina seja produzida no Brasil depois de ser aprovada pela Anvisa.
"Esperamos que inclusive caso aprovada ela venha a ser produzida no Brasil", disse Bolsonaro. "Se Deus quiser brevemente estaremos resolvendo essa questão."
O Ministério da Saúde já tem um contrato de compra de 10 milhões de doses da vacina russa, que será fabricada no Brasil pelo laboratório União Química, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu, há cerca de 10 dias, os prazos do pedido de uso emergencial no Brasil por falta de documentos.
No acompanhamento feito pela Anvisa dos pedidos de autorização para uso emergencial, a agência informa que a União Química, que fez a parceria com o laboratório russo para importar e produzir a vacina no Brasil, não apresentou 18,67% dos documentos exigidos. Outros 24,59% estão incompletos, e o restante está em análise.
Ao ser questionada sobre o pedido de uso emergencial, Barra Torres afirmou que está em análise.
"Tivemos aporte maior de documentos e estamos trabalhando na análise dos documentos recebidos com a mesma atenção e rapidez que já fizemos com outros protocolos vacinais", disse.
A Anvisa vem sendo pressionada por governadores para acelerar a liberação da autorização emergencial da Sputnik V porque 11 Estados já protocolaram pedidos de importação da vacina russa, que foi a única, até agora, a aceitar negociar diretamente com os governos estaduais.
No total, segunda a Anvisa, os Estados em conjunto pediram autorização para importar 66,6 milhões de doses da Sputnik V, mesmo sem o registro. Uma reunião na tarde desta terça foi marcada para esclarecer aos governadores os pontos pendentes para autorização.
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