Acionar estado de calamidade traria mais custo do que ganhos, alerta Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta terça-feira que o eventual acionamento do estado de calamidade para aumentar a margem que o governo tem para gastar na pandemia traria mais prejuízos do que ganhos.
Se esse for o caminho a ser seguido, o país precisará ter cautela em adotar uma "narrativa correta" para justificá-lo, frisou Campos Neto durante live do banco Itaú.
"Se eu disser que vou para calamidade porque quero gastar 20 bilhões a mais, 25 bilhões a mais, posso te garantir que o efeito econômico do ponto de vista de turbulência nos mercados e nas variáveis macroeconômica será muito maior do que o efeito que você tem de gastar 25 bilhões a mais", disse Campos Neto.
"Nós temos que ser muito cautelosos com a narrativa que será usada se esse for o caminho adotado. Eu vejo claramente que, se você não tem a narrativa correta, vejo um efeito negativo em termos de algo para o qual você espera um efeito positivo. Acho que é isso que o mercado está nos dizendo, que as variáveis estão nos dizendo."
Campos Neto também afirmou que o processo de aprovação do Orçamento gerou incertezas que tiveram impacto no prêmio de risco do cenário fiscal.
"Acho que temos que explicar às pessoas o que será feito porque acho que precisamos remover isso (prêmio), acho que isso é relativamente fácil de se fazer", afirmou.
Apesar das preocupações, Campos Neto destacou que o Congresso Nacional não está parado e, citando a aprovação da Lei do Gás e o projeto de autonomia do Banco Central, afirmou que o país é um dos únicos do mundo que está aprovando medidas estruturais em meio à pandemia.
Ele também afirmou que a PEC Emergencial foi uma "conquista" que estabeleceu marcos importantes para a política fiscal.
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