Renato Dias: 401 mil novos empregos gerados demonstram a resiliência da economia brasileira, em meio à pandemia

Publicado em 30/03/2021 16:13 e atualizado em 30/03/2021 17:47
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Ibovespa fecha em alta e caminha para 1º ganho mensal no ano

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SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, batendo nos 117 mil pontos no melhor momento, em meio a perspectivas melhores para a reabertura da economia, apesar do quadro ainda grave da pandemia de Covid-19 no país, bem como avaliações de que as recentes mudanças em Brasília tendem a melhorar a articulação política.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,18%, para 116.778,47 pontos, máxima desde 19 de fevereiro, segundo dados preliminares, caminhando para a primeira alta mensal no ano, de cerca de 6% em março até o momento. No mês passado, caiu 4,37%. Em janeiro, recuou 3,32%.

O volume financeiro somava 26,16 bilhões de reais, mais uma vez abaixo da média diária do mês, de 37,55 bilhões de reais.

Dólar fecha em queda de 0,16%, a R$ 5,7588

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve queda nesta terça-feira, ao fim de uma sessão de intenso vaivém nos preços da moeda, conforme o mercado seguiu tentando entender as sinalizações emitidas pela dança das cadeiras nos ministérios do governo anunciada na véspera, num contexto de profundo receio com o caminho fiscal tomado pelo país.

O dólar à vista caiu 0,16%, a 5,7588 reais na venda, depois de variar entre 5,804 reais (+0,62%) e 5,7221 reais (-0,80%).

A volatilidade típica por causa da "briga" pela Ptax de fim de mês --desta vez acentuada pelo fato de março marcar também fim de trimestre-- também influenciou os preços, numa sessão de dólar forte em todo o mundo.

Custo fiscal está diferenciando Brasil de outros emergentes, diz Campos Neto

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SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O custo fiscal está diferenciando o Brasil de outros emergentes, o que se reflete na percepção de que o país é o caso "mais exacerbado" nesse grupo em que a inflação aumenta mais rapidamente como efeito da combinação entre câmbio em desvalorização e commodities em alta, disse nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O chefe do BC reiterou que o Copom decidiu subiu a Selic em ritmo mais rápido que o esperado pelo mercado por entender que, com o movimento transitório de inflação em alta, dessa forma poderia entregar um orçamento menor de juros. Contudo, ele alertou que um fiscal descontrolado reduz a eficiência da política monetária.

Campos Neto comentou que, em conversas com outros banqueiros centrais nos últimos meses, percebeu leniência com a inflação, que antes do "reflation trade" parecia um problema distante. O chefe do BC disse que o Brasil, à sua maneira, importou o conceito de que a inflação estava "morta", mesmo num período de fiscal doméstico ainda preocupante.

O "reflation trade" é um fenômeno que ocorre quando investidores adotam estratégias voltadas a ativos que tendem a se valorizar em tempos de maior inflação na esteira de recuperação de crises.

"Eu vejo a tentação de sempre fazer mais localmente. A gente vê que existe uma grande força benéfica de tentar fazer a economia pegar, de tentar ajudar os mais carentes, mas tem que existir a percepção de que o custo fiscal está nos diferenciando, está nos diferenciando de uma forma que, através da curva de expectativa, (isso) tem contribuído para esse movimento inflacionário", afirmou Campos Neto em live promovida pelo banco Daycoval.

"No caso do Brasil, com a nossa história, memória inflacionária recente, nós deveríamos mostrar um cuidado especial. (...) O BC está muito atento à inflação, sempre com muita transparência."

O real cai 9,4% ante o dólar em 2021, em termos nominais, segundo pior desempenho global e melhor apenas que a lira turca, que perde cerca de 11%. As commodities medidas pelo índice CRB saltam 10,2% neste ano, enquanto a inflação pelo IPCA-15 está em 5,52% em 12 meses até março, bem acima da meta de ​3,75% deste ano.

O prêmio de risco do Brasil medido pelo CDS de cinco anos está 226 pontos-base, bem acima dos 141 pontos-base do começo do ano.

Entre emergentes de perfil semelhante, o CDS do Brasil é sensivelmente superior aos de México, Colômbia, Chile e Rússia --todos entre 60 pontos-base e 134 pontos-base-- e está próximo ao da África do Sul (236 pontos-base) e abaixo do CDS turco (463 pontos-base).

O CDS é um derivativo que mede o risco de calote da dívida.

Campos Neto destacou ser impossível discutir qualquer cenário sem falar de pandemia e que duas coisas tiram seu sono: a necessidade de reabertura da economia --e, por tabela, de vacinação em massa-- e o descontrole fiscal, que, por sua vez, reduz a eficiência da política monetária.

O presidente do BC previu que a economia brasileira deve experimentar reabertura mais rápida com a vacinação de grande parte dos grupos de risco em dois ou três meses.

"Para todo o nosso cenário se concretizar, precisamos de uma reabertura da economia. Para isso, precisamos de uma vacinação que seja eficiente, para que as pessoas voltem a suas vidas normais", disse o chefe do BC, lembrando o conceito do "scary effects", que Campos Neto definiu como efeito medo de retomar rotinas.

Do lado fiscal, o presidente do Bacen citou que o Brasil só não é mais endividado entre países em desenvolvimento do que Angola e Líbia.

"É muito difícil você segurar o monetário quando o fiscal está descontrolado", afirmou. "Precisamos ter um pano de consolidação fiscal. Sempre digo que, nesse sentido, o BC não é o piloto, é o passageiro. Se a gente não conseguir achar equilíbrio fiscal, o lado monetário fica bem menos eficiente."

Veto parcial ou integral são alternativas para Orçamento aprovado no Congresso, diz Funchal

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BRASÍLIA (Reuters) - O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse nesta terça-feira que o governo pode vetar parcial ou integralmente a lei orçamentária de 2021 aprovada pelo Congresso Nacional, que promoveu remanejamento de 26,5 bilhões de reais em despesas, com a redução da estimativa de gastos obrigatórios do governo em favor de emendas parlamentares.

Em coletiva da imprensa virtual para comentar o resultado do governo central para o mês de fevereiro, Funchal afirmou que é dever do Tesouro diagnosticar o problema gerado pelas mudanças no Orçamento de "forma correta" para apontar soluções, e afirmou que essa discussão está em curso.

"Pode ser um caminho, veto integral e discute o Orçamento, (ou) veto parcial e manda um PLN (Projeto de Lei) realocando esses recursos, ou seja, recompondo as despesas obrigatórias. Então são caminhos, é difícil eu falar agora pois a discussão está acontecendo", disse.

Funchal defendeu que as despesas obrigatórias precisam ser recompostas "rapidamente" de forma que fiquem coerentes aos parâmetros inicialmente projetados.

"E nessa recomposição das despesas obrigatórias a gente ou vai ter que rever as emendas ou reduzir despesas discricionárias. Se não for reduzir emendas, e for resolver tudo por despesas discricionárias, ele vai ficar muito abaixo do mínimo do funcionamento da máquina pública, então vamos ter problema para rodar a máquina pública", disse, explicando que a situação pode afetar também a operacionalização das próprias emendas parlamentares.

Segundo Funchal, o nível considerado mínimo necessário pelo governo para as despesas discricionárias é de cerca de 70 bilhões de reais por ano.

O secretário disse, ainda, que subestimar as despesas obrigatórias sem nenhuma justificativa "robusta, técnica" também cria problemas e fragilidade na percepção sobre as regras fiscais do país. "É por isso que temos, rapidamente, (que) refazer ou recompor essas despesas, para não criar algum tipo de dúvida em relação às nossas regras", pontuou.

Em documento que trata do resultado do Tesouro de fevereiro, o órgão disse que a subestimativa de despesas obrigatórias prevista no Orçamento aprovado teria que ser compensada por corte nas emendas parlamentares para evitar uma "paralisação das atividades essenciais de Estado".

Funchal disse considerar positivo para as discussões em torno do ajuste a ser feito no Orçamento o fato de a deputada Flávia Arruda (PL-DF), que presidiu a Comissão Mista de Orçamento (CMO) no Congresso, vir a assumir o comando da Secretaria do Governo, responsável pela articulação política do governo.

"Talvez ela não tivesse a noção do problema que ia ser gerado na discussão na Comissão (Mista de Orçamento), e isso aí ficou claro depois. Sabendo do problema, da repercussão e das alternativas, acredito que pode ser positiva até porque (ela) participou, profundamente, de todo o processo".

Funchal também justificou o fato de a equipe econômica não ter encaminhado uma mensagem modificativa ao projeto de lei orçamentário de 2021, argumentando que havia o risco de atrasar a discussão e votação do Orçamento.

"O enviar (uma mensagem modificativa) requereria que fosse basicamente refeito o Orçamento", disse Funchal. "E você tinha o risco muito grande de atrasar muito mais a discussão e votação do Orçamento."

O secretário também afirmou não visualizar uma "burla" do Congresso na votação do Orçamento, afirmando que os atuais parlamentares já votaram importantes reformas fiscais ao país, como a PEC Emergencial e a da Previdência.

"É por isso que eu acredito que é muito mais por dois elementos. O primeiro, você teve esse descasamento da inflação, você tem compreensão das discricionárias, e segundo é a votação desse Orçamento, que já está em fim de março, precisa ser aprovado rapidamente. Acho que o processo em si não ajudou e nós devemos fazer nossa parte para corrigir."

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Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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