Financeiro, óleo de palma e outros fatores extra mercado mexem com preços da soja em Chicago
O mercado da soja teve um dia agitado na Bolsa de Chicago, testou ganhos de mais de 10 pontos ao longo do dia, porém, encerrou o pregão desta terça-feira (23) com pequenas altas de 5,75 a 7,50 pontos nos principais contratos, com o maio sendo cotado a US$ 14,23 e o setembro, US$ 12,72 por bushel.
Segundo explicam analistas e consultores, os futuros do grão foram, principalmente, motivados pelo rally entre os futuros do óleo de soja, que chegaram a subir quase 2% durante o dia entre suas posições mais negociadas na CBOT.
"O óleo tem sido um fator importante na recuperação dos preços. Ele tem trabalhado em cima das reduções de exportações de alguns países, como as de óleo de palma produzido na Malásia e Indonésia, e estes países com seus estoques mais apertados enxergaram uma demanda muito grande. A Malásia indicou que teve um incremento nas suas exportações da ordem de 7% em março até agora e os preços crescendo", explicou Mário Mariano, diretor comercial da Agrosoya e Novo Rumo Commodities.
Mariano citou o exemplo do Egito, que informou que tem estoques de óleos comestíveis para cinco meses e que deve voltar ao mercado fazendo novas compras, sendo mais um sinalizador importante para o mercado do derivado.
Em contrapartida, é possível ainda observar as margens de esmagamento apertadas em países importantes, até mesmo negativas na China, onde o processamento está menor neste momento diante do atual momento das margens.
"Os estoques de óleo na China estão muito baixos", explica a Agrinvest Commodities. E o quadro se repete no mundo todo, com os estoques globais dos óleos vegetais apertados, principalmente os de óleo de palma, que é o mais consumido no mundo e também registra patamares historicamente altos, depois de algumas perdas de safra nos últimos anos.
E há ainda, também como explica a Agrinvest, as perspectivas de "um aumento no programa americano de produção de biodiesel". Para o Brasil, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) elevou sua estimativa, na semana passada, para o esmagamento de soja no Brasil que pode chegar a 47 milhões de toneladas, volume recorde.
Atenção ainda sobre o clima nos Estados Unidos, que traz condições mais favoráveis ao início do plantio da safra 2021/22, bem como à demanda da China, que segue se mostrando ligeiramente mais tímida neste momento.
Também sobre a nova temporada norte-americana, o mercado se posiciona à espera do novo boletim que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz em 31 de março, o Prospective Plantings, com as primeiras projeções oficiais de área de plantio.
MERCADO NACIONAL
Para o analista, o atraso configurado e ainda presente nos embarques brasileiros de soja continua e o mesmo não deve ser equalizado ainda em março.
"Enquanto não tiver o andamento da colheita, a chegada adequada dos portos, onde os vencimentos de fevereiro e março estão ao mesmo tempo sendo obrigados a carregar esse produto, a pressão sobre os prêmios continua. E o outro fator é que também há muito encarecimento do transporte marítimo e isso também pressiona", explica Mariano.
Mais do que isso, ele destaca ainda a pressão exercida da alta da moeda brasileira frente à americana sobre o mercado internacional, o que também altera a visão dos compradores.
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