Dólar fecha em leve queda, mas mercado segue pressionado por fiscal
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou apenas em leve baixa nesta quarta-feira, depois de uma sessão de vaivém e com o real ficando atrás de pares, conforme incertezas fiscais e sobre política monetária seguiram a limitar a demanda pela moeda brasileira.
O dólar à vista caiu 0,20%, a 5,3717 reais na venda.
A moeda oscilou entre alta de 1,03%, para 5,4384 reais, e queda de 0,60%, para 5,3504 reais.
O real ficou mais uma vez aquém de vários pares emergentes. As moedas de Chile e Colômbia, por exemplo, subiam 1,3% e 0,5%, respectivamente.
O noticiário sobre risco de mais auxílio emergencial sem medidas para conter o impacto sobre as contas públicas seguiu sob os holofotes. Nesta quarta, o relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), defendeu a volta do auxílio e disse que os mais necessitados não podem esperar pelas reformas, conforme comentários de profissionais do mercado.
Nesta semana, o mercado já havia reagido mal a declarações do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que não se pode vincular um novo auxílio emergencial a PECs que poderiam compensar aumento de gastos.
Agentes financeiros têm refeito cálculos com a possibilidade de volta do auxílio, mas nos novos cenários consideram a aprovação de medidas que compensem o impacto fiscal. Entre as mais citadas está a PEC Emergencial, que estabelece gatilhos para conter despesas públicas.
Para Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management, o governo não tem uma base "supersólida" que respalde expectativa de aprovação "de tudo da agenda de reformas", e o caminho para tal não será fácil.
O maior risco neste momento, segundo ela, continua a ser uma ruptura "pé na jaca" do teto de gastos. "O risco é um fiscal muito frouxo. Se não aprovar reforma, vai ser ruim, mas isso teria menos impacto do que a ruptura do teto."
Em seu cenário-base, que não contempla furo "pé na jaca" do teto, o dólar termina 2021 entre 5,15 reais e 5,20 reais, na esteira de recuperação da economia no segundo semestre e de uma esperada fraqueza global do dólar.
Já com o mercado de câmbio à vista fechado, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o texto-base de projeto que confere autonomia formal ao Banco Central, de forma a garantir à instituição financeira que execute suas tarefas sem risco de interferência político-partidária.
Simbolicamente pinçada como a primeira medida a ser votada sob a gestão do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a proposta seguirá à sanção presidencial caso não seja alterada pela Casa durante a análise de emendas ao texto.
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