Nível de umidade do solo ainda é crítico em importantes áreas produtoras da soja, avalia Paulo Sentelhas
O plantio da soja já se encerrou em boa parte das principais regiões produtoras do país e, apesar do Mato Grosso já ter iniciado de forma pontual a colheita da safra 20/21, as condições do solo ainda preocupam em algumas áreas do país, levantando assim preocupação para o desenvolvimento da cultura que já teve seu plantio atrasado, outra consequência da irregularidade das chuvas em 2020.
A análise feita por Paulo Sentelhas, CTO da Agrymet e professor Esalq/USP, mostra que apesar do retorno efetivo das chuvas em boa parte do país a partir de novembro, a região central do Mato Grosso do Sul, sudoeste do Mato Grosso e centro-sul do Rio Grande do Sul apresentavam nesta quinta-feira (7) condições críticas para o solo. De acordo com o levantamento, as regiões apresentam menos de 40% da disponibilidade máxima da água no solo. "Quando se tem o volume abaixo disso já começa limitar o crescimento da cultura", explica o especialista.
Paulo destaca ainda que no Matopiba, especificamente no sul do Maranhão e oeste do Piauí, o volume de água disponível no solo é ainda mais baixo, atualmente entre 20 e 40% nessas áreas. "O plantio, apesar de atrasada e por isso a situação é ainda mais desfavorável, limita o desenvolvimento das plantas. Isso pode impactar na produtividade da soja, afetando assim o número de grãos", complementa.
Veja o mapa de água disponível no solo até esta quinta-feira (7):
Fonte: Agrymet
O cenário é preocupante, mas as previsões, no entanto, até o momento se mostram positivas para o trimestre. "Essa chuva prevista para janeiro é muito importante porque vai pegar justamente a fase mais crítica da cultura. Essa precipitação é fundamental para um cenário mais positivo para a soja", complementa.
De acordo com análise, também feita por Paulo Sentelhas, e com base nos modelos da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), a região sul do país deve ter chuvas dentro do normal em todos os estados e temperaturas ligeiramente acima do normal na região.
Já no Sudeste, a tendência é de chuvas levemente abaixo do normal em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e precipitação dentro do normal em São Paulo, com temperaturas ligeiramente acima do normal em toda área.
Para o Centro-Oeste, os modelos apontam para chuvas dentro normal em grande parte da região e com temperaturas ligeiramente acima do normal. Para o Nordeste, Sentelhas destaca chuvas ligeiramente abaixo do normal.
Previsão estendida - 15 dias
Segundo a atualização do modelo GFS, divulgada nesta quarta-feira pelo NOAA, a região Sudeste deve receber os maiores volumes de chuvas nos próximos sete dias, com acumulados de até 125 mm na região.
Entre 7 e 15 de janeiro, o NOAA mantém a condição de chuvas para o Centro-Oeste, com precipitação entre 60 e 70 mm. Áreas de Goiás podem registrar chuvas de até 100 mm no período. O modelo mostra também o avanço da umidade para o Matopiba, com precipitação entre 70 e 80 mm.
Mantém também a condição de chuva para a região sul do Brasil, com precipitação entre 40 e 50 mm nos três estados. A tendência, no entanto, é de mudança nos padrões para parte da região sul a partir do dia 15. Segundo o modelo, boa parte do Rio Grande do Sul deve ter um período de pausa nas chuvas. Extremo norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm previsão de chuvas entre 80 e 90 mm.
O modelo indica que entre 15 e 23 de janeiro, os volumes devem aumentar de forma expressiva em todo o Centro-Oeste, com até 125 mm no período. As mesmas condições são esperadas para áreas do Matopiba. No Sudeste, a tendência é de permanência das chuvas.
Veja o mapa de previsão estendida para todo o Brasil:
Fonte: NOAA
Para as próximas 24 horas, a previsão mantém a chance de temporal em quase todo o país. "o ar quente úmido que está espalhado por quase todo Brasil e isto mantém as condições para formação de muitas nuvens carregadas, com potencial para provocar fortes pancadas de chuva nesta quinta-feira sobre a maioria das áreas do país", afirma a Climatempo.
Falando em volumes, o modelo Cosmo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mostra os maiores volumes o oeste do Paraná, norte do Mato Grosso e áreas do Sudeste, com acumulados entre 20 e 30 mm em todas áreas.
A Climatempo destaca para alerta de temporais no extremo sul de Mato Grosso, no sul de Goiás, em todo Mato Grosso do Sul, na região do Triângulo Mineiro, na Grande Belo Horizonte, no Sul de Minas, na Zona da Mata mineira e no interior do estado do Rio De Janeiro.
"Alerta para temporais também no norte e no centro-leste do estado de São Paulo, incluindo a Grande São Paulo, em Curitiba e no leste e oeste do Paraná , no Vale do Itajaí e no oeste catarinense", complementa a previsão.
Veja o mapa de previsão de precipitação para as próximas 93 horas:
Fonte: Inmet
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