BC mantém Selic em 2% mas acena com possivel alta nas taxas de juros

Publicado em 09/12/2020 19:42

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BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve nesta quarta-feira a Selic na mínima histórica de 2% ao ano, na terceira vez consecutiva que optou por deixá-la no mesmo nível, e destacou que, em função do quadro inflacionário, as condições para seu compromisso de não elevar os juros básicos podem em breve não estar mais satisfeitas.

Apesar disso, o BC destacou que uma alta da Selic não seria um processo mecânico.

"Desde a adoção do forward guidance, observou-se uma reversão da tendência de queda das expectativas de inflação em relação às metas para o horizonte relevante. Além disso, ao longo dos próximos meses, o ano-calendário de 2021 perderá relevância em detrimento ao de 2022, que está com projeções e expectativas de inflação em torno da meta", disse o BC, no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom).

"A manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas, o que não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade", acrescentou.

BC mantém Selic e sinaliza queda do forward guidance no 1º semestre de 2021

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Veja comentários de profissionais do mercado financeiro:

HELENA VERONESE, ECONOMISTA-CHEFE, AZIMUT BRASIL WEALTH MANAGEMENT

"Em momento algum eles tinham sinalizado que poderiam retirar o forward guidance. Agora, sim, eles iniciaram, então isso foi uma grande mudança no comunicado. No geral, acho que o BC quer deixar o caminho livre. Tem risco fiscal e do câmbio, mas por outro lado tem uma atividade que ainda está muito fraca, então ele não pode subir os juros loucamente. Ainda há uma parte da atividade que precisa de estímulo monetário. Acho que nem o BC sabe ainda os próximos passos. Tem coisas a serem definidas, algum programa de transferência de renda, início de votação de reformas. Não vejo alta de juros na primeira reunião do ano, mas talvez no fim do primeiro semestre."

PALOMA BRUM, ECONOMISTA, TORO INVESTIMENTOS

"O Banco Central deve começar a subir juros apenas no segundo semestre de 2021, a julgar pela sinalização dada no comunicado de hoje. O forward guidance deverá ser retirado talvez na reunião de maio, mas a economia ainda deverá estar engatinhando, com inflação não ameaçando a meta. Essas condições, associadas à referência do BC à sugestão pelos principais bancos centrais de que os estímulos monetários terão longa, indicam que o BC não parece ter pressa para subir os juros, contanto que não haja agravamento de questões fiscais."

LUIZ OTÁVIO DE SOUZA LEAL, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO ALFA

"Eu achei o comunicado (do Copom) um pouco mais 'hawkish' do que o que estava esperando porque o BC acrescentou um parágrafo no qual ele cita a possibilidade de retirar o forward guidance. Esperava que fosse um comunicado totalmente neutro. É provável que amanhã a gente tenha alguns ajustes na parte curta da curva de juros."

CARLOS PEDROSO, ECONOMISTA-CHEFE, MUFG BRASIL

"O comunicado reforça nossa expectativa de que os juros começam a subir em agosto, com o BC devendo retirar o forward guidance no segundo trimestre de 2021. Embora gradual, a normalização dos juros vai ocorrer, uma vez que em meados do ano que vez estaremos em consolidação da recuperação. Vemos a Selic em 3,75% ao fim de 2021, com alta inicial de 0,25 ponto percentual (em agosto) e três elevações de 0,50 ponto até o fim do ano."

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Fonte:
Reuters

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