Milho acumula desvalorizações nesta semana, mas limite de baixas está próximo, diz Brandalizze
Os preços do milho no Brasil acumularam perdas durante toda essa semana. Na sexta-feira passada, 27 de novembro, a saca do cereal fechou o dia valendo R$ 79,27 de acordo com o Indicador ESALQ/BM&FBOVESPA do Cepea e caiu 4,79% até o fechamento da quinta-feira (03) que foi no valor de R$ 75,47.
Em diversas praças do mercado físico este recuo também foi detectado. Em Cascavel/PR a queda foi de 3,62%, Palma Sola/SC perdeu 5,41%, Sorriso/MT recuou 5,08%, Jataí/GO baixou 1,52%, Brasília se desvalorizou 2,94% e Luís Eduardo Magalhães/BA retrocedeu 6,06%, por exemplo.
Até mesmo as cotações futuros na Bolsa Brasileira (B3) registraram recuo durante todos os pregões desta semana. O vencimento janeiro/21 caiu 7,61% saindo de R$ 78,60 e indo para R$ 72,62, enquanto o março/21 perdeu 6,68%, o maio/21 baixou 4,95% e o julho/21 retrocedeu 2,61%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, este movimento é normal para a primeira semana de dezembro, quando as indústrias de ração começam a entrar em férias coletivas e manutenção de equipamentos para se prepararem para retomar as atividades na segunda semana de janeiro.
“O período tem queda forte na demanda por ração do setor granjeiro, que já consumiu muito anteriormente para se preparar para os abates do final de ano. Então houve essa queda forte nas cotações onde estava muito valorizado”, explica.
Essa pressão de demanda deve seguir desta maneira durante o resto de dezembro e janeiro do próximo ano, mas as quedas nos preços do cereal não devem se aprofundar ainda mais. O analista enxerga que o limite para baixas está perto com os preços internos chegando aos dos portos.
“O milho está entre R$ 72,00 e R$ 75,00 nas indústrias e gira entre R$ 68,00 e R$ 70,00 nos portos e isso faz o mercado se alinhar nesses níveis. Mesmo com a colheita da safra verão em janeiro, o espaço de baixa é pequeno, de cerca de R$ 5,00 a saca, caso o contrário, o mercado deixa de vender internamente e se volta novamente à exportação”, pontua Brandalizze.
Diante desse cenário, Vlamir destaca que o produtor brasileiro precisa seguir acompanhando o desenvolvimento das lavouras da safra verão e que, talvez, não seja uma boa opção buscar novas vendas ainda em dezembro.
“Pode até ser que os preços de janeiro vão estar mais baixos do que os atuais de dezembro, mas novas vendas ainda este mês vão entrar neste ano fiscal e o produtor vai acabar pagando mais impostos do que essa diferença de preços em janeiro. Então ele vai vender por menos, mas, ainda assim, terá uma melhor condição financeira”, diz.
Para esta safra verão que começará a ser colhida em janeiro, o analista estima que, mesmo com as chuvas dos últimos dias, muitas perdas já são irreversíveis, reduzindo o tamanho da primeira safra brasileira das 27/28 milhões de toneladas estimadas para algo em torno de 22 milhões. “O Rio Grande do Sul já perdeu 25% da safra indo de 6 milhões de toneladas para 4,5 milhões. Santa Catarina também perdeu algo parecido e dificilmente passará das 2,3 milhões de toneladas quando o esperado eram mais de 3 milhões”, exemplifica.
Exportações
O mês de novembro foi encerrado com o Brasil exportando 4.896.436,40 toneladas de milho não moído, um patamar superior à novembro de 2019 e que deixa este como o melhor novembro da história para exportação do cereal.
Apesar disso, o ímpeto exportador recuou na reta final do mês e não foi possível chegar nas 5,44 milhões de toneladas estimadas pela Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).
“O dólar em queda e os valores de porto entre R$ 70,00 e R$ 72,00 que estavam em novembro não atraíram novos negócios. Foi embarcado somente o que já estava contratado e vendas de última hora não aconteceram. Muitos navios que saíram do país não estavam totalmente cheios devido a essa situação”, comenta Brandalizze.
O analista acredita que o país deve exportar mais 3,4 milhões de toneladas durante o mês de dezembro para encerrar o ano de 2020 com um total de 33 milhões de toneladas, abaixo das estimativas iniciais de 34,5 milhões.
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