Fixação biológica de nitrogênio no solo economiza US$ 14 bilhões por safra de soja no Brasil
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Entrevista com Mariangela Hungria - Pesquisadora da Embrapa Soja sobre os Cientistas mais influentes do mundo
DownloadNa Embrapa Soja: Mariangela Hungria está entre os cientistas mais influentes do mundo
A pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, e outros 15 pesquisadores da Embrapa, estão entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com estudo da Universidade de Stanford (EUA). O estudo entitulado Updated science-wide author databases of standardized citation indicators foi feito a partir de um banco de dados mundial com sete milhões de cientistas e publicado no journal Plos Biology. No estudo foram usadas as citações da base de dados Scopus, que atualiza a posição dos cientistas em dois rankings: o impacto do pesquisador ao longo da carreira e; 2) o impacto do pesquisador em 2019.
Entre as linhas de pesquisa em que Mariangela Hungria atua estão os aspectos agronômicos da fixação biológica do nitrogênio, biodiversidade microbiana; microbiologia do solo; bactérias promotoras do crescimento de plantas; inoculantes microbianos; entre outros. A pesquisadora da Embrapa tem mais de 700 publicações (trabalhos, livros, capítulos de livros, publicações técnicas).
FBN - Para conhecer a dimensão do seu trabalho, a pesquisadora explica que para produzir 1 tonelada de soja são necessários cerca de 80 kg de nitrogênio. Esse nutriente é o mais requerido pela cultura e pode ser obtido gratuitamente na natureza, por meio de algumas bactérias do gênero Bradyrhizobium (risóbios). De acordo com a pesquisadora, essas bactérias são capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas. A fixação biológica do nitrogênio dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados; produtos que além de aumentar os custos de produção, podem ser prejudiciais ao ambiente.
Além dos trabalhos com rizóbios em soja, Mariangela também já coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e o trigo e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e melhoria das pastagens. A pesquisadora trabalha com várias parcerias privadas no desenvolvimento de novos inoculantes e já tem vários produtos registrados e comercializados.
Currículo - Mariangela possui graduação em Engenharia Agronômica (USP), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (USP – ESALQ), doutorado em Agronomia (UFRRJ) e pós-graduação em três universidades: Cornell University, University of California e Universidade de Sevilla. A pesquisadora foi representante da área ambiental e do solo da Sociedade Brasileira de Microbiologia por 20 anos e é representante brasileira na rede de biofertilizantes Ibero-Americana Biofag e Agromicrobios. Além disso, atuou como vice-presidente e presidente da RELARE (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola). Atualmente é consultora da Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África, bem como de projetos na Argentina e no Peru e tem projetos em colaboração com a Espanha, Austrália, França.
Reconhecimento – Desde 2008, Mariangela é membro titular da Academia Brasileira de Ciências. No mesmo ano recebeu o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República pela contribuição na área de Ciências Agrárias. Em 2010 recebeu o trofeu Glaci Zancan Mulheres de Ciência do Paraná e o prêmio Honorary Scientist & Advisor on Agricultural Green Technology do Rural Development Administration (RDA), da República da Coreia. Em 2012 recebeu o prêmio Frederico de Menezes Veiga, da Embrapa, sobre o tema Agricultura na Economia de Baixa Emissão por seus trabalhos em fixação biológica do nitrogênio. Recebeu o Prêmio Claudia Categoria Ciências (2015), Medalha de Mérito pelo CREA-PR (2018), Medalha de Mérito Nacional CONFEA/CREA (2018), Medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico (ONMC), da Presidência da República, na classe Grã-Cruz, área de Ciências Agrárias (2018); Prêmio Antonio Carlos Moniz da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (2019).
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