Monitor de Secas indica redução da seca nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste em outubro
O mapa do Monitor de Secas (divulgado pela Agencia Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA) com atualização dos dados de outubro mostra alterações no cenário da seca, com melhora nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do País, e piora no Sul e Nordeste.
Dos 19 estados participantes, sete tiveram piora na condição de seca relativa (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio Grande do Sul), em comparação ao mês de setembro. Por outro lado, seis tiveram melhora no quadro (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal), com redução da seca. Os outros ficaram em situação similar à registrada em setembro.
Se destaca em outubro o Distrito Federal, com o desaparecimento da seca em 100% de seu território. Também tiveram redução na área com seca, em comparação ao mês anterior, o Rio de Janeiro, com uma diminuição de 37% do território coberto por seca, o Espírito Santo com 27% e Minas Gerais com 16%.
Por outro lado, o maior aumento na área com seca (50%) foi registrado no estado do Rio Grande no Norte, que passou a ter 83% do seu território sob influência do fenômeno. Em geral, nos estados do Nordeste o cenário foi de expansão territorial da seca: Paraíba teve aumento de 38%, Alagoas de 23%, Ceará de 17%, Sergipe de 14%.
Quanto à severidade da seca, a Região Sul apresenta os maiores aumentos no País na categoria de seca grave, sendo 34% em Santa Catarina e 12% no Paraná. No Rio Grande do Sul, que em outubro passa a ter 100% do seu território coberto por seca, também houve intensificação da condição, com destaque para o aumento de 44% na área com seca moderada.
Situação por estado
Alagoas
Outubro, em Alagoas, é caracterizado por poucas chuvas em quase todo o estado. As chuvas observadas ficaram abaixo da média na região leste e acima da média no extremo oeste. Este quadro, apoiado pelos indicadores de seca, levaram a um avanço da área de seca fraca na região centro-norte do estado. Predominam os impactos de curto prazo (C), ficando somente parte da porção oeste sob impactos de seca de curto e longo prazo (CL).
Bahia
O estado da Bahia apresentou uma distribuição dos totais pluviométricos observados variada, com os desvios positivos ocorrendo na região centro-sul e parte do oeste e norte, e os desvios negativos concentrado na região centro-leste, oeste e em algumas áreas do litoral. Com base nos indicadores de seca, houve um recuo da seca fraca (S0) na porção central e extremo-sul, ampliando assim a área sem seca. A seca moderada (S1) no sul-sudoeste também teve um recuo significativo. Quanto aos impactos, foi observada uma redução nas áreas com impacto de longo prazo (L) ao leste. No oeste houve o surgimento de uma área sob impactos de curto prazo (C), ficando o restante do estado sob impactos de seca de curto e longo prazo (CL).
Ceará
Outubro, no Ceará, é caracterizado por ser um mês com baixa pluviosidade. As chuvas observadas acompanharam a média histórica em praticamente todo o território do estado. Os indicadores de seca apontam para uma expansão da área de seca fraca (S0) em direção ao litoral, principalmente por causa das altas temperaturas registradas durante este mês. Excetuando a região centro-leste, onde os impactos da seca são de curto e longo prazo (CL), o restante do estado apresenta impactos apenas curto prazo (C).
O Distrito Federal apresentou chuvas acima da média climatológica, suficiente para que os indicadores de seca apresentassem uma melhora e apontassem para uma regressão da seca em toda a região, ficando sem seca relativa.
Espírito Santo
No Espírito Santo, a climatologia da precipitação em outubro é em torno de 120 mm. As chuvas observadas neste mês ficaram acima da média, o que fez com que os indicadores de seca apontassem uma melhora, justificando o recuo da área com seca fraca (S0), ficando ela restrita a porção noroeste do estado, com impactos apenas de curto prazo (C).
Goiás
No estado de Goiás, outubro, historicamente se caracteriza por apresentar totais pluviométricos em torno de 110 mm. Nas regiões leste e noroeste, foram observadas chuvas acima da média, enquanto nas áreas mais ao sul e ao norte do estado, as chuvas ficaram abaixo da média. Avaliando-se os indicadores, tanto de curto como de longo prazo, sugere[1]se o recuo da seca fraca (S0) na porção oeste do estado, ficando esta área sem seca relativa. Nas áreas sob seca, os impactos, permanecem de curto e longo prazo (CL).
Maranhão
No Maranhão, outubro é caracterizado por baixa pluviosidade em grande parte do estado, excetuando a região sul. A região centro-oeste foi a que apresentou anomalia negativa mais expressiva, o que foi determinante para promover o aumento de área com seca moderada (S1), bem como para o surgimento de uma área com seca grave (S2) na divisa com o estado de Tocantins. Os impactos permanecem de curto e longo prazo (CL) na porção central, e de curto prazo (C) no restante do estado.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, as precipitações observadas em outubro foram, na porção norte e leste, acima da média. Já no sul e oeste (Triângulo Mineiro), as precipitações observadas ficaram abaixo e em torno da média. Isto propiciou o recuo das áreas sob seca fraca (S0) e moderada (S1) na região centro-leste e, em contrapartida, um avanço das áreas sob seca moderada (S1) e grave (S2) no sul. Impactos de longo prazo (L) ainda se fazem sentir no nordeste do estado; de curto e longo prazo (CL) em porções ao norte, oeste e sul, e no restante , permanecem impactos de curto prazo (C).
Mato Grosso do Sul
Em outubro, Mato Grosso do Sul apresenta, historicamente, precipitações mais altas no sul do estado, e menores ao norte. Este ano, outubro marcou o retorno gradual das chuvas no estado. Com base na análise dos indicadores, tanto de curto como de longo prazo, fez-se um recuo da seca extrema (S3) e da seca grave (S2) no centro-oeste. Agora, todo a área de seca do estado está sob impacto de curto e longo prazo (CL).
Paraíba
A Climatologia da precipitação de outubro na Paraíba é baixa. As chuvas observadas acompanharam a média histórica. Em função disso, os indicadores de seca apontam para não só a permanência da seca já instalada, como no aumento da área de seca fraca no oeste, e no avanço da seca moderada (S1) para leste. Os impactos da seca permanecem de curto (C) e curto e longo prazo (CL).
Paraná
No mês de outubro, as chuvas ficaram abaixo da normalidade em todo o estado do Paraná, principalmente na região sul. Isto se refletiu na piora dos indicadores de seca, que acabaram apontando para um avanço da seca grave (S2) para toda a região sul. Os impactos, que antes eram de longo prazo (L) na porção centro-oeste e de curto e longo prazo (CL) nas demais áreas, passaram a ser apenas de curto e longo prazo (CL) em todo o território.
Pernambuco
Pernambuco apresenta, em outubro, uma climatologia de precipitação baixa. As chuvas observadas basicamente acompanharam a média histórica nas diversas regiões, com exceção de parte da porção centro-leste, a qual apresentou desvios positivos. Com base nos indicadores de seca, houve um pequeno avanço da seca fraca (S0) nas regiões leste e norte, e um avanço da seca moderada (S1) em uma pequena área no extremo oeste, divisa com a Bahia. Os impactos associados a seca continuam de curto e longo prazo (CL) no leste e sudoeste, e de curto prazo (C) no restante do estado.
Piauí
A climatologia de outubro no Piauí apresenta um gradiente bem definido, com norte mais seco quando comparado com o sul. A chuva observada este ano acompanhou a climatologia, com exceção da porção central e uma faixa na região sul, que apresentaram desvios positivos de precipitação, mas não o suficiente para melhorar o atual quadro da seca instalada. Houve um pequeno avanço da seca moderada (S1) próximo a porção oeste do estado de Pernambuco, em função da piora dos indicadores de seca dessa região. Quanto aos impactos, não houve alterações.
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, em outubro, apresenta uma climatologia da precipitação em torno de 90 mm. Nesse período, chuvas acima da média ocorreram na região centro-norte do estado, enquanto no sul foram observadas áreas com chuva abaixo e em torno da média. Com base nos indicadores de curto prazo, houve o recuo da área com seca fraca (S0) no norte e porção central do litoral, assim como da área com seca moderada (S1) na porção centronorte. Toda a área com seca está sob impactos de curto prazo (C).
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, a climatologia da precipitação em outubro é baixa, e as chuvas observadas ficaram em torno da normal. Isto fez com que houvesse um agravamento dos indicadores de seca, principalmente por conta das altas temperaturas observadas neste período. Assim, a seca fraca (S0) avançou por quase todo o estado, excetuando a região extremo leste, que permaneceu sem seca. Também houve um pequeno avanço da seca moderada (S1) na fronteira com a Paraíba. Predominantemente os impactos observados da seca são de curto prazo (C), excetuando algumas pequenas áreas do sul e sudoeste, onde tem se impactos tanto de curto como de longo (CL).
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, as chuvas abaixo da média em todo o estado, principalmente no centro-norte e oeste, favoreceram o surgimento da seca fraca (S0) no norte, o avanço da seca moderada (S1) no norte e oeste, e o avanço, em menor escala, da seca grave (S2) no extremo norte, deixando assim de existir área sem seca relativa. O estado ficou sob impacto de curto e longo prazo (CL), com exceção da área onde houve o surgimento de seca fraca (S0), que ficou com impacto de curto prazo (C).
Santa Catarina
Em Santa Catarina, outubro é historicamente um mês com valores elevados de precipitação no oeste (em torno de 250 mm), diferente do leste que possui valores menores em torno de 120 mm). Em 2020, o mês de outubro ficou com chuvas abaixo da média, principalmente na porção centro-oeste. As chuvas abaixo da média favoreceram o avanço da seca grave (S2) para oeste e sul, cobrindo praticamente todo o estado, com exceção da região sudeste, que continuou com seca moderada (S1). Os impactos da seca são de curto e longo prazo (CL) em todo o estado.
Sergipe
Sergipe apresenta, para outubro, uma climatologia da precipitação baixa. As chuvas que ocorreram neste mês foram acima da média na porção noroeste e abaixo da média, no extremo nordeste e grande parte do sul. Poucas foram as áreas que acompanharam a climatologia. Os indicadores apontam para um aumento de área sob seca moderada (S1) em direção ao litoral, assim como um avanço da seca fraca (S0) ao sul. Os impactos continuam de curto prazo (C) no sul e leste, e de curto e longo prazo (CL) no norte e noroeste.
Tocantins
As chuvas de outubro em Tocantins, historicamente, têm volumes baixos no norte, diferente do centro do estado, onde possui valores maiores de precipitação. Este ano, outubro teve chuvas predominantemente abaixo da média, mas com algumas áreas no leste, sul e norte com desvios positivos. Apesar disso, somente a região extremo norte do estado apresentou indicadores que levaram ao surgimento de uma seca grave (S2), na divisa com o oeste do Maranhão. Excetuando duas áreas, no sudeste e norte, onde a seca está sob impacto de curto prazo (C), o restante do estado está sob impactos de curto e longo prazo (CL).
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 15 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por esse tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para incluir outras regiões. O primeiro estado de fora do Nordeste a entrar foi Minas Gerais em novembro de 2018. O Espírito Santo foi o próximo a aderir em junho de 2019. Em 2020, passaram a integrar o Mapa do Monitor: Tocantins (janeiro), Rio de Janeiro (junho), Goiás (julho), Distrito Federal (julho) e Mato Grosso do Sul (agosto).
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno.
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