Cooxupé desmente estoques excessivos e diz que "esse é o melhor momento do café"
A safra 2020 já está praticamente encerrada, colhida a estocada nos armazens. Mas notícias distribuídas por agencias internacionais, levantaram suspeitas de que a produção estaria acima do esperado, com armazens atulhados de sacas e com entregas armazenadas até mesmo em carrocerias de caminhões.
O exagero ocasionou na derrubada dos preços. Para desfazer as desinformações, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé (maior cooperativa de cafeicultores do mundo), prestou esclarecimentos ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira, e revelou numero atuais de estoques e de mercado da cooperativa.
Nas 38 unidades da Cooxupé foram e ainda estão sendo recebidos 7,8 milhões de sacas, com um crescimento na oferta de aproximadamente 10% a mais do previsto. E com um importante detalhe: 80% desse volume já está todo vendido, tanto no mercado internacional como pelos próprios cooperados, que atenderam, lá atrás, sugestão dos técnicos da cooperativas, para aproveitarem os bons preços praticados naquela ocasião.
--"O resultado é que o cooperado está entregando seu café acima de 600 reais, preços superior ao que está sendo negociado pelo mercado fisico, atualmente", explica Carlos Augusto.
-- Outro fator, zeramos o excesso de oferta na entrada da safra que costumava jogar o preço para baixo. O produtor pode segurar, pois praticou a modalidade chamada de "café com lucro", antecipando as vendas nas entressafras do mercado.
Em resumo, Carlos Augusto deixou claro que a cooperativa estava e está preparada para receber mais café (tanto que finaliza a construção de uma enorme unidade de recebimento na região do Cerrado, em Patrocinio (MG),e que a próxima meta é superar os 8 milhões de sacas recebidas em seu armazens.
-- É resultado do planejamento e da confiança dos cooperados", finaliza Rodrigues de Melo.
(A Cooxupe congrega 15.590 cooperados, sendo a quase totalidade formada por pequenos e micros produtores. A cooperativa, em suas 38 unidades, é atendida por 2.544 colaboradores).
Posicionamento da Cooxupé:
SAFRA:
A Cooxupé faz um trabalho de acompanhamento da previsão de safra da sua área e desde o início do ciclo já prevíamos que seria um ano de safra cheia, mas muito parecida com a safra realizada em 2018.
A Conab divulgou na terça-feira o terceiro levantamento da safra de café brasileiro, sendo 61,6 milhões de sacas. De acordo com a Conab, o arábica respondeu por 47,38 milhões de sacas. Em 2018 essa produção foi 47,48. Como havíamos falado, que ficaria com os números de produção muito próximos de 2018.
CORONAVÍRUS E COLHEITA:
Certamente a pandemia do novo coronavírus trouxe muitos desafios a todos os setores econômicos e produtivos do mundo e apesar dos impactos, o agronegócio brasileiro – dentro de suas possibilidades – não parou, ou seja, mantendo cadeias de produção em atividade e abastecimento.
Mesmo com a pandemia, a safra não foi interrompida, porém cuidados e adaptações nas propriedades agrícolas e nas lavouras foram implantados, com apoio e orientação de entidades como CNC, FAEMG, SENAR-MG, sindicatos rurais e secretarias de saúde dos municípios. Estes cuidados envolveram todos os processos da safra incluindo refeitórios, transportes, alojamentos, o distanciamento dos colhedores nos talhões de café, entre muitos outros. Assim, a colheita ocorreu com muita segurança.
O clima favorável contribuiu muito para o bom desempenho da colheita de café na área de ação da Cooxupé e tivemos uma alta qualidade dos cafés. No período de maio até início de setembro, não tivemos chuvas nas áreas em que a cooperativa atua e isto propiciou uma qualidade superior do café.
MERCADO
Na entrada da safra de 2020, os cafés previstos para recebimento na Cooxupé já estavam 60% vendidos.
E por que isso?
Porque os produtores ao longo dos últimos anos têm usado as ferramentas de mercado futuro, sejam CPR, garantia de preço ou as trocas de maneira muito oportuna e inteligente.
O produtor mudou muito. Hoje ele deixa a especulação para trás e está atento ao mercado, participa fortemente nos momentos adequados, renova as lavouras com técnicas modernas e trabalha fortemente para diminuir seus custos.
Prova disto é que a Cooxupé zerou o excesso de oferta em ocasiões de entrada de safra que costumavam jogar o preço para baixo. Vocês podem observar que nós não temos mais esse fenômeno. E este ano passamos inclusive uma safra inteira com preços satisfatórios, acima dos níveis observados nos últimos tempos.
ESTOQUE / RECEBIMENTO
Como falei anteriormente, tivemos um recebimento pouco acima do previsto, mas nada fora da realidade. Tínhamos uma meta de recebimento de 7,2 milhões de sacas e esse número pode chegar a 7,7 ou 7,8 milhões.
Os embarques fluíram normalmente, com os negócios internacionais um pouco acima do previsto também. O que chama atenção nesse tema é que quase 80% desta safra já foi vendida. É claro que esses embarques estão previstos até o início do ano de 2021. Mas mesmo assim, entendo que esses 20% são pouco para atender a demanda esporádica daqui até a entrada da safra do ano que vem.
Portanto, temos um cenário de normalidade no momento, mas que pode ser tornar mais complicado para frente, dependendo do nível de demanda.
CLIMA/CHUVAS
Se por um lado o clima seco favoreceu a colheita e a qualidade, agora estávamos à espera das chuvas. E elas chegaram conforme o previsto.
Esperamos que sejam fartas e generosas ao longo do ciclo, porque nossos cafezais estavam muito debilitados por conta da colheita e já sentindo a falta de chuva.
PRÓXIMA SAFRA
O café ainda tem essa característica forte da bienalidade e é uma indústria a céu aberto, muito dependente dos fatores climáticos. Os anos ímpares são considerados ciclo de safra baixa para o arábica e acreditamos que não seja diferente disso. (Ascom-Cooxupé).
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