Retratos do Brasil: prefeito, armado, ameaçando partidários de Bolsonaro; e o menino poeta do Pará

Publicado em 21/09/2020 15:04 e atualizado em 21/09/2020 15:49
Tempo & Dinheiro - com João Batista Olivi
Assista a íntegra do programa Tempo&Dinheiro desta segunda-feira, 21 de setembro de 2020, com apresentação de João Batista Olivi
E mais:
Alessandra Mello: Dólar e bolsa sofrem pressão internacional;
Vlamir Brandalizze: Chicago perde fôlego e Soja recua;
Sérgio Braga: Boi em alta e carne também. China dita os preços no Brasil;
Vlamir Brandalizze: Indústrias de ração comprando Milho para o final do ano;
Frederico Olivi: Integração de milho consorciado com braquiária resulta, com o Katrina, num stand homogêneo;
Renato Dias: Maia ignora ditadura na Venezuela e critica presença do Secretário de Estado dos EUA em Roraima;
Daniel Olivi (Por dentro do Notícias Agrícolas): podcast com a história do café - por Eduardo Carvalhaes; e
Alessandra Mello: Focus aumenta previsão para inflação pela sexta semana seguida.

Balança: Superávit na 3ª semana de setembro foi de US$ 1,506 bilhão

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A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,506 bilhão na terceira semana de setembro (de 14 a 20). De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 21, pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, o valor foi alcançado com exportações de US$ 4,357 bilhões e importações de US$ 2,851 bilhões.

Houve queda de 1,3% na média diária das exportações na comparação com o mesmo mês do ano passado, com aumento de 8,4% em agropecuária, de 28% na indústria extrativa e queda de 14,3% em produtos da indústria de transformação.

Já as importações registraram queda de 25,6%, com recuo de 25,6 %em produtos da indústria de transformação, de 37,4% em indústria extrativa e de 37,4% em agropecuária.

No mês de setembro, a balança tem superávit US$ 4,794 bilhões até o dia 20, com exportações de US$ 12,396 bilhões e importações de US$ 7,602 bilhões.

No acumulado do ano, o saldo comercial é superavitário em US$ 41,075 bilhões, 26,1% a mais do que no mesmo período do ano passado. O valor é resultado de exportações de US$ 150,717 bilhões (-6,2%) e importações de US$ 109,642 bilhões (-13,7%).

 

Bolsas da Europa têm pior pregão em mais de 3 meses com escândalo e covid-19

As bolsas da Europa fecharam com robustas perdas nesta segunda, 21, em um dia marcado pela fuga de ativos de risco, na esteira da revelação de um escândalo financeiro envolvendo grandes bancos. Temores de que a segunda onda de coronavírus no continente possa levar à imposição de novas restrições de movimento também causaram desconforto nas mesas de operações.

Nesse ambiente, o índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou em queda de 3,24%, a 356,82 pontos, com o recuo mais acentuado desde 11 de junho.

As denúncias contra as instituições financeiras foram reveladas em reportagem do BuzzFeed News, em parceria com Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, pela sigla em inglês). A matéria apresenta documentos que apontam para a realização de mais de US$ 2 trilhões em transações suspeitas entre 1999 e 2017. Estariam envolvidos na suposta fraude pelo menos cinco bancos: JPMorgan, HSBC, Standard Chartered Bank, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon.

Para o presidente do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Tim Adams, as alegações enfatizam a importância de reformas que contribuam para o combate à corrupção. "Os impactos do crime financeiro são sentidos além do setor financeiro - ele representa graves ameaças para a sociedade como um todo", destacou.

Em meio às repercussões do caso, o subíndice do setor financeiro do Stoxx 600 cedeu 1,34%, a 78,79 pontos. Na Bolsa de Londres, a ação do HSBC despencou 5,20%, e do Standard Chartered Bank perdeu 5,82%. O desempenho dos dois papéis pressionou o índice FTSE 100, referência no mercado britânico, que recuou 3,38%, a 5 804,29 pontos.

No Reino Unido, os negócios ficaram prejudicados também por conta do avanço do coronavírus, que levou o primeiro ministro Boris Johnson a mencionar a possibilidade de novas restrições de movimentos. Na França, entre sábado e domingo, foram registrados mais de 13 mil diagnósticos da doença, no maior avanço diário desde maio.

Por todo o continente, as áreas tiveram uma sessão de fortes quedas, em meio às preocupações a respeito da imposição de medidas de distanciamento social. No mercado inglês, IAG, que controla British Airways e Iberia, desabou 12,08%. Em Paris, Air France-KLM se desvalorizou 7,63%, enquanto o índice CAC 40 baixou 3,74%, a 4.792,04 pontos.

A bolsa de Frankfurt liderou as perdas entre as praças europeias, com o índice DAX em baixa de 4,37%, a 12.542,44 pontos. A ação do Deutsche Bank, citado na reportagem do BuzzFeed, registrou perda de 8,76%.

Na Península Ibérica, o Ibex 35, de Madri, caiu 3,43%, a 6 692,30 pontos. O PSI 20, de Lisboa, recuou 2,22%, a 4.158,14 pontos. 

 

Bolsonaro vai rebater críticas na ONU e denunciar perseguição ao Brasil

Pressionado por organizações internacionais pelas queimadas recordes na Amazônia e no Pantanal, o presidente Jair Bolsonaro usará o discurso de abertura nos debates da 75.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, 22, para rebater críticas de que o governo brasileiro segue inerte na questão ambiental. Bolsonaro, mais uma vez, deve afirmar que há uma perseguição contra o Brasil.

Em seu pronunciamento, o presidente também argumentará a favor da atuação de seu governo no enfrentamento à covid-19, que adotou diretrizes contrárias às recomendações de autoridades sanitárias. Bolsonaro tem repetido que o País, que registra mais de 136 mil mortes pelas doença, foi um dos que melhor enfrentou a crise.

A segunda participação de Bolsonaro na convenção ocorrerá de modo virtual por causa da pandemia do novo coronavírus. A fala é cercada de expectativa após uma estreia, no ano passado, considerada agressiva.

Depois de ajustes pedidos pelo presidente, o discurso foi gravado na última quarta-feira, e enviado no dia seguinte para a organização da Assembleia Geral. O Estadão teve acesso a um texto preliminar com diretrizes para o pronunciamento de Bolsonaro.

Na tentativa de demonstrar que não está indiferente à questão ambiental, o líder brasileiro deve mencionar que ele mesmo designou o vice-presidente Hamilton Mourão para estar à frente do Conselho Nacional da Amazônia, citando "mobilização de recursos para controlar o desmatamento, combater atividades ilegais e o crime organizado na Amazônia".

Bolsonaro deve alegar ainda que o Brasil tem avançado na implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No discurso, deve destacar que a preservação ambiental tem que seguir junto com o desenvolvimento econômico.

Projetos

A expectativa é que o presidente cite que o governo tem trabalhado para atrair financiamento para projetos na floresta para benefício das 20 milhões de pessoas que vivem na região. Bolsonaro deve enfatizar ainda a agricultura brasileira, que exporta para mais de 180 países, e pedir o fim de barreiras comerciais. No texto-base, o presidente argumenta que a eliminação de barreiras é necessária para alimentar bilhões de pessoas sem alimentos adequados.

O recorde de desmatamento na Amazônia tem afetado diretamente o agronegócio. Como revelou o Estadão, na semana passada, uma coalizão inédita formada por 230 organizações e empresas ligadas às áreas do meio ambiente e do agronegócio enviou ao governo federal um conjunto de seis propostas para deter o desmatamento que destrói a Amazônia.

Condolências

No discurso da ONU, Bolsonaro deverá afirmar que fez esforços para salvar vidas sem ignorar os custos sociais e econômico. No texto preparado para orientar o discurso de Bolsonaro, há uma sugestão de que o presidente brasileiro expresse suas condolências às famílias afetadas pela doença e agradeça esforços dos profissionais de saúde. Desde o início da pandemia, Bolsonaro fez raras menções às vítimas do coronavírus. O tema, por exemplo, foi ignorado em seu pronunciamento de 7 de Setembro As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em audiência no STF, Maia diz que desmatamento afeta agronegócio, Heleno critica "falsos argumentos"

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse em audiência no STF nesta segunda-feira que as queimadas, invasões e desmatamento prejudicam o agronegócio, enquanto o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, negou omissão do governo e afirmou que os que alardeiam com "falsos argumentos" trabalham para derrubar o presidente Jair Bolsonaro.

A audiência pública virtual do Supremo Tribunal Federal visa debater a captação de recursos para Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo do Clima) e a forma de usá-los em políticas públicas voltadas à preservação ambiental no Brasil.

"Num país que pode expandir as fronteiras agropecuárias sem derrubar nenhuma árvore sequer, os efeitos sobre o agronegócio estão sendo e serão deletérios, afetando nossa credibilidade, competitividade e capacidade de coordenação no plano internacional", disse Maia, ao comentar que uma política "negligente" tem impactos sistêmicos consideráveis.

Ao citar o aumento do desmatamento, das queimadas --o Pantanal acumulava na semana passada, mais de 15 mil focos de incêndio, o maior número para o período na série histórica do Inpe, iniciada em 1998-- e das invasões de terras indígenas e áreas de proteção, Maia afirmou que o "Congresso vem lutando para assegurar dentro de suas atribuições condições orçamentárias e políticas para o pleno desenvolvimento de políticas ambientais".

O deputado acrescentou ainda que não se pode "confiar nas chuvas ou na umidade da floresta", e que a solução passa pela política.

Em agosto, Bolsonaro negou que a Amazônia "arde em fogo", e acrescentou que por se tratar de uma floresta úmida não "pega fogo".

Já o ministro do GSI argumentou que há uma defasagem histórica de recursos para diversos setores, inclusive o ambiental, onde também há deficiências de pessoal e de infraestrutura. Heleno lembrou, ainda, que este governo tem apenas um ano e nove meses e sabe "perfeitamente o que deve ser feito", listando como estratégia a busca dos que financiam o crime organizado florestal.

"O que entristece os que trabalham para solucionarem os problemas enfrentados é o fato de brasileiros natos se aliarem a estrangeiros que jamais puseram os pés na Amazônia, conhecem a Amazônia de fotografia, e as ONGs que têm por trás de potências estrangeiras para nos apresentarem ao mundo como vilões do desmatamento e aquecimento do planeta", disse o ministro, alegando que nesse contexto são utilizados "argumentos falsos, números fabricados e manipulados, e acusações infundadas para prejudicar o Brasil".

"Alardeiam publicamente que nada foi feito pelo governo federal, esse é um dos pontos focais desse problema. Não podemos admitir e incentivar que nações, entidades e personalidades estrangeiras, sem passado que lhes dê autoridade moral para nos criticar, tenham sucesso em seu objetivo principal, obviamente oculto, mas evidente, para os não inocentes, que é prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro."

Heleno referiu-se ainda a "alguns poucos" brasileiros que teriam se aliado à tentativa de "deslustrar" o Brasil por não aceitarem o resultado das urnas que levou Bolsonaro à Presidência da república.

Questionou ainda as causas dos recente crescimento no número de focos de incêndio.

"Não há comprovação científica de que o aumento de incêndio nas florestas primárias decorra de inação do governo federal. Na verdade, elas têm a ver com fenômenos naturais, cuja ação humana é incapaz de impedir", disse o ministro.

Dólar, à tarde, se afasta de máximas com exterior, mas segue em alta

O dólar reduzia a alta na tarde desta segunda-feira, operando na casa de 5,40 reais depois de flertar com 5,50 reais no começo do pregão, com as operações locais acompanhando algum alívio na pressão vista nos mercados de câmbio emergentes, mas ainda afetadas por aumento de aversão global ao risco.

Investidores de forma geral se mostravam abalados pelo aumento de casos de coronavírus nas principais economias, enquanto temores sobre a saúde fiscal brasileira continuavam impulsionando a busca pela segurança da moeda norte-americana.

Às 14h36, o dólar avançava 0,48%, a 5,4028 reais na venda. Na máxima, alcançada ainda na primeira hora de negócios, a moeda foi a 5,4984 reais (+2,26%). Na mínima, atingida há pouco, marcou 5,3975 reais (0,38%).

O principal contrato de dólar futuro diminuía o ganho para 0,14%, a 5,4005 reais, após bater 5,4985 reais, pico desde 28 de agosto (5,5265 reais).

A perda de fôlego do dólar também era vista no exterior, com moedas emergentes pares do real deixando as mínimas do dia. O dólar subia 1,6% ante o peso mexicano, após na máxima se valorizar 2,2%. A divisa norte-americana ainda saltava 3% contra o rand sul-africano, mas chegou a disparar 3,8% no pior momento do dia.

O índice do dólar frente a uma cesta de moedas fortes subia 0,75%. As principais moedas latino-americanas operavam em queda, assim como outras divisas internacionais arriscadas ou ligadas a commodities.

Entre outros mercados, o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York caía perto de 2%, enquanto na Europa o índice STOXX 600 tombou 3,2%. O Ibovespa recuava 1,5%, e o mercado de juros tinha novo dia de estresse.

Os movimentos de venda de ativos arriscados refletiam temores sobre uma possível retomada de lockdowns nas principais economias, já que os casos de coronavírus voltaram a disparar na Europa, com o Reino Unido avaliando um segundo lockdown nacional após os novos casos aumentarem em ao menos 6 mil por dia.

"Estamos vendo uma piora relevante no quadro sanitário da Europa nos países que começaram a abrir a economia a partir de abril", explicou Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. "Com certeza essa maior aversão a risco eleva a demanda por segurança, e o principal ativo procurado em momentos de cautela é o dólar."

Mas o movimento altista não é apenas reflexo da aversão a risco no exterior, ressaltou Ortiz.

No Brasil, o desconforto com a cena fiscal permanece, em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do governo de financiar programas de assistência social sem desrespeitar o teto de gastos.

Na semana passada, um dia depois de vetar o Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o relator do Orçamento, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), a incluir na proposta orçamentária de 2021 a criação de um programa social com a mesma função do renegado pelo presidente.

"A equipe econômica não deixou claro como o novo programa será financiado de forma a ser encaixado no teto de gastos, que já corre o risco de não ser cumprido", disse Ortiz, destacando ainda que "o risco político e o fiscal andam lado a lado", uma vez que a maioria dos ruídos em Brasília ocorre em meio a negociações de reformas e maneiras de compor os gastos públicos brasileiros.

No ano de 2020, o dólar acumula salto de mais de 34,6% em relação ao real, impulsionado pelo cenário local de incertezas políticas e econômicas, além do ambiente de juros extremamente baixos, que diminuem a rentabilidade de ativos locais atrelados à taxa Selic.

Na quarta-feira passada, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em sua mínima histórica de 2% ao ano, após nove cortes consecutivos. O BC divulga na terça-feira a ata dessa reunião, com informações mais detalhadas sobre seus cenários a respeito do balanço de riscos para a inflação.

Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista registrou alta de 2,77%, a 5,3767 reais na venda, maior valorização diária desde 24 de junho.

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas/Estadão

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