Soja: piora nas condições das lavouras nos EUA acelera compra de Fundos que já contabilizam recorde de 107 mil contratos
Os preços da soja fecharam o pregão desta terça-feira (25) com altas de mais de 1,5% na Bolsa de Chicago diante de preocupações com o desenvolvimento da nova safra norte-americana. Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu em 3% o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições e deu espaço para os ganhos nesta sessão, explicou o analista de mercado da Novo Rumo Commodities e diretor comercial da Agrosoya, Mário Mariano.
"O clima americano está trabalhando para uma piora da safra americana e aumento dos preços", diz. Assim, os futuros da oleaginosa terminaram o dia com ganhos de 11,75 a 14,50 pontos nos principais contratos, levando o novembro a US$ 9,20 e o março/21 a US$ 9,29 por bushel.
Mais do que isso, Mariano destaca ainda o papel dos fundos de investimentos, que estão com sua maior posição comprada desde maio de 2018 com mais de 107 mil contratos. "A procura rápida dos fundos para ficar comprado em grãos na expectativa de uma redução de safra fez com que a demanda por papeis na Bolsa de Chicago crescesse acentuadamente", explica.
E os preços encontram espaço para as altas na CBOT mesmo com as previsões indicando chuvas para as próximas semanas nos EUA, ainda segundo o analista, dado o sentimento que ronda o mercado de que há espaço para mais degradação das lavouras norte-americanas nas próximas semanas em função das adversidades climáticas observadas neste momento.
Ao lado das preocupações com a oferta, está ainda a expectativa de que a demanda pela soja americana segue firme e deverá se manter dessa forma. "Acredito que o produtor americano agora está com o garfo e a faca na mão quando se trata da demanda", diz o especialista.
Nesta terça, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou novas vendas de 854,5 mil toneladas de grãos nesta para China e destinos não revelados. Foram 346,5 mil toneladas de soja da safra 2020/21, sendo 204 mil para a China e mais 142,5 mil para destinos 'desconhecidos'. De milho, os chineses adquiriram 408 mil toneladas e destinos não revelados, 100 mil.
"Penso que o acordo será celebrando em meio a um descontentamento ou não dos países e quem estará conduzindo as conversas agora é a oferta americana", completa Mariano.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, os preços permanecem muito elevados e firmes e são reflexo, ainda como explica Mário Mariano, primeiramente da pouca oferta no Brasil. "As indústrias passam a competir pelos lotes remanescentes no mercado brasileiro diante dessa restrição de oferta".
E o analista complementa afirmando que as altas do grão refletem também o avanço expressivo dos preços dos derivados, destacando os valores recordes do óleo, em especial no estado de Mato Grosso. Para o farelo de soja, as condições não são diferentes, bem como nos demais estados produtores do país.
"14,5% de alta em um mês para a soja no Mato Grosso é um número enorme", conclui.
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