Consumo de etanol hidratado cai 16,7% no primeiro semestre
Dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) apontam que, de janeiro a junho de 2020, foram consumidos 8,96 bilhões de litros de etanol hidratado, volume 16,7% inferior ao registrado no primeiro semestre de 2019 (10,76 bilhões de litros).
Na avaliação por estado, com exceção de Amazonas e Tocantins, que registraram crescimento de 36,4% e 8,2% no consumo de hidratado, respectivamente, todas as demais unidades da federação apresentaram quedas no volume demandado de biocombustível. Os dados indicam que nos principais estados consumidores do renovável, a retração média ficou em 15,1%, variando de 7,9% no Mato Grosso a 21,7% no Paraná.
Na comparação do mês de junho, o consumo do renovável em 2020 somou 1,33 bilhão de litros, volume 22,8% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado. Apesar das quedas significativas contabilizadas no semestre, o consumo vem se reestabelecendo. Pelo segundo mês consecutivo, o volume demandado registrou crescimento de 5% em relação ao mês anterior.
Na avaliação regional, os estados da região Sudeste e Nordeste mostraram as maiores retrações em relação aos valores observados em junho de 2019, com 35,0% e 33,2%, respectivamente. A região Centro-Oeste indicou a menor variação, com uma queda de 17,2 no consumo do renovável.
O consumo de etanol anidro, por sua vez, indicou uma retração de menor magnitude em relação ao hidratado. A variação indica uma queda de 11,0% no semestre ante o mesmo período de 2019, com um consumo total de 4,44 bilhões de litros. Na comparação vis a vis de junho, o renovável aditivo da gasolina somou 735,07 milhões de litros em 2020 ante 797,99 milhões de litros no ano anterior, redução de 7,9%.
Apesar da queda significativa no consumo de combustíveis do ciclo Otto (gasolina e etanol) de 12,6% em 2020 versus o primeiro semestre de 2019, o etanol mantém a participação na matriz de combustíveis brasileira em 47,2%. No ano anterior, o índice registrava 48,1%.
“Esse resultado decorre da elevada competitividade do etanol nos principais centros consumidores frente o concorrente fóssil. O consumidor mantém sua escolha por um combustível menos poluente e mais barato”, avalia Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA. Informações da ANP compiladas pela UNICA indicam que a paridade de preços nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo no mês de junho teve uma relação de 68,9%, 61,7%, 65,8% e 65,0%, respectivamente. Na média nacional o preço relativo entre etanol e gasolina atingiu 66,5%, permanecendo abaixo da referência técnica de 70%.
Além dos conhecidos benefícios econômicos do uso do etanol, deve-se sempre destacar os significativos ganhos ambientais para toda a sociedade ao fazer a opção de abastecimento pelo combustível verde. Uma das externalidades positivas do etanol mais expressivas se refere a quantidade de gases causadores do efeito estufa (GEE) que deixam de ser emitidos na atmosfera em relação à gasolina. Somente em 2020, o uso do etanol pela frota de veículos leves evitou a emissão de 19,38 milhões de toneladas de CO2eq.
“O etanol reduz em até 90% a emissão de GEE em relação à gasolina. Esse grande benefício é reconhecido pela Política Nacional de Biocombustíveis – RenovaBio, que vai ampliar a sustentabilidade da nossa matriz de transportes com o uso de bicombustíveis”, complementa Padua.
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