Algodão com responsabilidade: 80% da produção brasileira é sustentável
Produzir algodão zelando pelos trabalhadores, pelo meio ambiente e pela rentabilidade do negócio, é o objetivo do Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR). A iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) junto às associações estaduais de produtores é realizada oficialmente no Brasil desde 2013, vinda de experiências do programa social que era desenvolvido no Mato Grosso. Desde então, as ações para aperfeiçoá-lo não param. Uma grande conquista, logo no início, foi a parceria com a principal entidade de licenciamento de algodão sustentável do mundo, a Better Cotton Initiative (BCI), que está presente em 25 países.
O gestor técnico do ABR e representante da BCI no Brasil, Fernando Rati, contou um pouco sobre o projeto: “Ao longo desses sete anos, foram muitos aprendizados e hoje, ele apresenta um nível de conformidade muito alto com a legislação social brasileira, que está ainda mais rigorosa”. Ele explica que a lista de certificação do ABR conta com 178 itens a serem seguidos pelo produtor e todo esse esforço tem colocado o Brasil na posição de maior fornecedor de algodão sustentável do mundo, sendo responsável por 1/3 de toda produção mundial. “Não conheço nenhuma cultura agrícola com participação tão expressiva, detendo 80% do market share. De tudo o que é produzido no Brasil, 80% é sustentável em termos de produção”, destaca Rati.
Os protocolos do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) estão muito amparados na Norma Regulamentadora 31, no Código Florestal e na Lei das Águas (Lei nº 9.433), e o Brasil é o campeão em produtividade em regime de sequeiro, que é o tipo de cultivo sem irrigação, que depende apenas da água da chuva. “Produzimos o dobro do segundo colocado, que são os Estados Unidos. Somos muito competitivos do ponto de vista de produtividade e capacidade”, explica o gestor. Ainda sobre o tema, é possível fazer uma comparação: as propriedades que possuem certificação ABR apresentam 6% a mais de média de produtividade em relação às fazendas não certificadas.
E o que é preciso para ter essa certificação? O primeiro passo é a adesão voluntária do produtor, que deve fazer uma documentação. Depois, inicia-se a fase de verificação, em que cada um dos 178 itens é avaliado. Para os que estão de acordo, é feito um acompanhamento regular. Já para os que precisam de ajuste, é criado um plano de correção de não conformidade, e tudo isso é explicado detalhadamente para o produtor. Depois, há o retorno para se certificar de que aquele plano foi cumprido e, em caso positivo, a propriedade recebe a visita de um auditor de terceira parte para um novo checklist, que determinará a aprovação ou reprovação.
Rati destaca: “Nossa dinâmica é diferente principalmente por causa das associações estaduais, pois o papel dos técnicos é preparar as fazendas, o que ajuda o processo a ser mais efetivo. Para uma fazenda que está participando pela primeira vez, por exemplo, exigimos um mínimo de conformidade de 85% com a lista inteira. No segundo ano, já aumentamos para 87%; no terceiro, 89% e, do quarto ano para frente, é preciso estar 90% de acordo com os itens da relação. Prezamos pela melhoria contínua. Queremos que a fazenda continue sempre melhorando”. Ele ainda explica que há, no entanto, dois itens que são obrigatórios e inegociáveis, que é a proibição dos trabalhos escravo e infantil.
Neste ano há uma grande novidade em relação à sustentabilidade: as algodoeiras que, até então, eram o único elo da cadeia produtiva sem possibilidade de certificação, agora poderão contar com esse reconhecimento. Rati explica que antes não havia um programa específico, mas, após dois anos de muito estudo, foi desenvolvido o ABR UBA, cujo ponto principal é a proteção do trabalhador. Devido ao fato do algodão ser muito inflamável, é preciso uma série de boas práticas para a prevenção de incêndio, além do uso de recursos de maneira ambientalmente correta, sendo que o checklist está bem pautado na NR 31 e NR 32. O projeto piloto prevê a certificação de 12% das algodoeiras brasileiras.
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