A união de fazendas vizinhas é essencial no controle do bicudo

Publicado em 06/07/2020 09:51
Com dedicação coletiva, projeto de monitoramento de pragas da Abapa da safra 2019/2020 alcançou os melhores resultados dos últimos dez anos

A luta contra o bicudo-do-algodoeiro não para. Devido ao clima do continente ser propício para o inseto, que é a principal praga do algodão, os cotonicultores brasileiros devem estar sempre em alerta. Se o manejo do bicudo não é feito corretamente, toda a produção pode ser inviabilizada. Neste combate, é importante que as fazendas de regiões próximas estejam unidas, que haja troca de informações entre elas e um esforço conjunto de todos os envolvidos. A experiência da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) com o Programa de Monitoramento e Controle de Pragas do Algodoeiro no Estado da Bahia é um ótimo exemplo disso.

Na prática, este projeto é realizado desde 2005, quando agrônomos e produtores da região oeste do Estado perceberam que as soqueiras (rebrotas do algodão) são fontes de criação do bicudo e outras pragas; então assumiram a estratégia de destruí-las por meio de um manejo adequado. Esse foi o início do primeiro núcleo regional, que contava com oito produtores das fazendas vizinhas realizando um monitoramento rígido. O consultor agrônomo e diretor técnico da Abapa, Celito Breda, que integrou o grupo, falou sobre a iniciativa: “Esse era o caminho: fazer um controle semanal das plantações da região. Realizávamos uma reunião por mês, cada vez em uma fazenda, e todos recebiam os relatórios dos seus vizinhos”. A estratégia se mostrou tão efetiva, que produtores de outras regiões passaram a pedir para participarem da ação.

Segundo Breda, como o inseto pode se locomover de 30 a 100 km rapidamente, dependendo das condições do vento, e, por isso, é fundamental a colaboração entre plantações da mesma região. Se uma fazenda não está combatendo a praga corretamente, todas as outras propriedades na região podem ser afetadas. “O produtor pode seguir todas as recomendações possíveis para o controle do bicudo, como estratégia de Manejo Integrado de Pragas (MIP), uso dos produtos certos e plantio na época recomendada, mas tudo isso não garante completamente a diminuição da praga. O melhor método para nós, em clima tropical, é fazer o manejo da paisagem agrícola. E para isso funcionar, é preciso que 100% das fazendas façam o controle adequado, assim todos saem ganhando”, destaca o diretor da associação.

A última safra da Abapa (2019/2020) se mostrou preocupante no início, com um alto índice BAS (número de Bicudos/Armadilha/Semana), mas a força-tarefa realizada pelas fazendas, diretoria da associação e pelos demais envolvidos no programa fitossanitário fez com que essa situação se revertesse. As ações de combate foram intensificadas com campanhas como “Agora é guerra!” e “Tiguera Zero no Algodão”, que alertaram sobre as consequências de um manejo ruim. Com um maior empenho de todos, em abril, maio e junho de 2020 foram registrados os menores níveis de bicudo dos últimos dez anos no oeste da Bahia. “O segredo é não se acomodar. Se o produtor achar que já venceu a guerra e relaxar, o bicudo volta”, ressalta Breda.

Agora nesse tempo de pandemia, o diretor destaca que a principal mudança foi a segurança dos trabalhadores, o que não prejudicou a produção. A associação tem zelado pelas recomendações dos órgãos oficiais de saúde, como uso de máscara, afastamento de pessoas do grupo de risco, maior rotatividade nas escalas, além da proibição de reuniões em locais fechados.

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IBA

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