Com a Turquia fora das compras, as exportações brasileiras de gado vivo registram recuo de 53,2%
As exportações de gado vivo registraram uma desaceleração nos últimos cinco meses com a Turquia fora das compras. O médico veterinário e especialista em exportação de gado vivo, Eduardo Lund, explica que três fatores impactaram nas compras da Turquia pelo o produto Brasileiro.
“O primeiro fator que deixaram eles afastados das compras foram os estoques que estavam abastecidos. O outro fator foi a disseminação do coronavírus que também comprometeu a economia local e a desvalorização da moeda turca em relação ao dólar dificultou as novas negociações”, comentou.
Os primeiros 5 meses de 2020, o Brasil exportou um total de cabeças de 104.284, 53,2% menor que o mesmo período de 2019, onde havíamos embarcado 222.749 animais. “Os volumes embarcados estão menores em todos os meses analisados exatamente pela conjuntura atual da pandemia”, ressaltou o analista de mercado, Aron Ferro.
De acordo com o levantamento realizado pela a Scot Consultoria, a Turquia, historicamente o principal país comprador do produto brasileiro, reduziu em 68,2% o volume na mesma comparação.
A consultoria ainda ressaltou que o valor pago por cabeça na média esteja maior (em valores nominais), não supre a grande diferença no número de cabeças, a receita obtida em 2020 é de US$38,7 milhões, contra US$71,2 milhões em 2019.
Confira os detalhes das exportações de gado vivo
Elaboração da Scot Consultoria com dados da Secretária de Comercio Exterior
A Auditora Fiscal Federal Agropecuária responsável pelo controle de trânsito do MAPA, Soraya Elias Marredo, informou que novos processos de fiscalização de animais para a Turquia foram retomados na última semanas. “Com as negociações resolvidas, vamos retomar as exportações e temos vários processos de auditorias para realizar para os envios para a Turquia e alguns para o Egito, que tem se destacado”, explicou Marredo.
Lund destaca que na última semana a Turquia informou que vai comprar 300 mil cabeças de gado vivo, sendo 200 mil da américa e 100 mil da europa. “Com a retomada das compras turcas, podemos ter uma bom desempenho das exportação no segundo semestre. No entanto, não vamos ver o mesmo volume exportado que nos anos anteriores”, afirmou o médico veterinário.
Os compradores turcos têm preferência por comprar animais de raça europeia, na qual o Rio Grande do Sul possui demanda para atender. “O Uruguai é um grande competidor com o produto brasileiro, porém um ponto que favorece o Rio Grande do Sul é que as negociações são realizadas com empresas privadas, enquanto, no Uruguai as compras devem ser negociadas com o próprio governo”, pontua.
Coronavírus
Com relação às medidas adotadas para a prevenção do coronavírus, o tempo do transporte quando realizado por navios (principal tipo), excede o período de incubação do vírus (9 a 15 dias), dessa forma, o vírus que poderia estar presente ali, não “sobrevive”.
Segundo o Técnico do Departamento de Defesa Animal (DDA), Francisco Paulo Nunes Lopes, ressaltou que as medidas de prevenção ao COVID-19 são as mesmas de qualquer outro trabalho do Departamento de Defesa Agropecuária, etiqueta de distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel frequentemente
“A SEAPDR acompanha o processo documental e fiscaliza os Estabelecimentos Pré-Embarque (EPE), que são as propriedades que realizam a quarentena dos animais antes da exportação. Acompanhamos desde a abertura das EPEs, a aquisição, concentração e testes dos animais e o embarque da EPE ao Porto de Rio Grande. A partir daí o acompanhamento no Porto é realizado pelo MAPA que fiscaliza o recebimento dos animais e o embarque no Navio”, explicou.
Oferta restrita de animais
Outro fator que pode estar impactando nas exportações de gado vivo é a baixa disponibilidade de animais, na qual tem contribuído para a sustentação de arroba no mercado físico. “A baixa oferta de animais no período atual, influência nas negociações, mas como a questão das raças envolvidas nos abates se diferem, esta influência é diminuída, enquanto embarcamos Aberdeen, abatemos nelore”, pontuou Aron Ferro.
O analista da Scot Consultoria ainda explicou que o Brasil é um criador de nelores por excelência, alta adaptabilidade da raça para as nossas condições, e os principais compradores externos de bovinos vivos, não o aceitam para os embarques, dessa forma, a escassez de nelores para abates internos, não surte a influência que deveria ter caso as raças fossem as mesmas.
Pará
O estado do Pará é um dos principais estados exportadores, está praticamente paralisado no embarque de animais terminados, o que se tem visto, são os embarques de animais mais jovens, principalmente da raça Aberdeen. Vale lembrar aqui, que os países do Oriente Médio, principais compradores, não fazem a aquisição de animais zebuínos para consumo, os portadores do “cupim”.
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