Bolsonaro pede que forças de segurança atuem em protestos e volta a chamar manifestantes de "marginais"

Publicado em 05/06/2020 12:21 e atualizado em 06/06/2020 17:47

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar os manifestantes de grupos pró-democracia contrários ao governo federal de “marginais” e “terroristas”, e pediu que as forças de segurança do país atuem contra as manifestações marcadas para domingo se os grupos extrapolarem os limites.

Bolsonaro pediu que seus apoiadores, que têm realizado atos de apoio ao governo semanalmente aos domingos em Brasília, não façam movimentos nas ruas neste fim de semana, e indicou que a Força Nacional de Segurança pode ser acionada para atuar na Esplanada dos Ministérios neste domingo, dia em que devem ocorrer manifestações contra o governo.

"A gente pede que não participe, obviamente não vão participar, o lado que luta pela democracia, que quer um governo funcionando, que luta por um Brasil melhor e preza pela sua liberdade, que não compareçam às ruas nesse dia para que nós possamos, as forças de segurança, não só as estaduais, mas como a nossa federal, façam seu devido trabalho porventura esses marginais extrapolem os limites da lei", disse Bolsonaro.

Conforme a Reuters antecipou na véspera, na manhã desta sexta-feira ocorre reunião entre a Força Nacional e o Governo do Distrito Federal, responsável pela segurança na Esplanada dos Ministérios, para definir a necessidade de atuação da força federal, que faria a segurança dos prédios do governo federal.

Até este momento não há uma decisão, mas, de acordo com uma fonte, o material de uso da Força Nacional está já preparado.

Incomodado com o risco de crescimento das manifestações contra seu governo, Bolsonaro tem aumentado o tom e tentado colocar a pecha de "terroristas" e "vândalos" em manifestantes contra o seu governo. No último domingo, um protesto pela democracia organizado por torcidas de times de São Paulo ocupou a Avenida Paulista. No final, houve alguma confusão.

Bolsonaro vem tentando criminalizar esses movimentos, que devem se repetir no próximo domingo. O presidente afirmou que os contrários a seu governo são “marginais, maconheiros terroristas, que querem quebrar o Brasil em nome de uma democracia que nunca souberam o que é e nunca zelaram por ela”.

Bolsonaro fez as declarações durante a inauguração do hospital de campanha montado pelo governo federal na cidade de Águas Lindas de Goiás, no entorno de Brasília, que será usado para atender vítimas do novo coronavírus.

Em sua fala, o presidente chegou a dizer que espera um abrandamento da epidemia para que a economia volte a girar, mas não citou o novo recorde de mortes pela doença registrado na quinta-feira, que fez o Brasil ultrapassar a Itália e se tornar o terceiro país do mundo em óbitos causados pela Covid-19.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem mais de 34 mil mortos em decorrência da Covid-19, e um total de quase 615 mil casos da doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.

Presidente Jair Bolsonaro durante inauguração de hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás

 

  • Presidente Jair Bolsonaro durante inauguração de hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás 05/06/2020 REUTERS / Adriano Machado

  • Bolsonaro sugere que Força Nacional poderá ser acionada para atuar em protestos (Estadão)

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  • O presidente Jair Bolsonaro sugeriu, durante o seu discurso na inauguração de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, que forças de segurança federais podem ser acionadas para atuar em Brasília neste domingo, 7, data em que estão previstos protestos tanto contra quanto a favor do seu governo.

    Nesta sexta-feira, 5, o possível emprego da Força Nacional na capital federal é tema de discussões que envolvem o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República e a Polícia Militar do Distrito Federal. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do DF respondeu que nada foi definido ainda sobre uma eventual solicitação de apoio dos agentes federais.

    No evento desta sexta, Bolsonaro voltou a apelar para que seus apoiadores não participem dos atos marcados para o domingo, sinalizando que isso ajudaria a identificar os que ele chamou de "marginais" para uma eventual atuação das forças oficiais de segurança.

    "Que o outro lado que luta pela democracia, que quer o governo funcionando e quer um Brasil melhor e preza por sua liberdade que não compareça às ruas nesses dias para que nós possamos, a Força de Segurança, nossas forças estaduais bem como a nossa Federal façam seu devido trabalho, por ventura, esses marginais extrapolem os limites da lei", disse o presidente no encerramento do seu discurso.

    Bolsonaro tem criticado manifestantes contra seu governo, numa tentativa de criminalizar os movimentos. Na quinta, na 'live' semanal que faz nas suas redes sociais, chamou os integrantes de grupos contrários ao seu governo que pretendem ir às ruas no domingo de "marginais" e "viciados".

    Nesta sexta, na cerimônia, os chamou de "terroristas" e "maconheiros" que "estão querendo quebrar o Brasil".

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  • Crise da Covid-19 abala Brasil, mas Bolsonaro afasta impeachment (análise da Reuters)

  • BRASÍLIA (Reuters) - Um dos piores surtos de coronavírus do mundo, uma economia paralisada que faz os investidores fugirem e acusações de que ele mina a democracia ainda jovem do Brasil não enfraqueceram o comando do presidente Jair Bolsonaro.

    Até quinta-feira, o Brasil tinha quase 615 mil casos confirmados de coronavírus, só perdendo para os Estados Unidos, e suas 34.021 mortes pela Covid-19 superaram as da Itália.

    Em Brasília, parlamentares de todo o espectro político repudiaram nesta semana o fato de Bolsonaro estar desacatando os especialistas de saúde pública sobre o surto e sua campanha para revogar as quarentenas estaduais, que ele critica por prejudicarem a economia.

    Eles também expressaram preocupação com as ameaças de Bolsonaro às instituições. O presidente endossa explicitamente seus apoiadores que foram às ruas pedir que os militares fechem o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, que estão investigando o presidente e seus seguidores.

    Mais de 30 pedidos de impeachment já foram encaminhadas ao Congresso sob alegação de que Bolsonaro atenta contra a Constituição, a maioria de opositores de esquerda.

    Mas Bolsonaro está seguro por ora, disseram quatro políticos à Reuters nesta semana.

    Segundo eles, o presidente cortejou congressistas suficientes com indicações de peso feitos por partidos do chamado centrão para afastar as ameaças de impeachment. Agora muitos temem que tal manobra seria uma distração da crise de saúde crescente vinda em má hora.

    "A crise política foi artificialmente provocada pelo presidente Bolsonaro dentro de uma das maiores crises da história do país. Para o PSDB, impeachment não faz parte de nosso cardápio, porque ajudaria a contribuir para uma maior instabilidade. Não é o momento para discutir um impeachment", disse Bruno Araújo, o presidente do partido.

    Araújo disse que Bolsonaro será julgado pelos eleitores brasileiros na próxima eleição presidencial em 2022, quando poderá buscar a reeleição.

    "Com o viés autoritário do presidente, vamos ter que administrar crise após crise, rompantes após rompantes, até chegar na próxima eleição presidencial, quando a administração do Bolsonaro poderá ser avaliada democraticamente pela população pelo que entregou ou deixou de entregar", disse ele em uma entrevista.

    O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem cabe decidir se dá andamento a um pedido de impeachment, também disse que primeiro o Brasil precisa se unir no combate ao surto de coronavírus e que não quer jogar "mais lenha na fogueira".

    Bolsonaro diz que seus objetivos são democráticos e que aqueles que tentam minar seu governo são a maior ameaça à Constituição. Na semana passada, ele disse que o Supremo ameaça mergulhar o Brasil em uma crise política com suas investigações.

    Um inquérito analisa o financiamento das supostas campanhas de desinformação de seu apoiadores nas redes sociais. Outro investiga se Bolsonaro interferiu ilegalmente em indicações da Polícia Federal por motivos pessoais. Bolsonaro diz que seu apoiadores e familiares estão sendo visados injustamente e que as acusações são falsas.

    PERDENDO MODERADOS

    O deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES) e o senador Nelson Trad (PSD-MS), que ocupam o centro nas alas de esquerda e de direita no Congresso, disseram que Bolsonaro atiçou tensões deliberadamente ao se unir às manifestações antidemocráticas de seus simpatizantes, alienando eleitores moderados que o ajudaram a se eleger em 2018.

    Mesmo assim, o clima de conflito agrada sua base, disseram os dois parlamentares. Embora a rejeição de seu governo tenha aumentado, até um terço do eleitorado continua fiel, indicam pesquisas de opinião.

    O confronto constante desviou a atenção das crises graves de saúde pública e econômica que assolam o país, opinou Rigoni.

    Bancos de investimento estão prevendo que a economia se retrairá até 7,7% neste ano. Investidores alarmados com a profundidade da recessão e com o manejo governamental da pandemia já retiraram mais de 31 bilhões de dólares do país neste ano, de acordo com dados do Banco Central. O Tesouro disse que os estrangeiros reduziram a posse de títulos brasileiros em abril para a menor taxa desde 2009.

     

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

    Buenas, toda borracha é pouca pra arruaceiros, vândalos e terroristas, se não fizer baderna e forem pacíficos toda a liberdade,podem fazer o contrário,,,, mas ascendeu o pavio e atirou pedra ,já deu né.

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