Prefeitura de SP desiste de rodízio ampliado sem elevar níveis de isolamento,

Publicado em 17/05/2020 15:20

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SÃO PAULO (Reuters) - O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou neste domingo a suspensão do rodízio ampliado de veículos, após o fracasso da medida anterior para tentar elevar os níveis de isolamento social e evitar a disseminação da Covid-19.

"Subimos apenas dois pontos percentuais, de 46% para 48%", afirmou Covas em coletiva de imprensa.

"Por isso vamos retomar o rodízio tradicional a partir de amanhã, mas isso não pode ser desculpa para que as pessoas se sintam a vontade para retomar a circulação na cidade. Precisamos ampliar o isolamento rápido e estamos ficando sem alternativas", afirmou Covas.

Covas havia anunciado no dia 7 uma forma mais restrita de rodízio de veículos, valendo para toda a cidade durante as 24 horas do dia, inclusive sábados e domingos, deixando fora de circulação metade dos carros todos os dias.

Com o anúncio deste domingo, o rodízio volta a restringir a circulação de veículos de acordo com o número final da placa e o dia da semana, como realizado anteriormente.

SP retoma rodízio normal e tenta antecipar feriados para manter população em casa

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Em coletiva de imprensa excepcional realizada neste domingo, 17, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), retomou o esquema tradicional de rodízio na cidade, que passa a valer a partir da segunda-feira, 18, e anunciou que tenta antecipar os feriados de Corpus Christi (11 de junho)e Consciência Negra (20 de novembro) para ampliar o isolamento social. O prefeito apelou à população que fique em casa para conter o avanço do novo coronavírus. "São Paulo precisa desacelerar ainda mais o ritmo para diminuir o contágio. Me resta na manga o uso dos feriados municipais", afirmou Bruno Covas.

A decisão foi tomada porque a ampliação do rodízio, para 50% da frota, não teve impacto no aumento do isolamento social. Segundo Covas, mesmo com menos veículos nas ruas, a taxa média de isolamento não subiu. "Mas isso não pode ser desculpa para as pessoas se sentirem à vontade para retomar a circulação pela cidade. Precisamos ampliar o isolamento, precisamos rápido e estamos ficando sem alternativa", enfatizou o prefeito.

"É um contrassenso o prefeito da cidade mais dinâmica do País, a cidade símbolo do trabalho, a cidade símbolo do empreendedorismo, pedir para a cidade parar, pisar no freio e se esforçar ainda mais para aperta o cinto. Esse é o meu pedido. Eu não vou me omitir. Essa é a minha escolha, o meu dever. É difícil acreditar que alguns prefiram que a população seja submetida a uma roleta russa. A indiferença diante da morte é indecorosa, é crime de responsabilidade, é contra a nossa Constituição Federal. Não há outro caminho neste momento em que estamos. Não há melhor vacina. Antes de pensarmos em abrir, precisamos parar."

Comparando a última sexta-feira, dia 15, com a anterior, o ganho foi de apenas dois pontos percentuais no isolamento, de 48%, ante 46%. Mas quanto comparada a média semanal, verifica-se que "ficamos na mesma linha insuficiente", disse o tucano. Neste sábado, 16, o Estado de São Paulo ultrapassou a China no número de mortes pela covid-19. Já são 4.688 vítimas, sendo 2.792 na capital.

A cidade não vem conseguindo alcançar índices de isolamento considerados seguros para impedir a transmissão da covid-19, mesmo com as medidas adotadas pelos governos municipal e estadual e com a ampliação do rodízio de carros para 50% da frota desde a segunda-feira passada, 11.

Na última semana, não houve um único dia útil em que o índice de isolamento social entre a população da capital tenha atingido o mínimo de 50%. Apenas fins de semana e feriados têm alcançado esse número ao longo do mês de maio. A última vez que a cidade de São Paulo teve esse nível de isolamento durante a semana foi há mais de um mês, em 15 de abril.

Neste sábado, o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado mostrou que os hospitais da capital já atingiram 89% de ocupação em leitos de UTI. Em 30 de abril, esse número também foi atingido e os pacientes da Grande São Paulo começaram a ser transferidos para o interior do Estado.

O nível ideal de isolamento social defendido pelo governo do Estado é de 70%, enquanto 60% seria um índice "aceitável". No último dia 8, o secretário de Saúde José Henrique Germann já havia alertado que, caso esse número permanecesse abaixo dos 55%, haveria "problemas no atendimento aos pacientes".

Na segunda-feira, Covas implementou o rodízio de 24 horas em toda a capital, na tentativa de aumentar o índice de isolamento social no município, após os bloqueios no trânsito terem fracassado na diminuição dessa taxa. A medida, apesar de ter diminuído o tráfego nos horários de pico, resultou em aumento de passageiros no transporte público.

'Lockdown'

Até a última sexta-feira, pelo menos 32 municípios da Grande São Paulo se declararam contrários ao "lockdown" (ou isolamento total) de acordo com levantamento feito pelo Estadão. O único prefeito da região que se mostrou favorável à medida foi Gabriel Maranhão (Cidadania), de Rio Grande da Serra.

 

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Fonte:
Reuters/Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Vladimir zacharias Indaiatuba - SP

    A QUE PONTO CHEGAMOS!

    Em dez dias a mobilidade e o cotidiano de milhões de pessoas humanas na capital paulista foi submetida a quatro modificações a troco de nada.

    Ou melhor, a troco de sacrifícios, aborrecimentos, ameaças de multas, restrição da liberdade, inconveniências variadas.

    Perdendo um tempo precioso obrigaram mais de duzentos mil médicos, enfermeiras, policiais, motoristas da saúde, fisioterapeutas, pessoal de limpeza e manutenção de hospitais a pedirem uma autorização especial para poder circular com seus veículos, para depois de cinco dias darem o dito pelo não dito.

    É a fotografia mais clara do fracasso dessa classe política absolutamente divorciada da realidade dos cidadãos.

    Um prefeito que nunca deve ter sentido o peso de ter que trabalhar para com o seu próprio esforço chegar ao fim do mês;

    Um prefeito que nunca deve ter tido o temor do desemprego ou da falência, interfere a seu bel prazer na sobrevivência de milhões pessoas e depois volta varias vezes atrás sem se envergonhar e pedir desculpas para a população pela mediocridade das suas decisões.

    Tivesse o mínimo de dignidade pediria afastamento por incapacidade para o cargo.

    Fosse em qualquer outro país menos passivo o povo já o teria enxotado pela sua tamanha incompetência.

    QUE TRISTEZA!

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