Após a China suspender frigoríficos, produção de carne na Austrália começa a ser afetada
A produção de carne por animais que são livres de produção hormonal (HGP-Free) na Austrália começa a ficar comprometida com a suspensão das importações chinesas de carne bovina, tendo em vista que o País adotou o recurso em rápida expansão nos últimos dois anos, e isso foi impulsionado, quase inteiramente, pelas exigências do mercado chinês.
“Três das quatro plantas de carne bovina australianas suspensas resolveram paralisar os abates dos animais livres de hormônios. A Kilcoy Global Foods, por exemplo, normalmente dedica dois dias por semana ao abate sem HGP, grande parte da produção destinada à China”, informou o site australiano Beef Central.
Outro fator que comprometeu a produção dos animais livres de hormônios foi à redução das compras da União Europeia neste ano, o que intensificou a dependência da Austrália no mercado asiático, como consumidor de carne sem HGP.
Os analistas de mercado na Austrália informam que ainda é muito cedo para ver o impacto da suspensão no mercado do boi, mas alguns antecipam que deve ocorrer uma redução nos preços ofertados para o gado alimentador sem HGP.
De acordo com as informações do site Beef Central, os impactos da suspensão ainda estão sendo absorvido pelo o mercado australiano, tanto a JBS quanto a NCMC indicaram que as operações estão normais, pois se esforçaram para transferir o produto para mercados alternativos.
O segundo segmento de mercado que provavelmente será impactado é o dos animais que se alimentam por grãos, Grainfed como são chamados no País. Duas das quatro plantas suspensas são dedicadas à produção, como a Kilcoy Global Foods, com capacidade diária em torno de 1500 cabeças e JBS Beef City com capacidade de 800/cab por dia.
“Todas as quatro plantas afetadas têm alternativas de mercado para seus produtos, mas algumas têm uma base de clientes de exportação muito menos diversa do que outras, e provavelmente, serão impactadas mais diretamente pela perda de acesso à China”, reportou o jornalista de agricultura da Beef Central, Jon Condon.
As quatro plantas suspensas têm uma capacidade de abate diária de cerca de 6.600 cabeças por dia. Após a suspensão, nenhum frigorífico indicou intenções de reduzir os abates diários. Por outro lado, tem contêineres de carne resfriada nos portos que estavam prontas para serem embarcadas para a China, mas que agora estão voltando aos frigoríficos.
O gerente geral da NCMC, Simon Stahl, reportou que a suspensão foi uma surpresa absoluta e a empresa está remanejando o destino dos produtos para outros mercados. "Vamos ver como tudo vai acontecer e estamos trabalhando para obter respostas através do departamento de agricultura da austrália e da China", disse Stahl em entrevista à Beef Central.
A JBS divulgou uma declaração na tarde desta quarta-feira (14), dizendo que estava trabalhando ativamente com o Departamento de Agricultura da Austrália (DAWR) para resolver os problemas técnicos que a China levantou. Já que o país asiático alegou que embargou as plantas frigoríficas por problemas de rotulagem e documentação.
“A JBS Austrália continuará concentrando esforços nos atuais clientes nacionais e internacionais, enquanto responde à suspensão por meio de ações corretivas com a DAWR com urgência”, relatou o diretor de operações da JBS Northern, Anthony Pratt, que reforçou que a planta de Dinmore estava, consideravelmente, menos exposta ao mercado chinês do que muitas outras grandes fábricas de carne australianas.
O diretor da JBS ainda ressaltou que os pecuaristas devem ficar tranquilos, pois não vão reduzir as escalas de abate nas plantas de Dinmore ou Beef City. “Embora não podemos subestimar a gravidade da situação, queremos que os produtores saibam que eles podem continuar a comercializar o gado, com confiança”, pontuou.
Entenda o caso:
>> China suspende a habilitação de quatro plantas frigoríficas australianas
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