Dólar vai a R$ 5,95 com cautela global e ruídos políticos locais
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrava alta na manhã desta quinta-feira e bateu nova máxima recorde intradia acima de 5,95 reais, estendendo o rali da véspera em meio a exterior cauteloso e política doméstica tensa.
Às 10:13, o dólar avançava 0,74%, a 5,9447 reais na venda. Na máxima do dia, a divisa renovou seu pico histórico à marca de 5,9518 reais.
O contrato mais líquido de dólar futuro era negociado em alta de 0,92%, a 5,9495 reais.
Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, citou em nota ansiedade dos mercados internacionais nesta sessão devido a "uma segunda onda de infecção do coronavírus em alguns países e após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ter se mostrado bastante cauteloso sobre a possibilidade de uma recuperação econômica rápida após a pandemia".
Na quarta-feira, o chairman do Fed disse que os Estados Unidos podem enfrentar um "período prolongado" de crescimento fraco e renda estagnada, ao mesmo tempo em que descartou o uso de juros negativos como uma ferramenta de política monetária.
Em nota, o Bradesco disse que a decepção em relação às perspectivas para a política monetária norte-americana, bem como temores em relação a tensões entre EUA e China, ajudavam a impulsionar a aversão a risco global.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que está muito decepcionado com a China, uma vez que o novo coronavírus surgiu pouco depois de os dois países fecharem a Fase 1 do acordo comercial.
Enquanto isso, em evidência do cenário sombrio para a maior economia do mundo, mais 2,981 milhões de norte-americanos fizeram pedidos de auxílio desemprego na semana passada, à medida que as ações de contenção do coronavírus massacram o mercado de trabalho dos EUA.
No exterior, diante do ambiente cauteloso, moedas arriscadas pares do real apresentavam perdas acentuadas contra o dólar.
Já no Brasil, "os ruídos políticos e os riscos fiscais não dão trégua", completou Guilherme Esquelbek.
Nas últimas semanas, após a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça, a política brasileira tem sido marcada pela incerteza, principalmente em meio a acusações de que o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado uma mudança na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro por motivos pessoais.
O presidente afirma que não citou a PF durante reunião ministerial do mês passado que está no centro do um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em meio a cenário externo cauteloso, política doméstica tensa e ambiente de juros baixos, o dólar já acumula alta de quase 48% contra o real no ano de 2020, e está a apenas alguns centavos de superar a marca de 6 reais.
Na quarta-feira, o Credit-Suisse disse que vê a moeda a 6,20 reais no curto prazo, dizendo que um arrefecimento dependerá de fatores externos.
Na quarta-feira, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,61%, a 5,9012 reais na venda, máxima recorde nominal para um encerramento de sessão.
0 comentário
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano
Ações europeias caem com temor sobre promessa de Trump de impor tarifas
México, Canadá e China alertam que tarifas de Trump prejudicariam todos os envolvidos
Autoridades do BCE mostram nervosismo com crescimento fraco e iminência de tarifas de Trump
Ibovespa avança na abertura com endosso de commodities e à espera de pacote fiscal