La Niña deve piorar irregularidades das chuvas no Paraná e frio chega mais cedo: produção do milho safrinha em risco

Publicado em 11/05/2020 13:52 e atualizado em 11/05/2020 15:04
Fenômeno deve atuar com mais força no segundo semestre; estiagem se arrasta desde 2019 e cenário só piora

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A irregularidade das chuvas traz grandes problemas ao produtor rural do sul do país e, após gerar perdas expressivas para a safra de soja 2020/21 no Rio Grande do Sul, a preocupação agora é com a produção do milho safrinha no Paraná. Segundo Luiz Renato Lazinski, agrometeorologista, os modelos climáticos não indicam uma mudança para o segundo semestre, apontam a atuação de um La Niña e o frio também chegando mais cedo esse ano. 

Produtores do Paraná enfrentam grandes problemas com a estiagem no desenvolvimento do milho safrinha neste momento, mas Lazinski destaca que o baixo volume de chuva para toda a região é uma condição que vem acontecendo desde o ano passado. "A seca vem se agravando durante os meses e tivemos poucos com chuvas acima ou dentro da média em 2019", comenta o especialista. 

Destaca ainda que o ano é considerado um ano de neutralidade climática e que por si só essa condição já pode gerar grandes impactos ao produtor como, por exemplo, o atraso no plantio da soja e que, consequentemente, também atrasou outras culturas. "Desde que começou o Verão as chuvas acontecem de maneira atípica: com passagem muito rápida e mostrando irregularidade", afirma. Confirma ainda que a irregularidade também é característico do ano neutro. 

Os modelos de precipitação acumulada do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a parte sul do Brasil quase não recebeu chuvas expressivas nos últimos 90 dias. Segundo os modelos, enquanto o Centro-Norte tem precipitação acima de 300 milímetros, os três estados mais baixos não ultrapassaram os 200 milímetros nos últimos três meses. 

De acordo com o meteorologista, as condições acontecem por que há um bloqueio na atmosfera que impede a umidade da Amazônia desça e favoreça as condições de chuvas, além disso as águas do oceano estão mais quentes e também fazem com que os ventos mudem a direção dos sistemas de chuva. 

Veja o mapa de precipitação acumulada nos últimos três meses em todo o Brasil: 

Chuvas em todo o Brasil - Últimos 90 dias - 11/05 - Inmet
Pouca chuva na região sul do país: prejuízo para produção agrícola 
Fonte: Inmet

Daqui pra frente, segundo o especialista, começa a se desenhar um retorno de um La Niña, que favorece as chuvas no Norte e Nordeste do país, mantendo a irregularidade das chuvas no Centro-Sul do Brasil. Os modelos apontam ainda que o fenômeno deve passar a atuar com mais intensidade no segundo semestre de 2020. "Não é que não chova, vai chover, mas é aquela história, ainda acontece muito irregular e o padrão não deve mudar", afirma  Lazinski.

Os modelos do Inmet começam a apontar novas chuvas para a região Sul nos próximos dias, mas de novo de maneira muito rápido e sem atingir todo o estado. "Quando você tem uma frente fria típica ela passa, fica um ou dois dias nublados e chovendo, mas desde o Verão elas têm uma passagem muita rápida, como aconteceu no Rio Grande do Sul, e muito irregulares", destaca.

Quanto às temperaturas, a primeira geada do ano foi registrada na madrugada do dia 16 de abril, em uma plantação de feijão, mostrando que o frio chegou ainda mais cedo em 2020. Na semana passada, os três estados que compõem a região sul do Brasil tiveram novos episódios de frio intenso no início das manhãs e a expectativa, segundo Lazinski, é que as ondas de frio sejam ainda mais intensas neste ano. 

Geada em diferentes pontos de Pato Branco - 2
Frio chega mais cedo: Milho safrinha pode ser comprometido
 

Segundo Elmar Floss, doutor em Agronomia, especialista em fisiologia e nutrição de plantas, no caso de Santa Catarina e Paraná, os milhos que foram plantados mais cedo e que sofreram com a irregularidades de chuvas não terão nenhum alívio e as perdas nos dois estados, para esses casos, podem ser consideradas consolidadas. Nesta fase de desenvolvimento a planta precisa de, pelo menos, cerca de 7 milímetros de água por dia. "Ainda há déficit no Mato Grosso do Sul e Paraná. Essa chuva ameniza, mas não resolve, precisamos de mais lá na frente", destaca. 

Veja a previsão de precipitação prevista para as próximas 174 horas no sul do Brasil: 

174 horas - Inmet - 11/05
Fonte: Inmet 

Argentina tem exportação de grãos impactada por colapso de margem no rio Paraná

BUENOS AIRES (Reuters) - Navios transportando cargas no rio Paraná, vital para as exportações de grãos da Argentina, têm precisado reduzir sua capacidade depois que um colapso em uma das margens do manancial obstruiu o canal de navegação, disseram exportadores à Reuters.

Trabalhos de dragagem estão sendo realizados agora no Paraná, ao sul do complexo portuário de Rosário, para tentar restaurar a profundidade da água necessária ao tráfego das exportações, mas atualmente não há estimativa sobre quando as operações normais na importante via de grãos podem ser retomadas.

"Os navios não podem partir porque eles não têm margem de segurança adequada", disse à Reuters o gerente da Câmara de Portos e Atividades Marítimas, Guillermo Wade, acrescentando que as embarcações precisam reduzir o peso levado em cargas para poder passar.

"Um navio geralmente carrega cerca de 50 mil toneladas de grãos. Estamos falando de 11 mil toneladas a menor por navio", estimou ele.

A Argentina é o terceiro maior exportador global de soja e milho e o principal fornecedor de farelo de soja utilizado como ração para animais da Europa ao Sudeste Asiático.

Os problemas nos embarques da Argentina podem mudar os fluxos de comércio global, com importadores buscando fornecedores rivais como o Brasil e os Estados Unidos.

Cerca de 80% das exportações agrícolas e agroindustriais da Argentina são enviadas pela região de Rosario.

O nível da água no rio Paraná já saiu para uma mínima em 50 anos, prejudicando o tráfego das exportações e causando perdas de 244 milhões de dólares à indústria local nos últimos quatro meses.

O colapso na margem do rio exacerba uma situação já difícil para o setor exportador de grãos argentino, que está em meio ao pico da temporada de exportações de soja e seus derivados e de milho, disse o chefe da câmara local e exportadores e processadores de grãos (CIARA-CEC), Gustavo Idigoras.

"Aqueles navios que já estavam em carregamento nos 32 terminais naquela área estão levando ainda menos (cargas) do que já estavam antes", disse ele.

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

    De acordo com as últimas previsões do prof. Molion, La Niña somente em 2022...

    Considerando o retrospecto.., o professor vai acertar mais uma.

    Tomara!!!

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