Preço do frango vivo não chega a ser anormal; problema é o custo de produção
Na média do último quarto de século (25 anos decorridos entre 1995 e 2019), o preço alcançado pelo frango vivo nos cinco primeiros meses do ano ficou menos de meio por cento abaixo do valor médio do ano anterior. Ou seja: apresentou ligeira valorização no primeiro trimestre, mas a perdeu no bimestre abril/maio (quedas de, respectivamente, 3,8% e 5,3% em relação à média do ano anterior).
Em 2020 – nem é preciso dizer – o resultado se encontra bastante aquém da média sazonal. Pois, consideradas as cotações vigentes até os primeiros dias de maio, o valor registrado se encontra cerca de 6% abaixo da média de 2019, por ora inalcançada em nenhum momento do ano.
À primeira vista, porém, esse não é um resultado totalmente anormal, sobretudo se considerado que o setor já enfrentou momentos piores do que atual (o limite mínimo do gráfico abaixo aponta que no período já foram registrados preços entre 20% e 40% menores que a média do ano anterior). Então, onde está o problema do setor?
O problema, está claro, se concentra todo no custo de produção, excepcionalmente encarecido pelos preços do milho e do farelo de soja. O farelo, por exemplo, alcança no momento o maior patamar de preços de todos os tempos. E como o frango vivo se encontra em situação exatamente oposta, o poder de compra do avicultor também recua aos mais baixos níveis da história. No momento, uma tonelada de frango vivo adquire não mais que 1,7 tonelada de farelo de soja, volume 45% menor que o de um ano atrás (perto de 3,1 toneladas em maio de 2019).
É verdade que o milho, por seu turno, registrou pequeno recuo de preço de março para abril. Mas já entrou em maio com alguma valorização. E não alivia a situação do produtor avícola. O do frango, por exemplo, precisa, no momento, de um volume de aves vivas quase 75% maior que o de um ano atrás para adquirir a mesma quantidade de milho de então.
Aliás, considerado o valor efetivo recebido por grande parte dos produtores paulistas, a conclusão é a de que o poder de compra do milho se encontra num dos mais baixos patamares deste século.
Apesar dos pesares, não custa citar que (observando o gráfico abaixo), pela curva sazonal, no mês de maio são registrados os menores preços do exercício, a inflexão ocorrendo a partir de junho e permanecendo praticamente contínua até o final do ano. Ou seja: melhores tempos estão por vir. E não devem demorar.
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