Últimas chuvas aliviam lavouras do PR e MS apenas por uma semana: Milho já tem perdas de 30% e situação pode piorar
A rápida passagem de uma frente fria pelo sul do Brasil nesta semana levou novas chuvas para todos os estados que compõem a região, mas os volumes ainda são insuficientes para garantir que não haja uma grande quebra de produção do milho no Paraná e também no Mato Grosso do Sul. Em fase decisiva para o desenvolvimento de grãos, as chuvas que, segundo as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), devem ficar entre 20 e 40 milímetros nos dois estados, aliviam a condição de estiagem, mas há ainda a necessidade de mais água para garantir a produção.
Segundo Elmar Floss, doutor em Agronomia, especialista em fisiologia e nutrição de plantas, no caso de Santa Catarina e Paraná, os milhos que foram plantados mais cedo e que sofreram com a irregularidades de chuvas não terão nenhum alívio e as perdas nos dois estados, para esses casos, podem ser consideradas consolidadas. Já para os grãos que foram semeados de maneira tardia, em decorrência do atraso de chuvas e plantio na soja, ainda há chance de terem um desenvolvimento positivo se as chuvas passarem a ser mais regulares na região.
De acordo com o diretor do Sindicato Rural de Cascavel/PR, Modesto Félix Daga, esta é a pior estiagem na região desde a década de 1980 e já afeta não só o cereal, mas o nível dos rios e pastagens. A liderança comenta que a expectativa inicial era de que a safrinha tivesse média de produtividade entre 120 e 130 sacas por hectare para a colheita que deve começar em 15 de junho, mas já são registradas perdas consolidadas de, no mínimo, 30%.
>>> Cascavel/PR já perdeu 30% da produtividade esperada para o milho safrinha
Após a passagem dessa frente fria, as previsões mais recentes da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) indicam que toda a região sul do país passará por mais uma semana de estiagem nos próximos dias. Ainda de acordo com o modelo, a partir do dia 12 há previsão de novas chuvas. No período entre os dias 14 e 22 de maio, são esperadas precipitações acima de 60 milímetros tanto para o Paraná, como Mato Grosso do Sul e também Rio Grande do Sul.
Veja o mapa de previsão estendida para todo o Brasil:
Fonte: NOAA
"Onde choveu entre 40 e 50 mm tem umidade para mais uma semana, e se vier de novo essa chuva prevista para daqui uma semana, o cenário continua mais confortável", explica Floss. Ainda de acordo com o fisiologista, nesta fase de desenvolvimento a planta precisa de, pelo menos, cerca de 7 milímetros de água por dia. "Ainda há déficit no Mato Grosso do Sul e Paraná. Essa chuva ameniza, mas não resolve, precisamos de mais lá na frente", destaca. Vale lembrar que o desenvolvimento do milho ainda está nos 45 dias que são decisivos para produção.
Milho castigado pela estiagem em Nova Aurora (PR)
Rio Grande do Sul
A irregularidade das chuvas trouxe problemas irreversíveis para o produtor de soja do Rio Grande do Sul; a falta de chuva durante todo o desenvolvimento do grão e as temperaturas elevadas resultaram em perdas expressivas na produção na região. A falta de precipitações continua preocupando o produtor local, mas dessa vez o cenário é mais complicado para as pastagens, produção de leite e também para o trigo.
Segundo Floss, as chuvas dos últimos dias trouxeram um alívio ao produtor de leite que depende completamente das pastagens para garantir uma boa produção. Com a falta de chuvas e aumento da possibilidade de geadas, o produtor que não usou tecnologias para tentar minimizar os impactos pode ter resultados insatisfatórios e prejuízos no caixa nos próximos meses.
"Apesar de não ser uniforme, as chuvas foram boas para as pastagens porque realmente estávamos sofrendo muito com as chuvas abaixo da média", comenta. Ainda de acordo com especialista, relatos de produtores indicam que o estado estava produzindo cerca de 50% do potencial.
Para o trigo, segundo Floss, o cenário é mais positivo, tendo em vista que as culturas de inverno não necessitam de grande quantidade de água para ter pleno desenvolvimento. Tendo em vista, os volumes dos últimos dias, Floss destaca que se chover entre 40 e 60 mm por mês, a cultura consegue manter a produtividade sem maiores problemas. "Essas culturas precisam de tempo mais seco, mais luz e também de uma primavera mais seca e fria", explica.
As chuvas passam a ser mais necessárias entre 3 e 4 semanas após o grão ser semeado. A expectativa é que o plantio comece na segunda quinzena de maio na região de São Luiz Gonzaga/RS e entre junho e julho nas demais regiões produtoras do estado. "Precisamos então esperar essas chuvas da próxima semana para garantir que a semeadura aconteceça sem grandes interferências", finaliza.
Veja o mapa de previsão de novas chuvas para todo o Sul do país:
Fonte: Inmet
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