Geadas no RS: Produtor que não se preveniu pode perder pastagem e ter quebra no caixa

Publicado em 24/04/2020 15:57 e atualizado em 26/04/2020 12:35

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O produtor do Rio Grande do Sul, que já enfrentou problemas com a soja neste ano por conta da irregularidade de chuvas, agora também pode enfrentar problemas no setor pecuário e de laticínios também pela falta de chuvas, que pode gerar impactos negativos na pastagem da região. Com a falta de chuvas e aumento da possibilidade de geadas, o produtor que não usou tecnologias para tentar minimizar os impactos, pode ter resultados insatisfatórios e prejuízos nos caixas nos próximos meses. Além da região sul do país, os problemas também podem atingir a região Sudeste do país, segundo a Embrapa. 

Segundo Patrícia Menezes dos Santos, Embrapa Pecuária Sudeste, este período de transição entre as estações, quando o volume de chuva é ainda mais baixos e quando acontece a parada de produção de capim nas fazendas. "Todas as regiões do Brasil você tem o que a gente chama de estacionalidade de produção do capim, que produz mais nas épocas mais quentes e chuvosas", explica. 

A pesquisadora reforça ainda que é importante que o produtor faça um planejamento e conheça sua fazenda, focando principalmente que as condições climáticas mudam ano após ano e, conforme aconteceu em 2020, as pausas nas chuvas podem acontecer de maneira precoce em alguns pontos. "Quando não se planeja com antecedência, ele pode ter dificuldades para alimentar os animais nesta época", comenta. Afirma ainda que o ideal é que o produtor tenha em seu planejamento outras saídas como vedar o pasto, conservar a forragem e até mesmo suplementar os animais. No pior dos cenários, o produtor pode pensar em vender o animal antes do tamanho. 

A falta de planejamento, inclusive pode aumentar os custos de produção, trazendo mais problemas para enfrentar o período. "Ele pode não conseguir comprar alimentos em um preço interessante, pode ter dificuldade em alimentar o animal. Então ele vai ter uma dificuldade pra ilustrar de capim que tem na fazenda com o tamanho de rebanho que está lá", explica. 

As práticas adotadas para prevenção, segundo a pesquisadora, são varidas e é importante que o produtor tenha um técnico para ajudá-lo encontrar a melhor saída. "Isso depende da estrutura de cada fazenda, vai depender do que ele quer fazer, não tem uma recomendação universal", afirma. 

Segundo José Domingos Lemos Teixeira, coordenador do núcleo da Aprosoja-RS, a seca enfrentada esse ano pelo produtor do RS pode ser considerada a mais creuel da década. Neste momento, segundo Teixeira, o produtor de leite já começa a encontrar dificuldades e já trabalha com cerca de 40% de prejuízo, sem remuneração suficiente para ter lucros com a produção. O impacto da falta de chuvas no estado acontece diretamente na vegetação dos pastos e que acaba resultando também em uma acidez maior no leite. 

As geadas que são características para acontecer daqui em diante na região sul do país, também difcultam os trabalhos e danificam ainda mais as pastagens. Segundo a Matheus Manente, meteorologista da Oráculo Meteorologia, a partir de maio as previsões indicam que haverá um acontecimento maior de frente frias pelo Rio Grande do Sul,  e após a passagem dos sistemas episódios de geadas tendem a ser registrados. "Quando você tem geada complica e a situação é mais crítica, porque a geada seca o capim", afirma a pesquisadora. 

Segundo as previsões, após a passagem deste sistema frontal na primeira semana de Maio, uma nova onda de frio atinge o país. A tendência é que cada nova onda de frio seja mais intensa, e desta vez o frio será mais intenso do que o registrado na última onda de frio em Abril. "Esta massa de ar frio entra no país volta do dia 6, e na madrugada do dia 7 há possibilidade de temperaturas negativas serem registradas nas regiões serranas. Nas demais regiões as temperaturas mínimas podem girar em torno dos 5ºC, e podem causar geadas pontuais", destaca o meteorologista. 

A boa notícia para o produtor, é que a chegada de maio também pode trazer a volta das chuvas para todo o sul do país. Segundo Matheus, novos sistemas vão atuar na região e atá a primeira semana do próximo mês podem ser registradas chuvas de até 100 milímetros de precipitação. 

A tendência de chuvas mais frequentes proporciona um bom cenário para o crescimento das pastagens e forrageiras nos Estados do Sul. "O grande risco, nas próximas semanas e meses, se dá pela ocorrência de geadas pontuais, que pode fazer com que o pasto fique mais fibroso, com menor qualidade e menor quantidade, prejudicando a ingestão de nutrientes pelos animais", finaliza o meteorologista. 

Veja o mapa de previsão de temperaturas para a primeira semana de maio em todo o Brasil: Temperaturas primeiras semanas de maio - 24/04

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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