Algodão: NY lidera baixa entre commodities agrícolas e marca mínima em 12 anos. Preços cedem no BR também
Em uma dia de baixas generalizadas nas commodities nesta quarta-feira (1), os futuros do algodão negociados na Bolsa de Nova York lideraram as baixas entre as agrícolas e registram suas mínimas em 12 anos. A pressão maior vem dos desdobramentos da pandemia do coronavírus, que ameaçam o consumo com milhões de pessoas em isolamento social por todo o mundo.
As perdas entre os contratos mais negociados foram de mais de 4% somente neste pregão - ou de 480 a 580 pontos - levando a libra-peso a menos de 50 cents de dólar nos primeiros contratos, como o o maio e o julho, e algo próximo disso nas demais posições.
Segundo explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, o algodão é uma das commodities mais afetadas pela crise causada pela Covid-19, uma vez que é matéria-prima para itens que terão seu consumo bastante reduzido, principalmente em tempos de quarentenas gerais em todo o globo.
"Os preços do algodão não estão refletindo seus fundamentos de oferta e demanda, mas estão atrelados à ideia de queda no consumo de vestuário e calçados", diz Vanin. "A pressão vem da queda das ações de consumo", completa.
O gráfico a seguir, da Agrinvest, mostra as relações entre os futuros do algodão e as ações de consumo.
Segundo analistas internacionais, o mercado do algodão deverá sentir os efeitos também no longo prazo, já que as projeções indicam para uma recessão na economia global, podendo afetar toda a cadeia de consumo. A demanda mundial por algodão está em cerca de 118 milhões de fardos, uma baixa de 5 milhões de fardos em relação ao pico de 2017.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, as cotações também recuam diante da preocupação da demanda. O indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 2,38%, fechando a R$ 2,8414/lp na terça-feira, 31. No acumulado de março, a queda é de 2,88%.
"Vale ressaltar que, com o fechamento de lojas físicas de produtos não essenciais em diversas cidades, incluindo os shoppings, as demandas por fios e pelo algodão diminuíram significativamente. Do lado comprador, as indústrias consultadas pelo Cepea, que ainda estão operando, trabalham com a matéria-prima estocada – muitas reduziram o ritmo de produção. A maioria dos agentes segue adiando o recebimento, solicitando aumento no prazo de pagamento, ou até mesmo, cancelando os pedidos", explicam os pesquisadores do Cepea.
Açúcar bruto toca mínimas de contratos na ICE; café também recua
NOVA YORK/LONDRES (Reuters) - Os preços do açúcar bruto na ICE recuaram para os menores níveis em um ano e meio nesta quarta-feira, com os vencimentos para maio e julho atingindo mínimas de contrato, diante de temores de que a pandemia de coronavírus afetará a demanda e de apostas de que a queda nos preços do petróleo fará com que usinas de cana do Brasil produzam mais açúcar e menos etanol.
O café também caiu, acompanhando a maior parte das commodities.
AÇÚCAR
* O contrato maio do açúcar bruto fechou em queda de 0,38 centavo de dólar, ou 3,6%, a 10,04 centavos de dólar por libra-peso, menor nível desde setembro de 2018.
* "O açúcar parece ser o que mais sofre com a crise global, mais do que qualquer outra commodity agrícola", disse um operador. Ele citou o "golpe duplo" da expectativa de redução na demanda global e do aumento de produção no Brasil, o que reduz as chances de um novo déficit em 2020/21.
* O açúcar também é pressionado pelo enfraquecimento do real, o que tende a fazer com que exportadores brasileiros vendam commodities precificadas em dólar, uma vez que os retornos aumentam nos termos da moeda local.
* "Nós estamos neste momento sob a influência de preços mais baixos do petróleo e do enfraquecimento do real ante o dólar para cerca de 5,25, o que parece estar encorajando os vendedores a voltar ao mercado, com sinais de precificação por produtores no curto prazo, antes de o contrato maio expirar no final deste mês", disse Jon Whybrow, analista da trading Czarnikow.
* O açúcar branco para maio recuou 11,10 dólares, ou 3,1%, para 342 dólares por tonelada, embora as perdas tenham sido limitadas pela disrupção das exportações e cadeias de oferta devido ao "lockdown" na Índia, levando consumidores a formar estoque.
CAFÉ
* O contrato maio do café arábica fechou em queda de 3,55 centavos de dólar, ou 3%, a 1,16 dólar por libra-peso, com o mercado se ajustando depois de avançar quase 10% no mês passado, sendo uma das poucas commodities do mundo a fazê-lo.
* Os estoques certificados pela ICE continuam em queda, recuando para 1,98 milhão de sacas, menor nível em quase dois anos, o que indica forte demanda em um momento em que torrefadoras formam estoques do grão temendo interrupções às cadeias de oferta.
* O café robusta para maio recuou 15 dólares, ou 1,3%, para 1.171 dólares por tonelada.
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