Safra 2019/20 de soja tem uma das maiores margens brutas dos últimos 10 anos
O mercado da soja na Bolsa de Chicago voltou a operar com estabilidade e assim encerrou os negócios desta quinta-feira (26) e fechou com oscilações bastante tímidas. "Temos muitas limitações para o mercado ainda", diz o Diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo. "Foi um dia de ajuste dos preços hoje", completou.
Os traders continuam acompanhando as questões ligadas aos desdobramentos da pandemia do coronavírus - como uma baixa de 7% no petróleo, por exemplo - as expectativas sobre a economia mundial e suas possibilidades de recuperação, ao mesmo tempo em que começa a se alinhar diante das expectativas para a nova safra de grãos dos EUA, e a possibilidade de uma menor área destinada à soja em detrimento do milho.
Na contramão, uma demanda melhor e um pouco mais presente nos EUA, por parte da China, ajuda a equilibrar o mercado e a trazer alguma sustentação á cotações no mercado internacional, ainda como explica Cogo.
"A demanda da China é consistente, por grãos e carnes, e deve comprar cerca de 10% a mais, em tonelagem, de soja do que comprou no ano passado", diz o analista.
MERCADO BRASILEIRO
Todavia, Cogo reafirma que as compras chinesas se mantêm concentradas no Brasil e que o atual momento permanece sendo muito oportuno ao produtor brasileiro. "Toda a desvalorização do real se transferiu para dentro do preço da soja, mais um prêmio positivo no porto e uma cotação futura que parou de cair, levou a soja à casa dos R$ 100,00 e o produtor está muito satisfeito", explica.
Assim, tendo vendido dois terços da safra atual e cerca de um quinto da safra nova - e já tendo adquirido boa parte de seus insumos - o produtor brasileiro agora estuda como irá comercializar o saldo restante da temporada 2019/20.
Como relata Carlos Cogo, o produtor brasileiro de soja vem registrando suas melhores margens brutas, diante deste cenário, dos últimos dez anos. A média do dólar na construção dos custos de produção da safra atual, afinal, foi de R$ 3,91, bem distante dos atuais patamares.
Transporte de soja segue forte apesar de desafios por vírus, diz Sotran Logística
SÃO PAULO (Reuters) - O transporte de grãos por caminhões se mantém forte, com o país escoando uma safra recorde de soja, apesar de alguns desafios impostos pelo coronavírus, como o fechamento de restaurantes e borracharias nas estradas, o que atrapalha a vida dos caminhoneiros, disse o co-presidente-executivo da Sotran Logística, Charlie Conner, nesta quinta-feira.
A companhia, líder na contratação de transporte rodoviário de cargas de grãos no Brasil, com expectativa de transportar mais de 16 milhões de toneladas em 2020, disse que neste momento em que o câmbio está perto de máximas históricas, favorecendo os preços em reais da soja, os "clientes querem limpar os silos".
"Diferente do resto da economia, o que está acontecendo no agronegócio é que está bombando, o coronavírus pegou em momento de pico de safra, de safra recorde, volumes muito altos... e o câmbio continuou subindo", disse Conner, observando que o transporte de soja para os portos não parou.
"A demanda da companhia para março está 30% acima da do ano passado, e abril deve ser 40% acima do ano passado... está rodando ao máximo", disse ele, lembrando que esses percentuais da empresa se devem muito mais aos investimentos para ampliar sua plataforma digital de contratação de fretes, por meio do aplicativo TMOV.
Ele admitiu, contudo, que "o campo está rodando, porém a situação de logística está um pouco vulnerável", em meio ao avanço do coronavírus, uma vez que muitos estabelecimentos, como restaurantes nas cidades por onde passam os motoristas estão fechados, em função das medidas para combater a doença.
"É uma preocupação importante... esses serviços são necessários, isso impacta muito a vida do cidadão, é ruim ter uma longa jornada e não poder sentar e comer...", disse ele, ressaltando que a Sotran está conversando com parceiros para ofertar álcool gel e lanches aos motoristas.
Entre outros efeitos do coronavírus, ele disse que alguns motoristas mais idosos, que estão no grupo de risco para doença, deixaram de trabalhar.
Ele afirmou também que algumas empresas de transportes menores, com menos capital de giro, estão enfrentando problemas, uma vez que alguns clientes estão demorando mais tempo para pagar, impactados pelas medidas contra a doença.
Esses e outros fatores, aliás, estão por trás de uma queda expressiva no volume transportado de cargas gerais no Brasil, apontou nesta quinta-feira uma pesquisa da associação de empresas de transporte NTC&Logística. O indicador da entidade apontou queda de 26%, ainda que o transporte de soja esteja registrando bem menos problemas que outros setores.
Nesta quinta-feira, a indústria do trigo reportou problemas para a entrega de farinha aos clientes, devido à descoordenação entre ações federais, estaduais e municipais de combate ao coronavírus, o que tem criado gargalos para o transporte de mercadorias.
Uma reunião do setor com o governo prevista para sexta-feira em Brasília deverá discutir o assunto. Enquanto isso, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar normas editadas por Estados e municípios que determinaram o fechamento de fronteiras locais como forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A Sotran, que conecta em tempo real caminhoneiros e grandes tradings de grãos, avalia ainda que o serviço digital da empresa oferece uma vantagem neste momento em que as pessoas têm evitado o contato social, como medida preventiva à doença.
(Por Roberto Samora)
Processadores de soja da China temem escassez de oferta por medidas contra coronavírus
PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - Processadoras chinesas de soja temem que o avanço do coronavírus por grandes países exportadores possam levar a uma nova escassez de oferta, com algumas plantas na maior compradora global da oleaginosa tendo de desacelerar operações, disseram traders e fontes do setor.
Grandes produtores do grão, Brasil e Argentina já alertaram para possíveis atrasos no transporte do produto aos terminais portuários devido às restrições para contenção do coronavírus.
As medidas ocorrem depois de atrasos de embarques no Brasil por causa de chuvas no final de fevereiro contribuírem para que os estoques chineses atingissem mínimas recordes.
As margens de esmagamento em Rizhao, na província de Shandong, importante área de processamento e importação de soja no norte da China, dispararam nas últimas duas semanas, atingindo 360 iuanes (50,73 dólares) por tonelada, maior nível em oito anos.
"Estou preocupado com as logísticas (em países exportadores). Se alguma coisa der errado, nós teremos grandes problemas", disse à Reuters o diretor de uma planta de processamento no sul da China.
A unidade está operando apenas uma de suas duas linhas de esmagamento por causa da escassez de grãos, após um carregamento que era aguardado ser adiado por pelo menos uma semana.
"As margens estão muito boas no momento. Uma vez que os grãos chegarem, nós teremos de esmagar em capacidade máxima", acrescentou o diretor, que pediu para não ser identificado por não ter autorização para falar com a imprensa.
A exportação de soja do Brasil, maior exportador global, ganhou ritmo na última semana, com embarques caminhando para superar o volume registrado no mesmo mês do ano passado.
Os estoques de soja na China recuaram fortemente na semana até 23 de março, atingindo os menores níveis desde agosto de 2010, a 3,316 milhões de toneladas. Os estoques de farelo de soja também bateram mínima de dez anos, a 325.700 toneladas.
"Há um mês, nossas plantas estavam implorando para que clientes comprassem produtos, com a demanda estável e o surto de coronavírus no pico. Agora, as posições se inverteram completamente. Temos uma escassez de produtos, e os clientes estão formando fila e implorando para receber farelo", disse uma fonte de uma importante processadora e trading.
Sindicato de trabalhadores portuários da Argentina pede que presidente suspenda embarques
BUENOS AIRES (Reuters) - Um sindicato de trabalhadores portuários da Argentina pediu nesta quinta-feira que o presidente Alberto Fernández suspenda por 15 dias as atividades portuárias do país, grande fornecedor global de alimentos, para evitar a expansão do coronavírus.
Os membros do sindicato de recebedores de grãos Urgara da Argentina, onde até este momento eram contabilizados 502 casos confirmados e oito mortes por coronavírus, são trabalhadores técnicos fundamentais, que analisam os porões dos navios e os grãos que são embarcados.
"Pedimos encarecidamente que todas as operações e suprimentos portuários no nosso país sejam suspensas por 15 dias, pois consideramos que não é uma atividade essencial neste momento de emergência sanitária que lamentavelmente vivemos", escreveu Pablo Palacio, secretário-geral da Urgara, em carta enviada a Fernández e divulgada em comunicado.
Fernández determinou na semana passada um isolamento social preventivo e obrigatório até 31 de março, na tentativa de frear a propagação do coronavírus.
No entanto, o decreto apontou que estão isentas da quarentena pessoas ligadas a "atividades vinculadas à produção, distribuição e comercialização agropecuária" e a "atividades inadiáveis vinculadas ao comércio exterior".
A Reuters entrou em contato com o governo argentino, que não possuía comentário imediato a respeito da nota.
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Terminal no porto de Rosario, Argentina 31/01/2017
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Restrições na Argentina podem favorecer farelo de soja do Brasil, diz Caramuru
SÃO PAULO (Reuters) - As medidas de prevenção contra o coronavírus adotadas pela Argentina, que restringiram a logística, podem afetar o transporte de soja e seus subprodutos naquele país e, consequentemente, favorecer Brasil nas exportações de farelo de soja, estimou a Caramuru Alimentos.
"A Argentina está com restrições (de transporte) muito maiores do que as nossas, e isso pode nos beneficiar na exportação (de farelo de soja) porque somos concorrentes diretos e eles são os maiores exportadores do mundo nesse setor", afirmou à Reuters o diretor comercial da Caramuru, Fábio Vieira Júnior.
A companhia, que entre as empresas de capital brasileiro é a maior processadora de grãos, avalia os impactos da crise do coronavírus sobre a cadeia como um todo, mas em uma perspectiva preliminar acredita que o Brasil tende a ser beneficiado pelo cenário argentino, ressaltou Viera Júnior.
Nas próximas semanas, a Caramuru deve ficar atenta ao comportamento da demanda para verificar se esta tendência foi confirmada, acrescentou o diretor.
De acordo com a câmara de exportadores CIARA-CEC da Argentina, que representa companhias globais incluindo Bunge e Dreyfus, as entregas de grãos de soja por caminhões a plantas de processamento têm sofrido severa interrupção, pois mais de 70 municípios pelo país estão adotando medidas contra o coronavírus que envolvem o controle da movimentação da produção agrícola por suas jurisdições. [nL1N2BI0E2]
Paralelamente, uma organização de trabalhadores portuários da Argentina pediu nesta quinta-feira ao governo do país que suspenda por 15 dias as atividades portuárias na nação, principal exportadora global de farelo de soja, para evitar o avanço do coronavírus.[nL1N2BJ20J]
André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), afirmou em nota que ainda é cedo para tratar sobre o tema, pois as condições de produção e exportação de derivados de soja dependem de diversos fatores.
"Não apenas do comportamento da Argentina como exportador, mas também da Europa como consumidor --e a crise do coronavírus está lá agora--, e de fatores domésticos como demanda por farelo no mercado de carnes, além de biodiesel no mercado de combustíveis".
CENÁRIO PROMISSOR
Apesar das incertezas econômicas presentes no mercado brasileiro, o vice-presidente da Caramuru, César Borges, afirmou à Reuters que a perspectiva para a companhia continua positiva.
A demanda interna por farelo, vinda da indústria de carnes, e por biodiesel devem se manter firmes e a valorização do dólar ante o real, aliada ao patamar de preços das commodities em Chicago, formam uma conjuntura ainda melhor que a de 2019 para a empresa, explicou Borges.
"No ano passado, crescemos de 3% a 5% em faturamento, para 4 bilhões de reais. Agora devemos encostar em 4,5 bilhões de reais."
"Somos muito dependentes dos preços em Chicago e do dólar, que vem batendo máximas históricas. Nosso negócio andou redondo (quanto à demanda interna e preços) e com margem muito boa."
A Caramuru processa derivados de soja, milho, girassol, canola; exporta grãos e derivados; produz biodiesel e opera terminais portuários em Santos (SP), Tubarão (SC), Itaituba (PA), Santana (AP), além de contar com uma rede de 67 armazéns.
A capacidade diária de processamento de soja é de 6.500 toneladas e a de milho, 1.600 toneladas.
Até o momento, a empresa mantém as operações em todas as unidades e não há previsão de suspensões no curto prazo.
Segundo o presidente, a entrega de matéria-prima ocorre normalmente e medidas de segurança contra o coronavírus estão sendo tomadas, como o trabalho em home office para os funcionários das áreas administrativas.
1 comentário
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elcio sakai vianópolis - GO
Essa margem média é como referencia a um produtor dono da terra ou a um arrendatário? Pois eu, sendo um arrendatário, com uma suposta produção de 60 sc/ha e com uma margem bruta de 27%, pois estou no cerrado, teria um custo de 43,8 sacas por hectare, pelas suas contas. Devo ser um péssimo empresário rural, pois meus custos sempre ficam entorno 47 a 48 sacas de soja por hectare, isso porque não coloco nessa conta a depreciação dos meus equipamentos. Tabelas da "IFAG SENAR" tirando as depreciações de infraestrutura e maquinários, mostram um custo pro dono da terra de 37,3 sc/ha e pra um arrendatário com um custo de 47,3 sc/ha. Carlos Cogo, essa sua margem média é pra qual tipo de produtor?... Usar um meio termo, que não vale, nem pra um tipo e muito menos pra outro, é complicado. Torço pra que nas próximas entrevistas detalhem melhor as duas situações, pois dono de terra e arrendador são dois mundos completamente diferentes, apesar de estar no mesmo ramo de atividade.